[pt] Essa dissertação analisa diversos dilemas enfrentados por ativistas
feministas no processo de escolha entre engajar-se ou não em agendas
institucionais do sistema ONU. Esses dilemas gravitam entre arriscar-se a ser
cooptado pelos processos aos quais se opõem, possivelmente legitimá-los e/ou
contestar e oferecer resistência a esses processos. O caso sobre o qual se centra a
análise é o processo Financiamento do Desenvolvimento (FfD) que culminou no
Consenso de Monterrey em março de 2002. Apesar das perspectivas (anunciadas)
de frustração, muitos Movimentos Feministas Transnacionais (MFTs) decidiram
permanecer engajados no processo até o fim, articulando uma política de
engajamento e resistência (chamada por eles de estratégia inside/outside). Essa
estratégia visa a participar das discussões oficiais criticamente e, ao mesmo
tempo, contestar a invisibilidade de como as questões de gênero estruturam o
projeto intelectual e prático do desenvolvimento atual. Para concluir, duas
hipóteses de trabalho são levantadas a respeito da decisão de engajamento desses
MFTs. Segundo a primeira hipótese, contida nos discursos dos MFTs, essa
decisão de engajamento - a priori contra-intuitiva - é decorrência de dois fatores:
a percepção da ONU como espaço de engajamento imprescindível; e a
importância das bandeiras de luta dentro de um processo de longo prazo e não
como busca imediatista de resultados. A segunda hipótese entende essa decisão
como permeada de lógicas de poder internas aos MFTs que buscam a manutenção
dos espaços institucionais duramente conquistados desde a Década da ONU para
as Mulheres. A conclusão aponta para a própria natureza dilemática dessa
estratégia. / [en] This thesis analyses the multiple dilemmas faced by feminist activists in the
process of choosing between engaging or not in UN institutional agendas. These
dilemmas include risking cooptation by the very processes they seek to oppose,
possibly legitimating them; or contesting and offering resistance to these
processes. The case upon which the analysis is carried is the Financing for
Development (FfD) process, which culminated in the Monterrey Consensus in
2002. Despite the (foretold) perspectives of frustration, many Transnational
Feminist Movements (TFMs) decided to stay in the process until the end, by
articulating a politics of engagement and resistance (which they call an
inside/outside strategy). The strategy calls for critically participating in official
discussions and, at the same time, contesting the invisibility of how gender
structures the current intellectual and practical development project. To conclude,
two hypotheses are raised regarding this decision to engage. According to the
first, this counter-intuitive decision is a result of two factors: the perception of the
UN as a vital space of engagement; and the importance of carrying out
contentious politics as part of a larger process. The second hypothesis understands
this decision as pervaded by logics of power internal to the TFMs, who seek to
maintain the institutional spaces they have struggled to acquire since the UN
Decade for Women. The conclusion points to the dilemmatic nature of this
strategy.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:14476 |
Date | 26 October 2009 |
Creators | DIANA AGUIAR ORRICO SANTOS |
Contributors | JOSE MARIA GOMEZ |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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