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A tecnologia no capitalismo dependente: a superexploração da força de trabalho em Karl Marx e Ruy Mauro Marini / Technology in dependent capitalism: an super-exploration of the workforce in Karl Marx and Ruy Mauro Marini

O presente trabalho se debruça sobre o desenvolvimento tecnológico particular dos países da América Latina. Para tanto faz uso da obra “O Capital” de Karl Marx e de obras selecionadas de Ruy Mauro Marini, referência teórica da Teoria Marxista da Dependência. O objetivo do estudo consiste em formular uma crítica acerca do papel da tecnologia nas economias dependentes da América Latina a partir das categorias de Marx e Marini, no contexto de superexploração da força de trabalho e transferência de capitais. Como justificativa vemos a necessidade de superar as reproduções eurocêntricas sobre desenvolvimento tecnológico e compreender a tecnologia na América Latina sob o crivo do materialismo histórico. A metodologia empregada consiste na revisão bibliográfica, análise teórico reflexiva e aproximação da realidade das categorias selecionadas. Para Marini, com as trocas desiguais, a importação de tecnologia e dívida pública verificamos uma brutal transferência de valor a partir da América Latina que como política de compensação das perdas por transferência, a estratégia de superexploração da força de trabalho é largamente empregada - intensificação do trabalho, extensão da jornada e pagamento abaixo do valor de reprodução. Com mercados reduzidos pelos baixos salários, presenciamos um divórcio entre a produção e a realização de mercadorias, de modo que as mercadorias produzidas pelos países dependentes são consumidas majoritariamente pelos países centrais. Assim se agrava a divisão internacional do trabalho, onde os países da América Latina produzem matérias-primas baratas para a exportação e os países centrais tem na industrialização seu eixo produtivo. O caráter particular da exploração da força de trabalho na América Latina denuncia o subdesenvolvimento como um estado permanente de exploração dos países dependentes pelos países centrais, apresentando, inclusive, dependência interna entre os países dependentes. Dessa maneira, conforme Marini, verificamos a consolidação de etapas de produção mais complexas no centro e menos complexas nos países dependentes. Assim, o desenvolvimento tecnológico da América Latina se encontra limitado nos marcos dos países centrais, com: industrialização pautada na produção de bens de capital de centro; importação de pacotes tecnológicos obsoletos para amortizar a maquinaria descartada no centro pela concorrência; uso de força de trabalho superexplorada ainda que com o uso de maquinaria; desenvolvimento tecnológico não generalizado, mas restrito a ilhas de produção; não barateamento das mercadorias consumidas pelos trabalhadores; superexploração como movimento para competir com ilhas de tecnologias mais produtivas; ou ainda, a dependência do capital internacional para investimentos. A dissertação defende que, para Marini, o desenvolvimento tecnológico na América Latina não significou aumento de produtividade com bens salários, e consequente melhora na qualidade de vida dos trabalhadores. Mas, em sentido oposto, agrega-se como mais um elemento na superexploração da força de trabalho, levando à intensificação do trabalho como movimento de concorrência com os isolados ramos mais produtivos. / The present works looks over the tecnological development spefically from the countries in Latin America. Therefore making the use of the work “Capital”, by Karl Marx and selected works by Ruy Mauro Marini, a theorical reference of the Marxist Dependency Theory. The goal of this work consists in analyzing the role of technology in the dependant economies of Latin America from the categories of Marx and Marini, in the context of the super-exploitation of work and trasnference of capital. The justification of this research is the need to overcome the eurocentric views and reproductions on technological development and to undestand technology in Latin America under the inquest of Historic Materialism. With unequal trades, tecnology import and public debt we verify a brutal transference of capital from Latin America. As a compensation policy of loss by transference, the strategy of super-exploitation of workforce is largely used - intensification of work, extended work hours and payments under the production value. With markets reduced by low incomes, we witness a divorce between production and the making of goods, in a way that the good produced by dependent countries are mostly consumed by central countries. Thereby aggravating the international division of work, where Latin American countries produce cheap feedstock for exportation and central countries have their productive axis in industrialization. This particular character of exploitation of work in Latin America reveals underdevelopment as a permanent relashionship between dependent and central countries, exhibiting also internal dependency in dependent countries. Thus, we can verify a consolidation of more complex production stages in the Center and less complex ones in dependent countries. So, the Latin American technological development finds itself limited by the boudaries of central countries, with: industrialization lined by production of capital goods by the Center; importation of obsolete technological packets to refund the machinery discarded in the Center by the competition; the use of super-explited work force in detrimento of machinery use; technological development, but restricted only to a manufacturing island and not generalized; never to cheapen the goods cosumed by workers; super-exploitation as a movement to compete with more productive manufacturing islands; or yet the dependency on international capital for investments. The dissertation defends that, for Ruy Mauro Marini, the technological development in Latin America didn’t mean a raise in productivity with the cheapen of goods, and hence the improvement of life quality for workers. But, in na opposite direction, it is an element of the super-exploitation of work and leads to the intensification of work as a movement of competition with isolated and most productive branches in the internal scope, related to international production.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.utfpr.edu.br:1/2779
Date08 March 2017
CreatorsTeles, Gabriela Caramuru
ContributorsPinto, Geraldo Augusto, Amorim, Mário Lopes, Pazello, Ricardo Prestes, Traspadini, Roberta Sperandio, Pinto, Geraldo Augusto
PublisherUniversidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade, UTFPR, Brasil
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UTFPR, instname:Universidade Tecnológica Federal do Paraná, instacron:UTFPR
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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