[pt] Esta tese é composta por três capítulos que enfocam o crescimento da
China como um experimento quasi-natural de forma a avaliar os efeitos de
choques de comércio exterior sobre a economia política da política comercial e
sobre a dinâmica do mercado de trabalho e desigualdade de salários no Brasil.
No primeiro capítulo, utilizamos evidência sobre diferenciais de exposição a
esse choque da China entre mercados de trabalho locais para estimar seu efeito
em indicadores do mercado de trabalho brasileiro, em particular em medidas
de desigualdade de rendimentos. Primeiro, encontramos que o choque de
demanda por exportações diminuiu a desigualdade de salários no setor de bens
comercializáveis, sobretudo por meio do componente entre firmas da dispersão
salarial, e apresentamos evidências de que essa redução parece causada por
uma mudança no comportamento das firmas, e pode estar relacionado com uma
redução no prêmio salarial de firmas exportadoras. Em seguida, estimamos um
modelo baseado em Helpman et al. (2016), e exploramos diferenças setoriais
no choque de demanda externa para realizar exercícios contrafactuais que
corroboram a hipótese de que esse choque pode explicar parte da redução
agregada no prêmio salarial de firmas exportadoras e na dispersão de salários.
No segundo capítulo, desenvolvemos uma versão do modelo dinâmico de
Caliendo et al. (2019) de modo a estimar os efeitos do duplo choque da
China na dinâmica setorial do emprego no Brasil. Mostramos que ambos os
choques levam à contração da maioria dos setores de manufaturas, e expansão
da maioria dos setores de serviços, mas os efeitos de equilíbrio geral dos
choques são modestos, especialmente quando comparados a um contrafactual
alternativo no qual a produtividade brasileira nos setores primários aumenta.
Estendemos o modelo para incluir dois tipos de trabalho, de alta e baixa
qualificação; resultados apontam para efeitos distributivos pequenos, mas
consistentes com resultados em forma reduzida obtidos no primeiro capítulo.
No capítulo final, construímos uma base de dados inédita sobre características
de associações setoriais brasileiras, com o intuito de investigar se os setores
com maior capacidade de organização política são capazes de obter maior
proteção contra competidores estrangeiros. Usamos variação na penetração
de importações como uma medida da necessidade de proteção comercial, e
para lidar com a endogeneidade nessa medida usamos um instrumento baseado no choque de importações da China. A evidência sugere que setores com
maiores sindicatos patronais são capazes de obter maior proteção comercial, em
particular por meio de licenciamento não-automático; as estimativas sugerem
que esse efeito é mais alto quando a penetração de importações aumenta
mais intensamente, o que é interpretado como um aumento na necessidade
de medidas de proteção. / [en] This thesis consists of three chapters, all of which focus on the rise of
China as a quasi-natural experiment in order to assess the effects of foreign
trade shocks on the political economy of trade policy and on the dynamics of
labor markets and earnings inequality in Brazil. In the first chapter, we use
evidence on the differential exposure across local labor markets to this China
shock in order to estimate its effect on Brazilian labor markets outcomes, in
particular on measures of income inequality. First, we find that the export
demand shock has decreased wage inequality in the tradables sector, mostly
through the between-firms component of wage dispersion, and provide evidence
that this reduction seems driven by a change in wage-setting behavior of
firms, and may be linked to a reduction in the wage premium of exporter
firms. We then estimate a model based on Helpman et al. (2016), and explore
sectoral differences in the foreign demand shock to run counterfactual exercises
that support the hypothesis that this shock can explain part of the aggregate
reduction in the exporter wage premium and in wage dispersion. In the second
chapter, we develop a version of the dynamic trade model by Caliendo et
al. (2019) in order to estimate the effects of the dual China shock on the
sectoral dynamics of Brazilian employment. We show that both shocks lead to
a contraction in most manufacturing sectors, and an expansion in most services
sectors, but the general equilibrium effects of the shocks are modest, especially
if compared to an alternative counterfactual in which Brazilian productivity
in primary sectors increase. We then extend the model to include two types of
labor, skilled and unskilled. Results also point to small distributional effects
of the China shock, but consistent with reduced-form evidence obtained in
Chapter 1. In the final chapter, we build a novel dataset on Brazilian trade
associations’ characteristics in order to investigate whether industries with
higher capacity of political organization are able to obtain more protection
from foreign competitors. We use variation in import penetration as a measure
of the need for trade protection, and address endogeneity on this measure by
using an instrumental variables strategy based on the China import shock.
Evidence suggests that industries with larger employer unions are able to
obtain more protection, particularly through non-automatic licensing; the
estimates suggest that this effect is higher when import penetration increases
more intensely, which is interpreted as increased need for protective measures.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:54811 |
Date | 17 September 2021 |
Creators | FLAVIO LYRIO CARNEIRO |
Contributors | CLAUDIO ABRAMOVAY FERRAZ DO AMARAL, CLAUDIO ABRAMOVAY FERRAZ DO AMARAL |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | English |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
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