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Reflexões sobre o terceiro setor: o caso da ASTUR/PE

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Previous issue date: 2004 / Este estudo tem como eixo condutor a compreensão da ASTUR/PE, enquanto
modelo de instituição não-estatal, no processo de fortalecimento do potencial
turístico do Estado de Pernambuco, especificamente na base política denominada
município. O Estado moderno parte do princípio de que não lhe cabe mais realizar
certas atividades econômicas e sociais, frutos do modelo neoliberal. Os estragos
sociais e econômicos são evidentes, somados à ineficácia das estratégias utilizadas
para compensar o desmonte da coisa pública. Nesse espaço, emerge e sobressai-se
o terceiro setor, compreendendo, entre outras instituições, as entidades sem fins
lucrativos, objeto do presente estudo. Cada vez mais, essas organizações
transmutam-se em mecanismo de apoio ao Estado, sobretudo nos segmentos
econômicos e sociais geradores de emprego e renda, tendo como conseqüência
principal a redução dos níveis gerais de pobreza. Nesse contexto, constata-se a
importância política, econômica e social do voluntariado. Muito mais do que um ato
de consciência cívica e um exercício de cidadania, legitimado pela sociedade e
reconhecido pelo Estado, o voluntariado remete-se ao privilégio da dádiva,
preconizado no célebre Essai sur le don, de Marcel Mauss (1924), cujo conceito
pressupõe a capacidade de dar, receber e a reciprocidade. Utilizou-se o modelo de
Mauss, para explicar o modo de atuação da ASTUR/PE, além das suas cláusulas
regimentais.Trata-se de uma pesquisa qualitativa explicativa, realizada por meio de
investigação documental, bibliográfica e, por se tratar de um estudo de caso, limitase
ao âmbito da ASTUR/PE. Verificou-se que a ASTUR/PE é percebida pelos
governos municipais como força aglutinadora e integradora dos municípios
partícipes, tendo como conseqüência o desenvolvimento de políticas públicas
geradoras do desenvolvimento do turismo local. Constatou-se que a referida
Associação assume o papel de elemento de pressão nas decisões que beneficiam
ou estimulam o turismo local. Percebe-se a ASTUR/PE como parceira de entidades
e programas governamentais, voltados ao desenvolvimento do turismo. Nota-se uma
certa ingenuidade no tocante à política institucional interna, em virtude do
desalinhamento estratégico entre as funções efetivamente realizadas e aquelas
instituídas no seu estatuto. Confirmou-se uma forte similitude entre o modelo
proposto por Mauss, tendo em vista que as ações desenvolvidas pela ASTUR/PE
não se dão sob a forma estabelecida na sociedade capitalista, ou seja, que a
obrigação de dar, receber e retribuir da ASTUR/PE nada tem a ver com a caridade e
sim, com a forma de estimular seus colaboradores a desenvolverem manifestações
de generosidade. Além do mais, o fato de disponibilizar seu tempo e sua pessoa,
sem a devida remuneração pecuniária, é a marca que conduz as ações da
ASTUR/PE, comprovando que existe um vínculo evidente entre a significação da
dádiva e a do estatuto da ação associativista. Por conseguinte, os que fazem a
ASTUR/PE estão muito mais preocupados em se organizarem para dar o mais
possível, do que acumular a maior quantidade de riquezas, confirmando que estes
adotam, mesmo sem o conhecimento teórico devido, o modelo proposto por Mauss

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufpe.br:123456789/7813
Date January 2004
CreatorsLuiz Azevedo de Souza, Jorge
ContributorsMaria Brandão de Aguiar, Sylvana
PublisherUniversidade Federal de Pernambuco
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFPE, instname:Universidade Federal de Pernambuco, instacron:UFPE
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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