Introdução: O Programa Bolsa Família é a principal estratégia brasileira para amenizar a pobreza e vulnerabilidade social, com diferentes impactos na vida dos beneficiários. O aumento da renda, em função do benefício, poderia trazer resultados positivos na alimentação, uma vez que possibilitam uma maior diversidade da dieta. Porém, poderia trazer resultados negativos como a ingestão excessiva de energia e consequente aumento da adiposidade. As avaliações dos impactos do programa em termos de obesidade e massa gorda de crianças são inexistentes. Objetivo: Avaliar o impacto do Programa Bolsa Família no estado nutricional (IMC/idade) e na composição corporal aos 6 anos de idade entre as crianças da Coorte de Nascimentos de Pelotas (RS), 2004. Métodos: Os dados foram provenientes da integração dos bancos da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2004 e do Cadastro Único do Governo Federal. Foi realizada análise descritiva da cobertura e focalização do programa, com informações do nascimento e dos 6 anos de idade (n=4231). Considerou-se focalização o percentual de elegíveis entre o total de beneficiários e cobertura o percentual de famílias elegíveis que são beneficiárias do programa. Nos modelos de impacto (n=3446), as exposições principais foram o recebimento do benefício: beneficiário em 2010, no período de 2004-2010; o valor médio mensal recebido e o tempo de recebimento. Foram gerados modelos de regressão linear para os desfechos score-Z do índice de massa corporal por idade (IMC/I), percentual e índice de massa gorda (IMG), e percentual e índice de massa livre de gordura (IMLG); e de Poisson, com ajuste robusto, para o desfecho obesidade (score-Z IMC/I 2), todos estratificados por sexo. As informações antropométricas e de composição corporal (BOD POD) foram obtidas do acompanhamento aos 6-7 anos de idade. Potenciais fatores de confusão foram identificados por modelo hierárquico e por um diagrama causal (DAG). Para analisar os impactos foram usadas como medidas de efeito a diferença de médias na regressão linear múltipla (IMC/I, por cento MG, IMG, por cento MLG e IMLG, variáveis contínuas) e a razão de prevalência (obesidade, variável binária). Para permanecer no modelo, considerou-se valor p0,20. A análise dos dados foi realizada por meio do software STATA. Resultados: Entre 2004-2010, a proporção de famílias beneficiárias na coorte aumentou (11 por cento para 34 por cento ) enquanto, de acordo com a renda familiar, a proporção de famílias elegíveis diminui (29 por cento para 16 por cento ). No mesmo período, a cobertura do programa aumentou tanto pela renda familiar quanto pelo IEN. Já a focalização caiu de 78 por cento para 32 por cento de acordo com a renda familiar e, de acordo com o IEN, manteve-se em 37 por cento . A média (não ajustada) de IMC e de MG dos não beneficiários foi superior a dos não beneficiários tanto em meninos quanto em meninas. Meninos do 3º tercil de valor per capita recebido e meninas com menos de 7 meses de benefício em 2010 tiveram IMC maior do que, respectivamente, aqueles dos demais tercis e daquelas com mais de 7 meses de benefício em 2010; esse padrão foi semelhante para obesidade. Meninas não beneficiárias tiveram MG maior do que as beneficiárias e superior também aos meninos, independente de ser beneficiário ou não. Em relação à MLG observou-se um comportamento contrário, no qual meninas beneficiárias tiveram maior MLG, quando comparadas com meninas não beneficiárias e, meninos quando comparados com meninas. Nos modelos de regressão ajustados, não houve diferença significativa entre beneficiários e não beneficiários em nenhum desfecho. Conclusões: De acordo com os resultados, as famílias que receberam maiores valores per capita parecem incluir crianças com maior média de IMC. O programa, nessa análise, parece não ter impacto sobre a composição corporal das crianças, nem em termos de massa gorda, tampouco em termos de massa livre de gordura. / Introduction: the Bolsa Família Program (BFP) is the main Brazilian strategy to alleviate poverty and social vulnerability, with different impacts on the lives of beneficiaries. The increase of income, depending on the benefit, could bring positive results in food consumption, since enable greater dietary diversity. However, it could bring negative results as excessive intake of energy and consequent increased adiposity. The evaluations of the impacts of the program in terms of obesity and fat mass of children are nonexistent. Objective: to evaluate the impact of BFP in nutritional status (BMI/A) and body composition to 6 years of age among children of the Cohort of Births of Pelotas (RS), 2004. Methods: data were obtained from the integration of the banks of the cohort of births of 2004 pellets and Single Record of the Federal Government. Descriptive analysis was performed of the coverage and focus of the program, with information of birth and 6 years of age (n=4231). Effect models (n=3446), the main exhibition were the approaches of the receipt of the benefit: beneficiary in 2010, in the 2004-2010 period; average monthly value and time of receipt. Linear regression models were generated for the Z-score outcomes of the body mass index for age illness (BMI/A), percentage and fat mass index (FMI), and percentage and fat-free mass index (FFMI); and Poisson, with robust adjustment for obesity outcome (score-Z BMI/A 2), all stratified by sex. The information and measurements of body composition (BOD POD) were obtained from monitoring to 6-7 years of age. Potential confounding factors were identified by hierarchical model and a causal diagram (DAG). The measures used were the average difference in multiple linear regressions (BMI/A, FM, FMI, FFM, FFMI, continuous variables) and the ratio of prevalence (obesity, binary variable). To stay at the model considered value p 0.20. Data analysis was performed using STATA software. Results: Between 2004-2010, the proportion of recipient families has increased (11 per cent to 34 per cent ); by family income eligible families number decreases (29 per cent to 16 per cent ). The coverage of the program increased both by family income as by IEN. The focus fell from 78 per cent to 32 per cent (household income) and remained at 37 per cent (IEN). The average (not adjusted) of BMI and FM of non-beneficiaries was higher in boys and girls. Boys of 3 tercil per capita value received and girls under the age of 7 months of 2010 had BMI greater benefit; this pattern was similar for obesity. Non-beneficiary girls had FM larger than the beneficiary and also higher than the boys, regardless of whether or not the beneficiary. Regarding the FFM observed a contrary behavior, in which beneficiaries girls had higher FFM, compared to non-beneficiary girls and boys compared to girls. In adjusted regression models, there was no significant difference between beneficiaries and non-beneficiaries in any outcome. Conclusions: there is evidence that the families who received largest per capita values include children with a higher average BMI. Although children beneficiaries have indexes under fat mass, the generated models showed that the program also has no effect on the fatfree mass.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-09032016-141700 |
Date | 19 February 2016 |
Creators | Schmidt, Kelen Heinrich |
Contributors | Barros, Aluisio Jardim Dornellas de |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Tese de Doutorado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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