Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Antropologia social / Made available in DSpace on 2012-10-25T22:16:58Z (GMT). No. of bitstreams: 1
299848.pdf: 8566684 bytes, checksum: 45e92bcde20339c4c09e4aa4b21b70c4 (MD5) / Este estudo trata das formas pelas quais os índios Guarani sentem, conhecem e aprendem expresso pela noção de arandu, uma forma de conhecimento sensível que permite a capacidade de #sentir o tempo-espaço ao longo da experiência no clima-mundo#. Tomando o substantivo nhembo.ea, #fazer-se em palavras#, é interpretado como os processos de aprendizagem e a circulação de saberes que é praticada entre os Guarani como uma forma de rezo-oração. Eu convivi com a família de um casal de xamãs (karai) no aldeamento Tekoa Y.. Morotch. Vera (TI Mbiguaçu/SC). O fio condutor metodológico, guiado pelo termo oguerodjera, #criar-se a si mesmo no curso da própria evolução#, foi experienciar o arandu através da participação sensorial. Na primeira parte do estudo verso sobre a presença Guarani no litoral catarinense, especialmente da ocupação de famílias Chiripá e Pa. no sul do Brasil desde o final do século XIX. Apresento um histórico da família estudada e sua iniciativa pela proteção e salvaguarda do patrimônio cultural da etnia. Relaciono esta atividade ao papel histórico do xamã entre os Guarani como líder político e religioso da família, na qual atua como nucleador de resistência da identidade grupal. Na segunda parte, sistematizo minha experiência no arandu com notas sobre a cosmologia solar e o sistema de atribuição das #almas-nome# enquanto categorias construtoras da noção de pessoa na qual nomos e cosmos são co-extensivos. A organização cosmo-espacial é explorada por meio da liderança do casal de xamãs nas atividades cotidianas e nas práticas agrícolas da aldeia. A realização dos cultivos de plantas e as relações familiares possuem um ideal de afecção e conduta regido pelo amor (mborayu), que por sua vez nutre o poder xamânico (py.a-guatchu), permitindo aos karai a reparação da ordem cosmo-social e a condução das curas. Descrevo as cerimônias religiosas e discuto o seu papel sócio-educativo entre os Chiripá, apontando que os processos terapêuticos que estão associados às curas por benzimentos xamânicos, que visam à manutenção do bem-estar psico-social do grupo. Xamanismo é o desenvolvimento de uma faculdade humana que potencializa a afetividade nas relações sociais e se expressa na atividade ritual da comunidade, constituindo o fundamento do arandu nhembo.ea praticado pelo casal de xamãs / This study deals with the ways in which the Guarani Indians feel, know and learn, expressed by the notion of arandu, a form of sensorial knowledge that concerns the ability to "feel time-space along experience in the weather-world ". The noun nhembo'ea, "creating through words#, is interpreted as the processes of learning and circulation of knowledge that is practiced by the Guarani as a kind of prayer or oration. I lived with the family of a shaman couple in the settlement Tekoa Y'. Morotch. Vera (TI Mbiguaçu / SC - Brazil). My methodological approach, guided by the term oguerodjera, "to construct yourself in the course of your evolution", was to experience arandu through sensorial participation. The first part of the study deals with the Guarani presence on the coast of Santa Catarina, focusing on the occupation of Chiripá and Pa. families in southern Brazil since the late nineteenth century. I present the history of the family of Mbiguaçu and their initiatives to protect and safeguard their cultural heritage. I relate their efforts to the historic role of the Guarani shaman as a political and religious leader of the family, in which the shaman acts as nucleus of resistance of the group.s identity. In the second part, I systematize my experience in arandu with reference to the solar cosmology and the system for the allocation of "soul-name" as they pertain to the construction of the notion of person in which nomos and cosmos are co-extensive. The cosmic-spatial organization is explored through the leadership of the shamanic couple in daily activities and agricultural practices of the village. The cultivation of plants and family relations contain the ideal of affection and conduct governed by love (mborayu), which in turn nourishes shamanic power (py'a-guatchu) enabling the karai (shaman) to repair the cosmic-social order and conduct curing. The religious ceremonies and their social and educational role among the Chiripá are described, noting that the therapeutic processes associated with shamanic blessings aim to maintain the psychosocial well being of group. Shamanism is the development of a human faculty that enhances affectivity in social relationships and is expressed in ritual activity, constituting the foundation of the arandu nhembo'ea practiced by the shamanic couple
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/95204 |
Date | January 2011 |
Creators | Oliveira, Diogo de |
Contributors | Universidade Federal de Santa Catarina, Langdon, Esther Jean |
Publisher | Florianópolis, SC |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis |
Format | 1 v.| il. |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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