Este estudo foi realizado com o objetivo de estudar os efeitos da
suplementação dietética com gordura durante o período de transição sobre
consumo de matéria seca (CMS), a produção de leite, o balanço energético, a
mobilização de reservas corporais, a dinâmica folicular ovariana, os
parâmetros plasmáticos hormonais e metabólicos (colesterol, colesterol HDL e
progesterona) e o desempenho reprodutivo (intervalos do parto à primeira
ovulação, ao primeiro estro e à primeira inseminação, taxa de concepção à 1ª
inseminação, número de serviço por concepção). Para todos os experimentos,
utilizaram-se 20 vacas da raça holandesa, multíparas, gestantes, distribuídas
aleatoriamente em dois tratamentos: C = dieta-controle (3% de extrato etéreo
(EE) na matéria seca (MS)) e G = dieta-gordura (6% de EE na MS). No
experimento 1, os valores médios de consumo de MS (CMS) não diferiram no
pré e pós-parto (10,73 e 9,95 kg e 16,06 e 17,81 kg de MS/dia para os grupos
C e G, respectivamente), contudo houve aumento (P < 0,05) na quarta semana de lactação para o animais do grupo G (15,53 vs 18,29 kg de MS). Este
aumento no CMS, associado à maior densidade energética da dieta G, foi
responsável por um maior consumo de energia líquida para os animais do
grupo G após o parto (28,22 vs 32,61 Mcal/dia; P< 0,05). A produção de leite
total e o leite corrigido para 3,5% de gordura não diferiram, com médias de
31,88 e 34,41 kg/dia e 36,34 e 36,05 kg de leite/dia para os animais dos grupos
C e G, respectivamente, apesar de os animais do grupo G produzirem 2,53 kg
de leite a mais por dia (7,93%) que o grupo C. Houve redução da porcentagem
da gordura do leite (P < 0,05), com médias de 4,36 e 3,81 % de gordura para
os grupos C e G. Observou-se, portanto, que a produção total de gordura não
foi afetada (1,38 vs 1,29 kg de gordura por dia para os animais dos grupos C e
G, respectivamente). No experimento 2, verificou-se interação entre dieta e
semanas em lactação sobre o balanço de energia líquida e os animais do grupo
G apresentaram menor balanço negativo de energia a partir da quarta semana
de lactação (P < 0,05), coincidindo com o aumento de consumo verificado
neste mesmo período. Não foram observados efeitos das dietas sobre o Escore
de Condição corporal e Mudança de Condição Corporal. Contudo, observouse
interação entre dieta e semanas em lactação sobre o Peso Corporal e
Mudança de Peso Corporal no pré e pós-parto para os animais do grupo G, que
estabilizaram o peso corporal e começaram a ganhar peso a partir da sétima
semana, enquanto os do grupo C permaneceram perdendo peso. No
experimento 3, a suplementação de gordura promoveu aumento nas
concentrações plasmáticas de Colesterol Total (54,23 vs 73,68 mg/dL) e
Colesterol HDL (52,59 e 61,42 mL/dL), não alterou as concentrações de
progesterona (2,35 vs 2,47 ng/mL). Verificou-se também aumento na
população de folículos ovarianos da classe 1 (0,3–0,6 cm de diâmetro;
P<0,05), principalmente entre os dias 26 e 31 após o parto, quando o consumo
de energia foi maior para este grupo. Os animais dos grupos C e G
desenvolveram 13,40 e 12,63, 6,90 e 7,38, 2,90 e 4,78 folículos das classes 2,
3 e 4, respectivamente. O diâmetro médio do maior folículo foi afetado pela dieta (P = 0,53), com valores de 1,46 ± 0,22 e 1,74 ± 0,37 cm para os grupos C
e G respectivamente. Houve melhoria dos indices reprodutivos de forma geral
para os animais do grupo G comparado ao C. Verificou-se menor intervalo 1-
2ª ovulação, (29,50 vs 23,13 dias para os animais dos grupos C e G,
respectivamente). Não foi verificado efeito da dieta sobre a área do corpo
luteo, contudo, houve correlação (r = 0,50; P<0,01) entre está caractarística e o
diâmetro do folículo ovulatório.O primeiro estro no pós-parto ocorreu 27 dias
após a segunda ovulação para o grupo G contra 60 dias para o C. Houve
redução de 39 dias no intervalo parto-1º estro, de 46,37 dias no intervalo Parto
– 1º IA (P = 0,08), e de 42,89 dias no intervalo de parto para os animais do
