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A cultura do arroz de sequeiro no extremo oeste de Santa Catarina

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências Agrárias, Programa de Pós-Graduação em Recursos Genéticos Vegetais, Florianópolis, 2017. / Made available in DSpace on 2017-10-03T04:17:44Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2017 / O arroz apresenta grande importância mundial, estando presente diariamente nas refeições dos brasileiros. Em Santa Catarina, a produção formal de arroz ocorre nas regiões litorâneas em sistema irrigado a partir de cultivares melhoradas por instituições de pesquisa. Todavia, na microrregião do Extremo Oeste de Santa Catarina (EOSC), representada pelos municípios de Anchieta e Guaraciaba, o cultivo deste recurso fitogenético ocorre em sistema de sequeiro. Com objetivo de conhecer a diversidade das variedades locais de arroz de sequeiro conservada no EOSC e dos fatores associados à sua conservação, foram entrevistadas 166 famílias de agricultores do EOSC identificadas como mantenedoras de variedades de arroz de sequeiro. Entre as famílias entrevistadas, 86 ainda cultivavam anualmente suas variedades e foram questionadas sobre características de sua variedade, tais como origem, tempo de cultivo, valores de uso e caracteres morfológicos e agronômicos, além dos métodos de cultivo e seleção praticados. Outras 59 famílias não cultivavam mais suas variedades e foram questionadas sobre os motivos relacionados à perda de sementes ou ao abandono do cultivo. De forma geral, os mantenedores das variedades locais de arroz de sequeiro conservadas no EOSC são homens, com idade acima de 50 anos, com ensino fundamental incompleto, de ascendência italiana ou alemã, com renda oriunda de produtos ou serviços da agropecuária e associado à alguma organização social. As famílias residem na região, em média, há 30 anos e são compostas por 3 a 4 familiares residentes na propriedade rural. As famílias entrevistadas mantinham 112 variedades locais, dentre as quais 105 foram doadas para estudos e estão armazenadas no banco de sementes do Núcleo de Estudos em Agrobiodiversidade/UFSC). A produção ocorre em pequenas propriedades rurais com diferentes níveis de declividade, baixa mecanização e intensa mão de obra. As variedades são produzidas em uma mesma propriedade, em média, há 12 anos, essencialmente para o autoconsumo da família. Os nomes das variedades referenciam principalmente a morfologia de grãos e algumas variedades não são denominadas pelos agricultores. A principal forma de obtenção de sementes foi por doações de vizinhos ou de parentes. Foram encontrados nove grupos morfológicos, com base na descrição dos agricultores para o formato e cor dos grãos. Tal diversidade mapeada geograficamente apontou 18 regiões com elevada diversidade, consideradas prioritárias para execução de projetos integrados de conservação. Para as famílias que não conservam mais suas variedades, a seca, o trabalho exaustivo na condução da lavoura e a baixaprodutividade das variedades foram os principais motivos associados à perda de sementes ou ao abandono do cultivo. Tais razões evidenciam que mudanças climáticas e mudanças socioculturais nas famílias residentes no EOSC têm agravado a erosão genética deste recurso fitogenético. Entre os atuais mantenedores das variedades locais, 48 praticam a seleção, por meio de métodos capazes de manter a adaptação local das variedades. Com base na análise de agrupamento (realizada a partir do índice de Jaccard e agrupamento UPGMA), nota-se a inexistência de práticas diferenciadas entre os agricultores. A caracterização com base nos descritores mínimos para a cultura do arroz, realizada em 60 variedades coletadas (acessos) no EOSC, apontou a existência de diversidade entre e dentro. Com base nos caracteres cor da pálea e lema, presença de aristas, pubescência das glumelas, formato de grão integral e cor de grão integral, foram encontrados 21 grupos morfológicos, distribuídos de forma aleatória na área de estudo. A análise agrupamento (realizada a partir da distância Euclidiana e agrupamento UPGMA) identificou quatro grupos e o isolamento de quatro variedades, que estão distribuídas geograficamente de forma aleatória nos municípios de estudo. Com base na caracterização morfológica, também foi possível identificar acessos com características pertencentes aos principais subgrupos da espécie Oryza sativa L., índica e japônica, bem como acessos com caraterísticas intermediárias a esses subgrupos. Em suma, a conservação in situ - on farm das variedades de arroz de sequeiro, realizada por diferentes gerações de agricultores, promove a segurança alimentar das famílias do EOSC. As práticas de manejo genético aliadas às condições ambientais da região permitiram a manutenção de adaptações locais, imprescindíveis para a contínua conservação das variedades no EOSC. As diferenças verificadas entre e dentro dos acessos avaliados são ponto de partida para estruturação de um programa de melhoramento genético participativo, como uma das formas de incentivo a produção desse recurso fitogenético na região e valorização da agrobiodiversidade e da cultura local.