[pt] A dissertação compreende a colonização das Américas como marco fundamental
da política internacional moderna e defende a necessidade de engajamento da
disciplina de Relações Internacionais com os povos indígenas, sobretudo ao
compreender o caráter global das suas lutas políticas. Nesse contexto, o presente
trabalho investiga as dimensões globais e coloniais das ameaças aos territórios
indígenas, sobretudo as estratégias de dominação operadas no Território Indígena
do Xingu, ameaçado pelas fronteiras econômicas do agronegócio e pela extração
de madeira ilegal. Tendo a análise do bandeirantismo como fio condutor da
dissertação, o trabalho está estruturado em quatro movimentos. O primeiro
movimento apresenta o panorama histórico do Território Indígena do Xingu, por
meio da intersecção entre a antropologia histórica crítica, a etnoarqueologia e a
perspectiva pós-colonial, a fim de compreender as ameaças e resistências ao
bandeirantismo e as consequências contemporâneas da situação colonial na
primeira Terra Indígena demarcada no Brasil. O segundo movimento analisa, por
um lado, a centralidade do bandeirantismo na colonização brasileira e, por outro, o
seu papel na formação do capitalismo global e na subjetivação de um modo de
vida imperial, baseado no eurocentrismo e no racismo. Em um terceiro momento,
analisa-se estratégias coloniais de dominação para com os povos indígenas e seus
territórios em dois momentos históricos distintos, identificando a continuidade,
sob novas configurações, da ―guerra de conquista‖ após a independência. Por fim,
o quarto movimento analisa as tensões territoriais e as estratégias de dominação
que afetam o Território Indígena do Xingu na contemporaneidade,
compreendendo como os discursos e práticas da política internacional operam
localmente por meio da articulação entre as gramáticas da economia política e as
hierarquias coloniais. Dessa forma, a dissertação argumenta que as ameaças aos
territórios indígenas são consequências das próprias dinâmicas dos padrões de
poder globais, forjadas a partir da colonização das Américas e da consolidação do
capitalismo. As invasões aos territórios indígenas durante os séculos XVII e
XVIII, orquestradas pelo projeto colonial e realizada pelos bandeirantes, foram
fundamentais para o processo de estruturação dos padrões de poder globais, cujas
dinâmicas violentas do modo de vida imperial constituem a base da política
internacional moderna. Assim, engajar-se com a luta dos povos indígenas pelos
seus territórios representa um engajamento com os atores e as disputas centrais da
política internacional. / [en] The dissertation understands the colonization of the Americas as a fundamental
milestone of modern international politics and defends the need for the discipline
of International Relations to engage with indigenous peoples, especially by
understanding the global role of their political struggles. In this context, it
investigates the global and colonial dimensions of the threats to indigenous
territories, especially the domination strategies operated in the Xingu Indigenous
Territory, threatened by the economic frontiers of agribusiness and illegal logging.
With the analysis of bandeirantismo as the guiding thread of the entire
dissertation, the work is structured in three movements. The he first movement
presents the historical panorama of the Xingu Indigenous Territory, through the
intersection between critical historical anthropology, ethnoarchaeology and the
postcolonial perspective, in order to understand the threats and resistances to
bandeirantismo and the contemporary consequences of the colonial situation in
the first demarcated Indigenous Land in Brazil. The second movement analyses,
on the one hand, the centrality of bandeirantismo in Brazilian colonization and, on
the other, its role in the formation of global capitalism and in the subjectivation of
an imperial way of life, based on Eurocentrism and racism. The third movement
analyzes the colonial strategies of domination towards indigenous peoples and
their territories in two different historical moments, identifying the continuity of
the "war of conquest" after independence. Finally, the fourth movement analyzes
the territorial tensions and strategies of domination that affect the Xingu
Indigenous Territory in contemporary times, understanding how the discourses
and practices of international politics operate locally through the articulation
between the grammars of political economy and colonial hierarchies. In this way,
the dissertation argues that the threats to indigenous territories are consequences
of the dynamics of global power patterns, forged from the colonization of the
Americas and the consolidation of capitalism. The invasions of indigenous
territories during the 17th and 18th centuries, orchestrated by the colonial project
and carried out by the bandeirantes, were cricial to the process of structuring
global power patterns, whose violent dynamics of the imperial way of life
constitute the basis of modern international politics. Thus, engaging with
indigenous peoples struggle for their territories represents an engagement with the
central actors and disputes of international politics.
Identifer | oai:union.ndltd.org:puc-rio.br/oai:MAXWELL.puc-rio.br:65149 |
Date | 27 November 2023 |
Creators | GIORGIO GARCIA CRISTOFANI |
Contributors | MARTA REGINA FERNANDEZ Y GARCIA MORENO, MARTA REGINA FERNANDEZ Y GARCIA MORENO, MARTA REGINA FERNANDEZ Y GARCIA MORENO |
Publisher | MAXWELL |
Source Sets | PUC Rio |
Language | Portuguese |
Detected Language | Portuguese |
Type | TEXTO |
Page generated in 0.0028 seconds