O Programa Saúde da Família, proposto em 1994 pelo Ministério da Saúde, definiu-se como uma estratégia de reorganização da Atenção Primária à Saúde no Brasil. Gradualmente, ele foi sendo implantado também em grandes centros urbanos, até que, em 2001, ocorreu a municipalização da saúde na cidade de São Paulo, com a implantação desse modelo no bairro do Bom Retiro, região central da capital paulista. Esse bairro constitui uma paisagem única, marcado, desde sua origem, no final do século XIX, pela presença de diversas etnias, constituindo um microcosmo social, tendo recebido, ao longo de sua história, grandes contingentes de imigrantes com características culturais bastante particulares. Atualmente, entre a população que o frequenta e habita, os coreanos e os bolivianos passaram a constituir os dois grupos de imigrantes com presença marcante no bairro, ambos inseridos na base material da indústria de confecção, uma vez que a produção têxtil é um dos eixos econômicos estruturantes do Bom Retiro. A inserção de uma Unidade de Saúde da Família nesse bairro provocou a reflexão sobre as potencialidades e as dificuldades do Programa Saúde da Família em grandes centros urbanos; trouxe para discussão questões relativas à presença desses imigrantes; e exigiu análises diversas, em torno da interação entre profissionais dos serviços de saúde e seus usuários. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar a interação entre o Programa Saúde da Família e os imigrantes coreanos e bolivianos localizados no bairro do Bom Retiro na cidade de São Paulo, redundando em uma experiência particular. Trata-se de uma pesquisa de referencial qualitativo, que utilizou a técnica de entrevistas semiestruturadas com três coreanos, três bolivianos e seis trabalhadores da saúde da Unidade de Saúde da Família do Bom Retiro. Para a análise das entrevistas, utilizou-se a técnica de análise temática de conteúdo, considerando as conjunturas, as razões e as lógicas, bem como as ações e as inter-relações estabelecidas com o coletivo e as instituições. Os resultados exibem as particularidades da inserção desses dois grupos de imigrantes no bairro do Bom Retiro e flagram, particularmente, dimensões do mundo do trabalho e de moradia e grande mobilidade espacial imigratória, exigindo a flexibilização da lógica cartográfica do Programa Saúde da Família, com a ampliação do conceito de família, e as diversas estratégias comunicativas de que a equipe de Saúde da Família lançou mão para implementar a comunicação com os imigrantes coreanos e bolivianos / The Family Health Program, proposed in 1994 by the Ministry of Health, was defined as a strategy for reorganizing Primary Health Care in Brazil. It was gradually implemented in major urban areas. In 2001, health care services in the city of São Paulo were municipalized, with the implementation of this model in Bom Retiro, in the downtown area of the city of São Paulo. Such neighborhood has a unique landscape, marked since its beginnings, at the end of the 19th century, by the presence of several ethnic groups. It is a social microcosm, which received large groups of immigrants throughout its history, bringing their own unique cultural characteristics to the area. Nowadays, Koreans and Bolivians have become the two most significant immigrant groups among the population living and working in the area. Both groups are integrated into the material base of clothing industry, since textile manufacture is one of the economic structural axes of Bom Retiro. The establishment of a Family Health Unit in Bom Retiro, besides evoking a reflection on the potential and difficulties for the Family Health Program in large urban areas, also brings issues related to the presence of these immigrants to the discussion, requiring various analyses on the theme of interaction between health care professionals and users. Thus, the purpose of this work is to analyze the interaction between the Family Health Program and Korean and Bolivian immigrants located in the neighborhood of Bom Retiro, in the city of São Paulo, which results in a unique experience. This is a qualitative research, which used the technique of semi-structured interviews with three Koreans, three Bolivians and six health care workers from the Bom Retiro Family Health Unit. With regard to the analysis of the interviews, the technique of thematic content analysis was used, considering the conjunctures, reasons and logic, as well as actions and interrelations established between the collective and the institutions. The results show the particularities of the insertion of these two immigrant groups in Bom Retiro, and highlight in particular the dimensions of the world of work, housing and the large spatial mobility of immigrants, requiring Family Health Program\'s map-based logic to become more flexible, with the enlargement of the concept of family and several communication strategies used by the Family Health team to establish communication with the Korean and Bolivian immigrants
Identifer | oai:union.ndltd.org:usp.br/oai:teses.usp.br:tde-03102013-103833 |
Date | 05 September 2013 |
Creators | Aguiar, Marcia Ernani de |
Contributors | Mota, Andre |
Publisher | Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP |
Source Sets | Universidade de São Paulo |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | Dissertação de Mestrado |
Format | application/pdf |
Rights | Liberar o conteúdo para acesso público. |
Page generated in 0.0027 seconds