<br> / Abstract : Rice is a grain with worldwide importance, being present daily in Brazilian meals. In Santa Catarina, most of the rice production occurs maily in coastal regions, through an irrigated system and by improved cultivars provided by research institutions. However, in the western microregion of Santa Catarina (EOSC), represented by the municipalities of Anchieta and Guaraciaba, the cultivation of this grain occurs by upland system. In order to know the diversity of landraces from upland rice conserved at EOSC, and also the factors associated with its conservation, 166 EOSC families farmers, identified as maintainers of upland rice varieties were interviewed. Among the families, 86 still cultivated their varieties annually. They were questioned about characteristics of their variety, such as: origin, cultivation time, use values, morphological and agronomic characters, as well as the cultivation and the selection methods practiced. 59 families, no longer cultivated their varieties and were questioned about the reasons related to the loss of seeds or the abandonment of the cultivation. In general, the maintainers of the local upland rice varieties kept in the EOSC are men, aged over 50, with incomplete elementary education, being Italian or German descent, with money income from agricultural products or services and associated with some social organization. These families live in the region on average for 30 years and are composed of 3 or 4 family members residing on the farm. The families interviewed maintained 112 landraces (105 were donated for studies and are stored in the seed bank of the Núcleo de Estudos em Agrobiodiversidade/Universidade Federal de Santa Catarina ? NEAbio/UFSC). The production takes place in small farms with different levels of slopes, low mechanization and intense labor. The varieties are produced in the same property, on average for 12 years, essentially for the family's own consumption. The names of the varieties refer mainly to the morphology of grains and some varieties are not denominated by their farmers. The principal method to obtaining seeds was by donations from neighbors or relatives. Nine morphological groups were found, based on the farmers' description of the shape and color of the grains. This geographically mapped diversity indicated 18 regions with high diversity, considered as priorities for the implementation of integrated conservation projects. For families that no longer conserve their varieties, the main reasons associated with seed loss or crop abandonment were drought, exhaustive farming and low yields of varieties. These reasons show that climate change andsociocultural changes in families living in the EOSC have aggravated the genetic erosion of this plant genetic resource. Among the present maintainers of the landraces, 48 practice selection, by means of methods able to maintain the local adaptation of the varieties. Based on the clustering analysis (performed from the Jaccard index and UPGMA grouping) we can note the lack of differentiated practices among farmers. The characterization based on the minimum descriptors for rice cultivation in 60 varieties collected (accesses) in the EOSC pointed to the existence of diversity between and within. Based on the characters color of the palletism and lemma, presence of edges, pubescence of the glumes, integral grain shape and color of whole grain were found 21 morphological groups, distributed randomly by the municipalities where the study was developed. The cluster analysis (performed from the Euclidean distance and UPGMA grouping) identified four groups and the isolation of four varieties, which are also distributed geographically randomly in the study area. Based on the morphological characterization, it was also possible to identify accesses with characteristics belonging to the main subgroups of the species Oryza sativa L., indica and japonic, as well as accesses with intermediary characteristics to these subgroups. In short, the in situ conservation - on farm of the rice varieties of rainforest, carried out by different generations of farmers, promotes the food security of the EOSC families. Genetic management practices combined with the environmental conditions of the region allowed for the maintenance of local adaptations, essential for the continuous conservation of varieties in the EOSC. The differences verified between and within the access evaluated are the starting point for structuring a participatory genetic breeding program as one of the ways to encourage the production of this plant genetic resource in the region and the valorization of agrobiodiversity and local culture.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/179889
Date January 2017
CreatorsPinto, Tassiane Terezinha
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Ogliari, Juliana Bernardi
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format174 p.| il., gráfs., tabs.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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