Grupo G. O período de serviço e o número de serviços por concepção foram
de 152,67 e 106,89 dias e 1,33 e 1,50 doses para os grupos C e G,
respectivamente. O fornecimento de energia adicional na forma de gordura
reduz o estado energético negativo da vaca, fazendo com que retorne ao estro
mais cedo após o parto, e dessa maneira, concebe mais precocemente. _________________________________________________________________________________________ ABSTRACT: The aim of this study was to evaluate the reproductive and productive
performance, dry matter intake, energy balance, changes in condition score,
ovarian follicular dynamics, plasma concentration of cholesterol and
progesterone in the early lactation of dairy cows supplemented with dietary fat
during the transition period. Twenty pregnant Holstein cows were randomly
assigned in two treatments: C – control diet (3% Ether Extract in dry matter);
and G – dietary fat (6% Ether Extract in dry matter). In the first experiment,
the cow average dry matter intake (DMI) did not differ among pre and postpartum
period (10,73 e 9,95 kg e 16,06 e 17,81 kg de DMI/day) for C and G
groups respectively. However, in the fourth lactation week, animals from
group G had a higher DMI than group C (15,53 vs 18,29 kg de DM). The
increase in the DMI associated with a higher energy density of the G diet was
the responsible for a higher liquid energy intake for the animals G group in the
pos-partum (28,22 vs 32,61 Mcal/day; P< 0,05). Milk production and
corrected milk did not differ among the groups (31,88 e 34,41 kg/day to group
C and 36,34 e 36,05 kg of milk/day to group G) even with a 2,53 kg/day increase in milk production to group G animals. A decrease in milk fat
percentage was verified to group G animals (4,36 X 3,81% milk fat) but not
for total fat production (1,38 X 1,29 kg of milk fat/day for groups C and G). In
the second experiment, group G animals had a lower negative energy balance
after the fourth week of lactation (P < 0,05), concurring with a higher DMI in
the same period. No differences in body condition score and body condition
changes was verified among the groups, however group G animals had a
higher average daily body weight gain than group C after the seventh week
pos-partum while group C animal remain loosing weight until the and of this
experiment. In the experiment 3, a higher total and HDL cholesterol
concentration was verified for group G (54,23 vs. 73,68 mg/dL and 52,59 vs.
61,42 ml/dL). Differences in plasma progesterone concentration were not
significant in the experimental period. A higher number of class 1 follicles
also were verified to group G animals principally between the 26 – 31 days
after partum (P < 0,05), when this group had an increase in energy intake. The
number of class 2 and 3 were not different among the groups. Dominant
follicle average diameter was affected by diet (P = 0,53), animals from group
G had a higher diameter than group C (1,46 vs. 1,74 cm). The reproductive
performance was better for group G animals, when evaluated the interval from
first to second ovulation (23,13 vs. 29,5), days to first ovulation pos-partum (
42,89 vs. 46,37 days), open days (106,89 vs. 152,67 days) and IA per
conception (1,33 vs. 1,5 doses). In conclusion the supplementation of dietary
fat to dairy cows during the transition period decreases the cow negative
energy status and improves the reproductive and productive performance.
Identifer | oai:union.ndltd.org:IBICT/oai:ri.ufs.br:riufs/1242 |
Date | 31 March 2005 |
Creators | Santos, Anselmo Domingos Ferreira |
Contributors | Torres, Ciro Alexandre Alves |
Source Sets | IBICT Brazilian ETDs |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | info:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis |
Source | reponame:Repositório Institucional da UFS, instname:Universidade Federal de Sergipe, instacron:UFS |
Rights | info:eu-repo/semantics/openAccess |
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