[pt] A rasura é uma prática de vida: eu risco sobre o outro, o outro risca
sobre mim. Proponho a escrita de um ensaio que tem como norte
investigar gestos de rasura da binariedade de gênero. Olho para afetos,
palavras e matéria que compõem a gramática de gênero Ocidental. São,
neste texto, representantes do afeto: a dor e a vergonha; das palavras: o
nome; da matéria: o corpo. A primeira rasura se apresenta como uma
proposta de novas formas de se relacionar com afetos marcados como
negativos em sua associação com o feminino e a improdutividade. As
segunda e terceira rasuras localizam o projeto no campo dos estudos da
transgeneridade, quando entramos a/efetivamente nas experiências de
modificação de si. Busco repensar a relação com o passado de corpos
trans, habitualmente convidados ao esquecimento em busca de uma
aproximação da cisnormatividade. Revisito os gestos de retificação do
nome e modificação corporal como gestos de rasura que não se
esquecem. Proponho pensarmos o nome morto a partir de uma relação
fora da binariedade Ocidental que exclui os mortos das relações vivas. E
também refletirmos sobre formas de nos relacionar criativamente com a
transformação dos nossos corpos em corpos monstruosos, inventada pela
cisnormatividade branca e potencializada pelas modificações hormonais e
cirúrgicas. O objetivo desta pesquisa é pensar que possibilidades se
abrem quando não esquecemos o passado dos nossos corpos e damos
atenção à rasura como modo de vida e de mundificação em seu potencial
destruidor do mundo binário. / [en] Stains are part of life: I leave a mark on the other, the other leaves
one on me. Here, I propose the writing of an essay that aims to investigate
gestures of staining the gender binary. I look at affects, words and matter
that make up the grammar of Western gender. In this work, the following
are representatives of affection: pain and shame; of words: the name; of
matter: the body. The first stain is presented as a proposal aiming new
ways of relating to affects marked as negative in their association with the
feminine and unproductiveness. The second and third stains locate the
project in the field of transgender studies, when we enter a/effectively in
the experiences of transforming the self. I seek to rethink the relationship
with the past of trans bodies, usually invited to oblivion in order to achieve
an approximation of cisnormativity. I revisit the name rectification gestures
and body modifications as stain gestures that are not forgotten. I propose
that we think of the dead name from a point of view outside the Western
binary that excludes the dead from living relationships. And I also reflect
on ways to relate in an inventive way with the transformation of our bodies
into monstrous bodies, invented by white cisnormativity and potentiated by
hormonal and surgical modifications. The objective of this research is to
think about what possibilities open up when we do not forget the past of
our bodies and pay attention to stains as a way of life and mundification in
its destructive potential of the binary world.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:62944 |
Date | 20 June 2023 |
Creators | PE SOBRINHO MOREIRA |
Contributors | ANA PAULA VEIGA KIFFER |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | English |
Type | TEXTO |
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