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Avaliação do desempenho de um questionário para detectar o uso de maconha e cocaína em uma população carcerária de São Paulo / Performance evaluation of a questionnaire to detect use of marijuana and cocaine in a prison population of Sao Paulo

INTRODUÇÃO: O instrumento escolhido para coleta de informações em uma investigação científica tem de ser capaz de traduzir, com boa precisão, a realidade estudada. Neste estudo, foi analisado o desempenho de um questionário para avaliar o consumo de drogas na prisão confrontando o relato dos entrevistados com a análise toxicológica de urina. METODOLOGIA: Foi realizado um estudo observacional transversal em setembro de 2007, numa unidade prisional masculina, localizada no estado de São Paulo. Os detentos foram entrevistados e submetidos à coleta de urina para detecção qualitativa de canabinóides e de cocaína, utilizando análise por imunoensaio enzimático. Foram selecionadas duas questões; a primeira sobre uso de drogas e, a segunda, mais específica, que identifica o padrão de uso da maconha e da cocaína na prisão. Para avaliar a capacidade destas questões em identificar corretamente os indivíduos que usam drogas na prisão, foram comparadas as respostas com os resultados de exame de urina (padrão ouro) e calculadas a sensibilidade e a especificidade. Entrevistador, período em que foi realizada a entrevista, faixa etária dos entrevistados, tempo de presídio, situação prisional, relação existente entre o delito cometido e as drogas, duração da pena atual e o resultado das análises toxicológicas da urina foram escolhidos como fatores com potencial para interferir nos resultados. RESULTADOS: Participaram da pesquisa 337 detentos, com idade média de 30,4 anos, cumprindo pena média de 10,1 anos, que estão em média há 16,7 meses no presídio e que, em sua maioria não cometeram delitos relacionados a drogas (73,3%). A prevalência obtida pela análise toxicológica da urina foi de 61,4% para maconha e 7,7% para cocaína. Combinar as questões melhorou o desempenho do questionário. Dos 260 entrevistados identificados, pelo questionário, como usuários de drogas na prisão, 191 tiveram resultado positivo na análise toxicológica da urina e 69, resultado negativo. Dos 76 entrevistados identificados como não usuários de droga na prisão, 21 tiveram resultado positivo na análise toxicológica da urina e 55, resultado negativo (Sensibilidade=90,1% e Especificidade=44,1%). A prevalência para o uso de maconha na prisão, obtida a partir das entrevistas, foi de 77,4% e, para o de cocaína, de 8,8%. Os detentos que não cometeram crimes relacionados a drogas (p=0,011) e os com resultado positivo para a análise da urina para canabinóides (p=0,028) tiveram um desempenho melhor ao responder as questões relacionadas ao uso de cocaína. Os detentos mais novos consomem mais maconha na prisão (80,6%, p=0,000). Já os reincidentes (11,4%, p=0,017) e os que estão há mais tempo no presídio (17,3%, p=0,038) destacaram-se como os que consumem mais cocaína. Os detentos primários (11,3%, p=0,028) e os com resultado positivo na análise da urina para canabinóides (10,2%, p=0,009) apresentaram frequência maior de respostas dissociadas. Apresentaram frequência menor, os que cumprem pena entre 6,33 e 14,62 anos (3,4%, p=0,025). CONCLUSÕES: A concordância entre o relato de consumo de maconha e cocaína na prisão obtida pelo questionário e o resultado do exame toxicológico foi boa para as duas drogas. Combinar as respostas apareceu como uma forma de melhorar a sensibilidade do questionário. / INTRODUCTION: The instrument used for collection of information in scientific research must be able to translate with accuracy the reality under investigation. In this study, we investigated the performance of a questionnaire in assessing drug use in prison compared with toxicological analysis of urine. METHODS: A cross sectional observational study was conducted in September 2007, in a male inmate placed in the state of Sao Paulo. The prisoners were interviewed and underwent urine collection for the detection of cannabinoids and cocaine metabolites trough toxicological analysis (enzyme immunoassay). Two questions were selected, one about drug use in general, and a second one, which was more specific and used to identify the drug consumption pattern in prison. To assess the ability of these questions to correctly identify individuals who currently use drugs in prison, the responses were compared with the urine test (gold standard) and sensitivity and specificity rates were calculated. Interviewer characteristics, total period of interview, age of respondents, time in jail, penalties conditions, relationship between the offense and drug use, total penalty time and urinalysis were considered factors with the potential to affect the results. RESULTS: 337 prisoners completed the questionnaire and provided urine samples for the study. These subjects presented a mean age of 30.4 years, an average time spent in prison of 1 year and 16.7 months, 10.1 years of total penalty time and the majority of them have not committed crimes related to drugs (73.3%). The prevalence based on urine toxicological analysis was 61.4% for marijuana and 7.7% for cocaine. When the answers to the questions were combined to the toxicological results, the assessment for drug consumption trough the questionnaire was improved. Of the 260 respondents identified by the questionnaire as a drug user in prison, 191 presented positive results for toxicological analysis and 69 negative results. Of the 76 respondents identified as non-drug user in prison, 21 presented positive results for toxicological analysis and 55 negative (sensitivity=90.1% and specificity =44.1%). The prevalence of cannabis use in prison taking into account only the interviews was 77.4% and 8.8%, for marijuana and cocaine, respectively. Prisoners who have committed crimes related to drugs (p=0,011) and those with positive urinalysis for cannabinoids (p=0,028) performed better in answering questions related to cocaine use. The younger prisoners consumed more marijuana in prison (80.6%, p=0,000) than their older counterparts. Repeat offenders (11.4%, p=0,017) and those who are in prison for longer (17.3%, p=0,038) time stood out as those who consume more cocaine. First offenders (11.3%, p=0,028) and those with positive urinalysis for cannabinoids (10,2%, p=0,009) showed higher frequency of misleading answers and, less often, those who were serving time between 6.33 and 14.62 years (3.4%, p=0.025). CONCLUSIONS: The agreement between the reporting of marijuana and cocaine consumption in prison obtained by questionnaire with toxicological essay was adequate for both use in general and recent use. Combining responses appeared as a way to improve the sensitivity of the questionnaire.

Identiferoai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-22092010-112054
Date13 August 2010
CreatorsFabiani, Maria Claudia de Mattos
ContributorsCarvalho, Heraclito Barbosa de
PublisherBiblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Source SetsUniversidade de São Paulo
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
TypeTese de Doutorado
Formatapplication/pdf
RightsLiberar o conteúdo para acesso público.

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