[pt] Este trabalho objetiva investigar a relação entre as identidades que os manifestantes das Jornadas de Junho de 2013, no Rio de Janeiro, reivindicam para si e os episódios de violência policial ocorridos durante os protestos. Tais episódios se iniciaram após o aumento da tarifa de transporte. Com a intensa repressão da polícia, as manifestações ganharam expressiva adesão popular e houve uma diversificação das reivindicações. Compreendemos essas manifestações como parte dos movimentos que se espalharam pelo mundo a partir de 2011, tendo a crise da representatividade como importante motivação para a indignação (Castells, 2013). Este estudo se alinha à Análise de Narrativa (Bastos 2005; Bastos e Biar, 2015) e à metodologia qualitativa interpretativista de pesquisa (Denzin e Lincoln, 2000), com uma dimensão autoetnográfica (Reed-Danahay, 2001). Os dados foram gerados com entrevistas em profundidade com dois manifestantes presentes nas principais atividades de ocupação do espaço público no período. Partindo do modelo laboviano, identificamos as narrativas e os elementos que os manifestantes tornam relevantes nas avaliações que fazem sobre personagens e ações narradas. Concebendo a narrativa como forma de organização da experiência (Bruner, 1973), a análise foi orientada pela visão socioconstrucionista do discurso e das identidades (Moita Lopes, 2003). Na análise, percebemos que os manifestantes constroem suas identidades partindo do sentido que atribuem à violência policial em suas narrativas. Nesse processo, reivindicam identidades que os projetam numa luz favorável. Concebemos essa violência como choque moral (Jasper, 1997) que produziu indignação para além do aumento da tarifa e levou mais indivíduos, inclusive os nossos entrevistados, a participar das manifestações em junho de 2013. / [en] This study aims to investigate the relationship between the identities of the protesters of the Jornadas de Junho in Rio de Janeiro claim for themselves and episodes of police violence that occurred during the protests. Such episodes began after the increase of the transport levy. With the intense repression of the police, the protests have gained significant popular support and the claims became diversified. We understand these protests as part of the movements that have spread across the world since 2011, taking the crisis of representation as an important motivation to indignation (Castells, 2013) This study aligns itself with the Narrative Analysis (Bastos 2005; Bastos and Biar 2015) and interpretative qualitative research methodology (Denzin and Lincoln, 2000), with a autoethnography dimension (Reed-Danahay, 2001). The data were generated from in-depth interviews with two protesters present in the occupation of public spaces in the period. Starting from the labovian model we identified the narratives and the elements that protesters made relevant in their assessments about characters and narrated actions. Conceiving the narrative as a way of organizing the experience (Bruner, 1973), the analysis was guided by social constructionist view of discourse and identities (Moita Lopes, 2003). In the analysis, we noticed that protesters construct their identities starting from the meaning attached by then to the police violence in the narratives. In the process, claim identities that show then in a favorable light. We conceive this violence as moral shock (Jasper, 1997) which produced outrage beyond the tariff increase and took more individuals, including our respondents to participate in the protests of June.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:25719 |
Date | 03 February 2016 |
Creators | ETYELLE PINHEIRO DE ARAUJO |
Contributors | LILIANA CABRAL BASTOS |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
Page generated in 0.0139 seconds