Segundo a Organização Mundial de Saúde a esquizofrenia é um transtorno incapacitante de curso crônico caracterizado pela presença de alucinações e delírios. Alguns trabalhos apontam que o uso de maconha em pessoas com diagnóstico de esquizofrenia pode agravar os sintomas positivos da doença enquanto age positivamente sobre os sintomas negativos. Estudos qualitativos têm surgido na área com o objetivo de compreender os significados que pessoas com diagnóstico de esquizofrenia atribuem ao uso da substância. Esses estudos trazem que essas pessoas possuem uma visão positiva a respeito do uso, que este proporcionaria a elas um estado de relaxamento e alívio de suas tensões, além de relatarem aumento de criatividade e o uso da maconha como forma de atingir um estado espiritual mais elevado, assumindo um caráter de automedicação. Nesse sentido o presente trabalho teve como objetivo conhecer os significados que pessoas com esquizofrenia atribuem ao uso de maconha. Para isso, foi realizado estudo qualitativo, com referencial metodológico clínico-qualitativo. Os participantes foram selecionados em um serviço público de saúde mental especializado em álcool e drogas do interior de São Paulo. Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturada. Os critérios de inclusão no estudo foram: estar em atendimento, ou ser oriundo do serviço selecionado; ter diagnóstico de esquizofrenia segundo a CID-10; fazer uso de maconha ou ter feito uso no ano anterior a entrevista; ter mais que 18 anos e não fazer uso de outra droga ilícita, como cocaína ou crack. Foram realizadas um total de 10 entrevistas. Os participantes da pesquisa eram todos do sexo masculino e tinham em média 28 anos de idade. Foram levantadas quatro categorias a partir da análise das entrevistas: a) Percepções a respeito do adoecimento, onde os participantes relatam o preconceito e estigma que envolve o diagnóstico e como alguns sintomas da esquizofrenia os incapacitam para atividades cotidianas; b) Uso de maconha, este iniciado, em sua maioria, na adolescência e sempre na companhia de amigos; c) Esquizofrenia e maconha, onde discursos relacionados sobre aumento de criatividade, capacidade de organizar o pensamento, vivências de espiritualidade e melhora na qualidade do sono se fizeram presentes e d) Tratamento, onde a busca pelo tratamento partia sempre de algum familiar. É importante conhecermos a visão dessas pessoas a respeito do uso de maconha para compreendermos o que sustenta a manutenção deste, além de fornecer novos elementos na construção de um olhar crítico sobre este fenômeno. / According to the World Health Organization schizophrenia is a disabling disorder of chronic course characterized by the presence of hallucinations and delusions. Some studies suggest that the use of marijuana in people diagnosed with schizophrenia may exacerbate the positive symptoms of the disease while it acts positively on the negative symptoms. Qualitative studies have emerged in the area with the goal of understanding the meanings that people diagnosed with schizophrenia attribute to the use of the substance. These studies bring those people have a positive vision regarding the usage, that this would provide them a state of relaxation and relief of the tension, as well as reporting an increase of creativity and the use of marijuana as a way to achieve a spiritual state higher, assuming a character of \"medication\". In this sense, the objective of this study was to understand the meanings that people with schizophrenia attributed to marijuana use. For this reason, a qualitative study was carried out, with a methodological clinical-qualitative. The participants were selected in a public service of mental health who specializes in alcohol and drug use in the interior of São Paulo. As an instrument of data collection, we used a script of semi-structured interview. Inclusion criteria were: being in service, or be from the selected service; have a diagnosis of schizophrenia according to ICD-10; make use of marijuana or having used the year before the interview; have more than 18 years and not make use of other illicit drugs such as cocaine or crack. a total of 10 interviews were conducted. The participants were all male and had an average age of 28. Four categories were raised from the analysis of the interviews: a) Perceptions about the illness, where participants reported prejudice and stigma surrounding the diagnosis and some symptoms of schizophrenia to incapacitate the daily activities; b) Marijuana use, this started, mostly in their teens and always in the company of friends; c) Schizophrenia and cannabis, where speeches related to increased creativity, ability to organize thought, spirituality experiences and improves the quality of sleep were present and d) Treatment, where the search for treatment always started from a family member. It is important to know the vision of these people about marijuana use to understand what supports the maintenance of this, in addition to providing new elements in building a critical look at this phenomenon.
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-10112016-133000 |
Date | 19 October 2016 |
Creators | Rufato, Lívia Sicaroni |
Contributors | Webster, Clarissa Mendonça Corradi |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
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