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Determinantes psicossociais da capacidade adaptativa: um modelo teórico para o estresse

Atualmente, diversos modelos de saúde consideram o estresse um agente que potencializa
a vulnerabilidade ao adoecimento. Tanto a área da saúde, como as ciências humanas,
situam-no como um fator psicossocial que eleva a probabilidade de indivíduos e grupos
apresentarem problemas de saúde em virtude de suas experiências psicológicas e sociais.
Conceitualmente, o estresse é derivado de avaliações sucessivas dos estímulos percebidos,
ocorrendo quando pressões ambientais, psicológicas ou desajustes biológicos imprimem a
necessidade de ativar recursos adaptativos, até que seja dissipado o caráter estressor da
situação, ou o organismo sucumba à magnitude e/ou ao tempo de exposição ao elemento
avaliado como estressógeno. Embora seja encontrado maior volume de estudos acerca das
características dos estressores ou sobre as consequências do estresse, o estado atual do
conhecimento é parco no que tange ao processo de mediação do estresse, principalmente
quando se enfatiza o efeito multidimensional das diversas facetas da capacidade de
adaptação. Além disso, percebe-se que grande parte das investigações realizadas priorizou
a comprovação de impacto sobre a saúde em contextos específicos; no entanto, poucas
pesquisas detalharam a ação interativa das diferenças individuais e do ambiente social na
vulnerabilidade ao estresse. Diante desse quadro, o presente estudo objetivou testar
empiricamente um modelo teórico da capacidade de adaptação psicossocial, sob a
perspectiva da arquitetura explicativa do estresse. Para tanto, avaliou-se o impacto isolado
e conjunto das características do contexto psicossocial e dos mecanismos psicossociais de
adaptação na variabilidade do estresse. A amostra compôs-se de 471 indivíduos e foram
aplicados seis instrumentos: Escala de
Locus
de Controle Multidimensional de Levenson
(MHLC), Escala de Afetos Positivos e Negativos, Escala de Resiliência, Escala de Modos
de Enfrentamentos de Problemas (EMEP), Escala de Suporte Social (SSQ-6), Escala de
Estresse Percebido (PSS), além de um questionário acerca do contexto psicossocial. Foram
desenvolvidos dois modelos teóricos para testagem sob a técnica do Modelo de Equações
Estruturais. O primeiro modelo serviu à análise da mediação do estresse, exclusiva aos
mecanismos psicossociais de adaptação, e o segundo, denominado como Modelo da
Capacidade Adaptativa, testou o impacto conjunto do principal preditor do contexto
psicossocial e os mediadores do estresse. Os resultados mostraram que no Modelo de
Mediação apenas os construtos
locus
interno, afetos negativos, resiliência e o foco no
problema foram mediadores do estresse. No Modelo da Capacidade Adaptativa, o principal
preditor do contexto psicossocial foi a renda média individual, exibindo efeito indireto
sobre o estresse (
d=-
0,10). Quanto aos mediadores desse modelo, tiveram efeito indireto o
locus
interno (
d=
0,09), os afetos negativos (
d=
0,09) e a resiliência (
d=
-0,33) e, com efeito
direto, o foco no problema exibiu impacto negativo sobre o índice de estresse (
d=
-0,52),
enquanto os afetos negativos denotaram efeito positivo (
d=
0,59). Conclui-se que a análise
do impacto conjunto dos preditores e dos mediadores pode contribuir com os estudos sobre
o ajustamento psicossocial, pois a testagem simultânea das variáveis discriminou de que
modo a variabilidade do estresse é produzida, além de ter sido apresentada uma proposta
teórica de como ocorre a ativação das diversas facetas da responsividade adaptativa._________________________________________________________________________________________ ABSTRACT: Nowadays, several health models consider stress an agent that increases the vulnerability
to illness. Researches in health sciences and humanities regard stress as a psychosocial
factor that increases the probability of individuals and groups have health problems
induced by psychological and social experiences. The stress derived from successive
evaluations of the perceived stimulus, that occur when environmental pressures,
psychological or biological maladjustment evokes activate of adaptive resources until
stressor character decreases or the body succumbs to the magnitude and/or time of
exposure to the stressor. Although it is found greater volume of studies regarding the
characteristics of the stressors or the consequences of stress, the current state of knowledge
is scant regarding the mediation process of stress, especially when it emphasizes the effect
of the various facets of the multidimensional ability adaptation. Moreover, most
investigations prioritized the evidence of impact on health in specific contexts. However,
few studies detailed the interactive action of individual differences and the social context
on vulnerability to stress. This study aimed an empirical test of a psychosocial adaptability
theoretical model, according to the perspective of explanatory architecture of stress. We
have studied conjoint and isolated impact of characteristics of psychosocial context and the
psychosocial adjustment resources in the stress variability. The sample consisted of 471
participants and six instruments were applied: Multidimensional Health Locus of Control
(MHLC), Positive and Negative Affects Scale, Resilience Scale, Ways of Coping (EMEP),
Social Support Scale (SSQ-6), Perceived Stress Scale (PSS), and a questionnaire about the
psychosocial context. We developed two theoretical models for testing with Structural
Equation Modeling. The first model analyzed the mediation of psychosocial adjustment
resources of stress. The second model, defined as Adaptive Capacity Model, tested the
conjoint impact of the main predictor of psychosocial context and the mediators of stress.
The results showed that in the Mediation Model only internal locus, negative affect,
resilience and problem-focused coping were mediators of stress. In Adaptive Capacity
Model, the main predictor of psychosocial context was the individual income, exhibiting
indirect effect on stress (
d
=-0,10). As the mediators of this model, internal locus (
d
=0,09),
negative affect (
d
=0,09) and resilience (
d
=-0,33) had indirect effect. With direct effect, the
problem-focused coping exhibited negative impact on stress levels (
d
=-0,52), while
negative affect denotes positive effect (
d
=0,59) on stress levels. We conclude that the
analysis of the combined impact of predictors and mediators can contribute to studies on
the psychosocial adjustment, because simultaneous testing of the variables discriminated
how the variability of stress is produced, and has been introduced a theoretical proposal of
activation of the various facets of adaptive responsiveness.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:ri.ufs.br:riufs/1898
Date January 2010
CreatorsSantos, André Faro
ContributorsPereira, Marcos Emanoel
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFS, instname:Universidade Federal de Sergipe, instacron:UFS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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