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Chinua Achebe e Castro Soromenho: compromisso político e consciência histórica em perspectivas literárias / Chinua Achebe and Castro Soromenho: political commitment and historical conscience in literary perspectives

No exercício de comparativismo literário entre as obras Things fall apart, do escritor nigeriano Chinua Achebe (1958), e Terra morta, do angolano Castro Soromenho (1949), é possível estabelecer aproximações e distanciamentos que dialogam entre si e podem trazer reflexões relevantes para o estudo das literaturas africanas. Enquanto a primeira oferece uma visão inédita a respeito do funcionamento interno da sociedade Ibo na Nigéria diante da situação colonial, a segunda transparece as frágeis relações dos colonos portugueses nas instituições políticas, econômicas e sociais do império na região da Lunda em Angola. Já por esse aspecto, os romances convergem para um panorama em comum ao apresentarem tanto o colonizado em Things fall apart quanto o colonizador em Terra morta de maneira distante dos estereótipos retratados pelas figuras coloniais, justamente por problematizarem questões internas e clivagens sociais e históricas. Assim, ao evidenciaram as fraturas internas, contribuem com a crítica sobre o sistema colonial ao mesmo tempo em que ajudam a construir outras visões históricas sobre o tema. Desse modo, as duas obras distanciam-se abertamente quanto aos contextos coloniais, que exigem, diante de uma leitura comparativa, um arcabouço teórico-crítico múltiplo que abarque as diferenças existentes nas dinâmicas coloniais e em seus contextos africanos específicos. O fato de os dois romances trazerem à cena regiões específicas na Nigéria habitada pelo povo Ibo e em Angola determinada como o espaço Lunda - e apresentarem uma multiplicidade de questões étnicas, raciais, sociais e identitárias, acaba distanciando os dois livros em perspectiva comparatista. Em termos aproximativos, no entanto, a problematização dos espaços e personagens retratados nas narrativas e a figura do narrador que assume posições políticas que se aproximam da categoria do autor implícito (BOOTH, 1983), permitem também uma leitura analítico-comparativa entre os romances. Se, por um lado, os contextos sociais e históricos distanciam os escritores e seus produtos literários; os romances se aproximam não apenas pelas categorias narrativas de personagens e espaço, mas também pela posição político-ideológica assumida por seus narradores. A consciência histórica e o compromisso político diante dos fatos narrados estão presentes na representação literária como uma tentativa de entender o funcionamento e apresentar uma crítica aos diferentes processos coloniais. / In the exercise of literary comparison between the novels Things fall apart, of the nigerian writer Chinua Achebe (1958), and Terra Morta, of the Angolan writer Castro Soromenho (1949), its possible to establish similarities and differences that interact with each other and can evoke important reflections for the african literatures study. While the first novel offers an unprecedented vision concerning the inner functioning of the Ibo nigerian society on the colonial situation, the second exposes the fragility of Portuguese settlers in the political, economic and social institutions of the potuguese empire in the region of Luanda, Angola. About this last aspect, the novels converge into a common panorama when presenting an image of the settler that does not fall into a stereotypical perspective of that category, precisely by problematizing inner questions and social and historical cleavages. By exposing the inner fractures of the Angolan society, both novels contribute by criticizing the colonial system and, at the same time, helping to construct other historical visions about the issue. Therefore, both novels deviate from each other when presenting different colonial contexts that require, in terms of a comparative reading, a multiple theoretical and critical framework able to contemplate the differences observed in the colonial dynamics and in its african specific contexts. The fact that both novels bring into discussion two specific regions the Nigeria inhabited by the Igbo people and the Angola established as the Lunda space and present a multiplicity of social, racial and ethnic issues result in a detachment of the novels by comparative means. However, in approximate means, the problematization of spaces and characters portrayed in the narratives and the role of the narrator, who assumes political positions similar as the implied author category (Booth, 1983), also permit an analytical-comparative reading between the two novels. If, in one side, the social and historical contexts set apart the writers and its literary products, the novels are get closer not only by means of space and narrative categories, but also in terms of political and ideological positions assumed by its narrator. The historical conscience and the political commitment concerning the themes addressed in the novels are shown in the literal representation as an attempt to understand and present a critique to the different colonial processes.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:teses.usp.br:tde-13022017-140542
Date19 September 2016
CreatorsStela Sáes
ContributorsRejane Vecchia da Rocha e Silva, Marcia Valéria Zamboni Gobbi, Vima Lia de Rossi Martin
PublisherUniversidade de São Paulo, Letras (Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa), USP, BR
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP, instname:Universidade de São Paulo, instacron:USP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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