Return to search

Alteridade, racismo e representações sociais: o caso do ebola no Brasil

Submitted by Fabio Sobreira Campos da Costa (fabio.sobreira@ufpe.br) on 2016-09-02T14:25:01Z
No. of bitstreams: 2
license_rdf: 1232 bytes, checksum: 66e71c371cc565284e70f40736c94386 (MD5)
Versão final Dissertação Lassana CD.pdf: 1870227 bytes, checksum: 07b7ee23503d967524b8be573e306d58 (MD5) / Made available in DSpace on 2016-09-02T14:25:01Z (GMT). No. of bitstreams: 2
license_rdf: 1232 bytes, checksum: 66e71c371cc565284e70f40736c94386 (MD5)
Versão final Dissertação Lassana CD.pdf: 1870227 bytes, checksum: 07b7ee23503d967524b8be573e306d58 (MD5)
Previous issue date: 2015-02-23 / CAPEs / O presente trabalho objetivou estudar a construção social do ebola na mídia impressa brasileira à luz da Teoria das Representações Sociais, articulando conceitos de alteridade, do risco, problema social, mídia e racismo. Trata-se de uma pesquisa qualitativa feita por intermédio da análise do conteúdo clássica e do tratamento automático com ajuda do IRAMUTEQ. Foram feitos dois estudos, uma na revista Veja (5 matérias publicadas no último surto) e outro no jornal Folha de São Paulo (291 matérias publicadas desde 1976 até março de 2015). Os resultados do estudo na revista Veja, através da análise de conteúdo com foco no eixo semântico (sentidos) e sintático (forma) apontam para 4 eixos de construção de sentidos: uso da metáfora da companhia militar para demonstrar o combate do homem contra um vírus potencialmente destrutivo; a alteridade radical, colocando o outro africano como “estranho e “poluente”, neste caso, com qualidades essencialmente negativas; o distanciamento, em que o vírus ebola é colocado como problema inerentemente africano e África como lugar que oferece condições propícias para disseminação da doença; a ideia da infra-humanização, colocando as qualidades do africano e respectivas crenças ou traços culturais como sub-humanas. O estudo do jornal Folha de São Paulo foi realizado com ajuda de tratamento automático de texto pelo software IRAMUTEQ, proporcionado a Classificação Hierárquica Descendente e análise fatorial de correspondência. Os resultados mostram mundos léxicos organizados em função, de um lado, do discurso do especialista, e de outro, do discurso do não especialista. O discurso dos especialistas traduz as hipóteses científicas explicativas em torno do vírus do ebola focalizadas no macaco como principal responsável pela passagem em humanos e o caráter destrutivo do ebola. O segundo eixo, dos não especialistas, aponta para a dicotomia ocidente versus África, representada através das oposições: ordem/caos, controle/descontrole, longínquo/próximo, “civilidade”/“incivilidade”, “superior”/“inferior”. Os resultados da Análise Fatorial de Correspondência nos permitiram constatar a emergência de dois polos. No polo horizontal vimos na classe 5 o discurso de especialista se opondo aos discursos das outras classes, que agrupam os discursos de não especialistas: a transnacionalização e pânico global (classe 3); mobilização mundial versus distanciamento (classe 1); olhar exótico e ambiente caótico (classe 4); histórico, prognóstico e dados epidemiológicos (classe 2). No polo vertical vimos as classes 1 (mobilização mundial versus distanciamento) e 2 (histórico, prognóstico e dados epidemiológicos) se opondo às classes 3 (transnacionalização e pânico global) e 4 (olhar exótico e ambientes caóticos). Apesar dos dois estudos serem feitos em períodos e veículos midiáticos diferentes, as representações sobre ebola não mudaram com o tempo. Percebem-se uma atitude ambivalente da mídia na construção do risco (aproxima e afasta); alteridade radical que relega ao africano e sua cultura o caráter essencialmente negativo e infra-humanização do africano. Por meio destes dois veículos de comunicação os sentidos atribuídos sobre ebola se organizam nas seguintes oposições: pureza /impureza, sujeira/limpeza, civilidade/incivilidade, caos/ordem. Os nossos achados demonstraram que a crise do ebola reatualiza a thêmata do reconhecimento social pela sua negativa. Vimos o olhar valorativo do outro africano pelo viés negativo, ligado à sujeira, impureza, incivilidade, descontrole. / This work aimed to study the social construction of Ebola in Brazilian's media using TRS, articulating concepts of alterity, risk, social problem, media and racism. It is a qualitative research done through the classical content analisys and automatic data processing with the help of IRAMUTEQ. Two studies, one in Veja magazine (5 articles published in the latest outbreak) and one in the newspaper Folha de São Paulo (291 articles published from 1976 to March 2015), were made. The results of the study in Veja magazine, through content analysis focused on the semantic axis (mean) and syntactic (build) point to 4 axis of construction: use metaphor of military company to demonstrate man's fight against a virus potentially destructive; the radical alterity, setting other African as "strange and pollutant", in this case, with essentially negative qualities; the distance, where the virus is Ebola placed as inherently African problem and Africa as a place that offers favorable conditions for spread of the disease; the idea of infrahumanization, setting the qualities of African and their beliefs or cultural traits as subhuman. The study of the newspaper Folha de São Paulo was accomplished out automated processing of help text by IRAMUTEQ software, provided a Descending Hierarchical Classification and correspondence factor analisys. The results show lexical worlds organized in function, on the one hand, the specialist speech and, in another speech, the non-specialist speech. Speaking of experts translate the explanatory scientific hypotheses around the Ebola virus in monkeys as focused primarily responsible for the passage in humans and the destructive character of Ebola. The second axis, the non-specialist, points to the dichotomy versus West Africa, represented by the oppositions: order/chaos, control/lack, far/close, "civility"/"incivility", "superior"/"inferior". The results of the AFC allowed us to note the emergence of two poles. The horizontal pole we saw, in class 5, specialist speech opposing the speeches of other classes, the speeches of non-specialists that talking about the transnationalization and global panic (Class 3); global mobilization versus distance (Class 1); exotic look and chaotic environment (class 4); history, prognosis and epidemiological data (class 2). The vertical pole we saw class 1 (global mobilization versus distance) and 2 (history, prognosis and epidemiological data) opposing Classes 3 (transnationalization and global panic) and 4 (exotic look and chaotic environments). Although the two studies were made in different periods and newspapers, the representations of Ebola have not changed over time. Realize up an ambivalent attitude of the media to building risk (approach and move way); radical alterity that relegates to the african and his culture an essentially negative character and infrahumanization of Africa. The Brazilian's media organizes the meanings attributed to Ebola around the following oppositions: purity/impurity, dirt/cleanliness, civility/incivility, chaos/order. Our findings demonstrate that ebola crisis renews the themata social for its negative. We saw the valuative gaze of the other African by the negative bias on the dirt, uncleanness, incivility, lack.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/17791
Date23 February 2015
CreatorsDANFÁ, Lassana
Contributorshttp://lattes.cnpq.br/6115070918587521, ALÉSSIO, Renata Lira dos Santos
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco, Programa de Pos Graduacao em Psicologia Cognitiva, UFPE, Brasil
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguageBreton
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
RightsAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazil, http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/, info:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0017 seconds