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Estudo parasitológico e histopatológico da infecção esquistossomótica em animais adultos cujas mães foram desnutridas na lactação / Parasitological and histopathological study of schistosome infection in adult animals whose mothers were malnoutrished during lactation

Estudos mostram uma grande associação entre alterações nutricionais, hormonais ou ambientais durante períodos críticos da vida, como a gestação e lactação, e o surgimento de doenças crônicas na vida adulta tais como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, decorrentes de alterações fisio-adaptativas do organismo. Esse fenômeno biológico é denominado programação metabólica. No presente trabalho, avaliamos a resposta parasitológica e histopatológica, durante a fase aguda da infecção, em camundongos adultos infectados com Schistosoma mansoni no modelo de programação pela desnutrição materna na lactação. Ao nascimento da ninhada, as lactantes foram divididas em: (C) controle - livre acesso a ração normal com 23% de proteína; (RP) restrição protéica - livre acesso a dieta com 8% de proteína; (RC) restrição calórica - acesso restrito à ração controle, cuja quantidade foi calculada de acordo com a ingestão do grupo RP. A restrição alimentar foi mantida até o final da lactação. Pós-desmame, todos os filhotes tiveram livre acesso à ração. A infecção das proles de 60 dias de idade foi por via transcutânea com 50 cercárias (cepa BH). O sacrifício ocorreu após 9 semanas de infecção (120 dias de vida). Avaliamos ingestão alimentar, peso e composição corporais, massa tecidual, hormônios séricos, além de morfometria, concentração de colágeno e a resposta inflamatória celular dos granulomas hepáticos. Nos vermes adultos recuperados avaliamos a infectividade e a morfologia do sistema reprodutor e tegumento. No estudo parasitológico foi avaliado o número de ovos eliminados nas fezes e o percentual de estágios evolutivos (oograma). A desnutrição materna pós-natal programou a prole RP para menor ganho de peso e hipofagia e a prole RC para sobrepeso e hiperfagia. O período pré-patente foi mais longo (45 dias) em ambas as proles programadas. Aos 55 dias de infecção com S mansoni, o grupo RP apresentou maior número de ovos nas fezes. Este grupo apresentou maior número de ovos totais nas porções intestinais e fezes, assim como aumento de ovos em todos os estágios evolutivos. Observamos que os vermes machos e fêmeas obtidos das proles RC e RP apresentaram alterações no sistema reprodutor e na estrutura do tegumento. O grupo RP infectado apresentou maior grau de lesão hepática provocada pelo número aumentado de áreas alteradas pelo estágio pré-granulomatoso classificado por exsudativo, menor capacidade de produção de colágeno e maior manifestação inflamatória, caracterizando uma deficiência na modulação do processo inflamatório. Já o grupo RC mostrou menor número de granulomas hepáticos, maior produção de colágeno e vários hepatócitos binucleados, portanto, apresentando melhores condições para modular a resposta inflamatória e melhor capacidade de regeneração hepática diante da presença de lesão, apresentando uma relação parasito-hospedeiro mais equilibrada. O conjunto dos nossos achados sugere que a desnutrição neonatal programou o estado metabólico do hospedeiro repercutindo na evolução da esquistossomose, onde o grupo RC apresentou maior habilidade na modulação da resposta inflamatória e o grupo RP exibiu fragilidades nesta complexa, mas fascinante, relação parasito-hospedeiro. Assim, a programação pela desnutrição materna na lactação afeta a evolução da esquistossomose murina experimental. / Studies have shown a strong association between nutritional, hormonal or environmental changes during critical periods of life, as pregnancy and lactation, and chronic diseases in adult life such as obesity, diabetes and cardiovascular disease, due to body physiological adaptive changes. This biological phenomenon is called metabolic programming. In the present study, we evaluated parasitological behavior and histopathological response during the acute phase of infection in adult mice infected with Schistosoma mansoni in the programming model by maternal malnutrition during lactation. At birth, mothers were divided into: (C) control - free access to normal diet with 23% protein, (PR) protein restriction - free access to diet with 8% protein, (CR) caloric restriction - restricted access to C diet, the amount was calculated according to the PR group intake. Malnutrition was maintained until the end of lactation. Post-weaning, all pups had free access to food. At 60 days-old, offspring was infected percutaneous with 50 cercariae (BH strain). Offspring were killed after 9 weeks of infection (120 days). We evaluated food intake, body weight and body composition, tissue mass, serum hormones, and morphometry, collagen concentration and cellular inflammatory response of the liver granulomas. In adult worms recovered, we analysed infectivity and the morphology of the reproductive system and tegument. The parasitological parameters were assayed by the number of eggs in the stool and the percent of evolutive stages (oogram pattern). Postnatal maternal malnutrition programs PR offspring for lower weight gain and hypophagia and CR offspring for overweight and hyperphagia. The prepatent period was longer (45 days) in both programmed offspring. At 55 days of infection with S. mansoni, PR group had higher number of eggs in the feces. This group had higher number of eggs in feces and intestinal parts as well as higher eggs in all stages of development. We found that male and female worms obtained from the PR and CR offspring showed changes in the reproductive system and structure of the tegument. PR-infected group showed a higher degree of liver damage caused by the increased number of areas altered by the pre-granulomatous exudative sorted by lower capacity to produce more collagen and inflammatory manifestations, indicating a deficiency in the modulation of the inflammatory process. Since CR-infected group showed lower liver granulomas, increased production of collagen and several binucleate hepatocytes, thus providing better conditions to modulate the inflammatory response and increased power of liver regeneration in the presence of injury, presenting a host-parasite relationship more balanced. Taken together, our findings suggest that neonatal malnutrition programs the metabolic state of the host with the consequent evolution of schistosomiasis, where CR group showed higher ability in modulating the inflammatory response and the PR group exhibited weaknesses in this complex, but fascinating, host-parasite relationship. Thus, the programming by malnutrition during lactation affects the development of experimental murine schistosomiasis.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/urn:repox.ist.utl.pt:UERJ:oai:www.bdtd.uerj.br:976
Date14 December 2009
CreatorsChristiane Leal Corrêa
ContributorsPatrícia Cristina Lisbôa da Silva, José Roberto Machado e Silva, Elaine de Oliveira, Karen de Jesus Oliveria e Sanchez, Marta Guimarães Cavalcanti, Renata Heisler Neves
PublisherUniversidade do Estado do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e Experimental, UERJ, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ, instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro, instacron:UERJ
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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