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Depois do fim do mundo: a Opisanie Swiata de Verônica Stigger

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Florianópolis, 2015. / Made available in DSpace on 2016-01-15T14:50:47Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2015 / Esta dissertação trabalha com o conceito de fim do mundo, entendido aqui como não unitário e concreto, ou seja, não se fala de um único fim, muito menos de um único mundo, pois lidamos com a abrangência de um final talvez já vivenciado por todos nós. Para isso, nos aprofundamos justamente em alguns objetos que subvertem e quebram a unicidade do dito acontecimento. A autora brasileira Veronica Stigger, no seu livro Opisanie Swiata - descrição do mundo em português - narra uma viagem, por volta dos anos de 1930, de um polonês até a Amazônia brasileira para nela encontrar um filho no leito de morte. O pai deixa para trás o Velho Mundo - prestes a desmoronar com o início da Segunda Guerra Mundial - e empreende um deslocamento à procura de seu rebento desconhecido, mostrando-se como uma perda para ele, seja do território perdido, de sua linhagem esquecida e até mesmo dele enquanto sujeito, fazendo-o não reconhecer mesmo a terra do sem-fim brasileira. Opalka - este é o nome dele -, não se reconhece quando se vê novamente na mesma localidade, mas, ao encarar seu filho morto segurando uma fotografia antiga, se identifica com esse outro até então desconhecido; Opalka se viu em um outro, o devorou em um ato antropofágico e a resultante desse procedimento foi o início da escrita em seu caderninho preto de uma história, cujo título foi Opisanie Swiata, um livro de memórias dedicado a Natanael, seu filho. O recurso à recuperação de uma perda pela via memorialística - cartas, romance, relato, imagem etc. - também se encontra em alguns escritores da literatura brasileira contemporânea. Os dois escolhidos por nós neste trabalho foram Ricardo Lísias, com seu livro O céu dos suicidas, e Luisa Geisler, com o livro Luzes de emergência se acenderão automaticamente. Aquele narra a dor de Ricardo Lísias, o personagem, depois do suicídio de seu melhor amigo e quais marcas foram deixadas em seu corpo à medida que essa perda se mostra como o princípio de seu próprio fim; já Geisler trabalha pela via epistolar ao nos apresentar as inúmeras cartas de Henrique endereçadas ao seu amigo, em coma, Gabriel. Henrique quer, com isso, criar uma memória para, quando o corpo acordar, não perder nada do que acontecera, mas, com o tempo, ele percebe ser impossível e uma luz de emergência acende em sua vida. Nestes três livros nós de alguma maneira estamos em um mundo onde o fim já ocorreu e o que resta a cada um de nós é o processo de vivenciar esse fim como uma perda.<br> / Resumé : Cette dissertation travaille avec le concept de la fin du monde, pas comprise ici comme étant unitaire et concrète. Autrement dit, nous ne parlerons guère d'une fin du monde unique, encore moins d'un unique monde, car notre travail parlera d'une fin peut-être déjà expérimentée par nous tous. Pour cela, nous nous concentrerons sur certains objets qui subvertent et cassent l'unité du dit événement. L'auteure brésilienne Veronica Stigger, dans le livre Opisanie Swiata - description du monde en français - raconte un voyage, dans les années 1930, d'un Polonais jusqu'à l'Amazonie brésilienne voulant rencontrer un fils au lit de mort. Le père laisse derrière lui le Vieux Monde - prêt à se désagréger avec le début de la Deuxième Guerre mondiale - et entreprendre un déplacement à la recherche de son bourgeon méconnu. Celui-ci se montre peu à peu comme une perte pour lui, soit du territoire perdu, soit de sa lignée oubliée, voire de lui en tant que sujet. Ce qui le rendra incapable de reconnaître la "terre du sans-fin brésilienne". Opalka - ceci est son nom -, ne se reconnait pas lorsqu'il se voit encore une fois dans le même lieu, mais face à son fils, décédé avec une vielle photographie à la main, il s'identifie à cet autre inconnu ; Opalka se voit dans un autre, lui dévorant lors d'un acte anthropofagique. Le résultat de cette démarche est le début de l'écriture d'une histoire, dans son petit cahier noir, dont le titre est Opisanie Swiata - un livre de mémoires dedié à son fils Natanael. La récuperation d'une perte par la mémoire - lettres, romains, rapport, images etc. - se trouve également chez certains écrivains de la littérature contemporaine brésilienne. Les deux auteurs choisis dans ce travail sont : Ricardo Lísias, avec son livre Le ciel du suicidaire ; et Luisa Geisler, avec son livre L'éclairage d'urgence s'allumera automatiquement. Ce dernier raconte le chagrin du personnage Ricardo Lísias après le suicide de son meilleur ami et les marques laissées sur ce corps au fur et à mesure que sa perte se construit en principe de sa propre fin. Désormais, Geisler, par le biais de la ligne épistolaire, nous présente maintes lettres d'Henrique s'adressant à son ami, dans le coma, Gabriel. Henrique cherche, avec cela, à créer une mémoire pour qu'au réveil du corps il n'ait rien perdu de ce qui se serait passé. Avec le temps, il se rend compte de l'impossibilité de la tâche et à ce moment-là un "éclairage d'urgence" s'allume dans sa vie. Dans ces trois livres, nous sommes dans un monde où la fin est déjà arrivée et ce qui reste à chacun de nous est l'expérience de cette fin en tant que perte.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/158414
Date January 2015
CreatorsSilva, Gustavo Ramos da
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Antelo, Raúl
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageFrench
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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