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Do reinado do autor a seu estilhaçamento na escritura nos romances de introspecção : Lúcio Cardoso e Clarice Lispector

Na história literária, o século XX é o século do romance. E, especificamente, do romance moderno, que irá refletindo as transformações sofridas pelo homem e pela sociedade em um período tão turbulento da história da humanidade. O nosso trabalho aborda a obra romanesca de dois autores brasileiros, Lúcio Cardoso e Clarice Lispector, para mostrar como essa grande mudança se manifesta no seio da literatura brasileira. Também se propõe analisar as relações entre conteúdo e forma no trabalho de ambos os escritores e na sua ligação com os tipos de romance que cultuaram (romance tradicional ou romance moderno). O tratamento outorgado, nas suas obras - romances de introspecção -, aos aspectos mais importantes da forma romanesca, como a história, a intriga, o tempo, as personagens, o narrador, bem como os recursos poéticos empregados e o plurilingüismo da linguagem, determinarão, não apenas a sua localização na história literária, mas, mais profundamente, delatarão a postura do autor em face da realidade ou da vida. Por isso, no nosso trabalho, consideramos importante resgatar a visão do mundo que anima Lúcio Cardoso e Clarice Lispector e tentamos mostrar até que ponto ela é determinante do trabalho dos escritores sobre a palavra, ou, no sentido inverso, o quanto a lavor sobre a palavra pode ir moldando uma espécie de pensamento indeterminado (termo que tomamos de empréstimo a Georges Poulet), que, por sua vez, irá alimentando as novas incursões no domínio poético. Neste último caso, deparar-nos-emos, não mais com um Autor, cuja intenção controla e domina o jogo da criação, mas com um escritor que ensaia, a cada nova obra, uma forma de se aproximar cada vez mais daquilo que Roland Barthes sintetizava como "inexprimir o exprimível", isto é, driblar o autoritarismo da linguagem e assim, poder "tirar ouro do carvão" (HE, p. 31): achar e sugerir, sob a fachada da linguagem e da realidade, o signo do que transcende linguagem e realidade e que, mais verdadeiro do que estas, atinge o cerne do Ser (Real) e não mais apenas os seres e as coisas. / En la historia de la literatura, el siglo XX es el siglo de la novela. Y, específicamente, de la novela moderna, que irá reflejando las transformaciones sufridas por el hombre y por la sociedad en un período tan turbulento de la historia de la humanidad. Nuestro trabajo aborda la obra novelesca de dos autores brasileños, Lúcio Cardoso y Clarice Lispector, para mostrar cómo ese gran cambio se manifiesta en el seno de la literatura brasileña. También se propone analizar las relaciones entre contenido y forma en el trabajo de ambos escritores y en su vinculación con los tipos de novela que cultivaron (novela tradicional o novela moderna). El tratamento otorgado, en sus obras -novelas de introspección-, a los aspectos más importantes de la forma novelesca, como la historia, la intriga, el tiempo, los personajes, el narrador, así como los recursos poéticos empleados y el plurilingüismo del lenguaje, determinarán, no solo su situación en la historia literaria, sino que además, más profundamente, delatarán la postura del autor de cara a la realidad o a la vida. Por eso, en nuestro trabajo, consideramos importante rescatar la visión de mundo que anima a Lúcio Cardoso y a Clarice Lispector e intentamos mostrar hasta qué punto la misma determina el trabajo de los escritores sobre la palabra o, en el sentido inverso, en qué medida la labor sobre la palabra puede ir forjando una especie de pensamiento indeterminado (término que pedimos prestado a Georges Poulet), que, a su vez, irá alimentando las nuevas incursiones en el dominio poético. En este último caso, nos toparemos, ya no con un Autor, cuya intención controla y domina el juego de la creación, sino con un escritor que ensaya, en cada nueva obra, una forma de acercarse cada vez más a aquello que Roland Barthes sintetizaba como "inexpresar lo expresable", o sea, burlar el autoritarismo del lenguaje y, así, poder "sacar oro del carbón" (HE, p. 31): encontrar y sugerir, bajo la fachada del lenguaje y de la realidad, el signo de lo que trasciende lenguaje y realidad y que, más verdadero que ellos, alcanza el núcleo del Ser (Real) y ya no tan solo a los seres y las cosas.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:lume56.ufrgs.br:10183/15903
Date January 2009
CreatorsCamacho Alvarez, Adriana Carina
ContributorsMello, Ana Maria Lisboa de
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageSpanish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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