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Interferência do ácido ascórbico em determinações bioquímicas

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Farmácia / Made available in DSpace on 2012-10-19T03:26:55Z (GMT). No. of bitstreams: 0Bitstream added on 2014-09-26T00:07:17Z : No. of bitstreams: 1
182934.pdf: 7268543 bytes, checksum: 82c54dff6fb099c9858b242474fee418 (MD5) / O ácido ascórbico (AA), quando presente em amostras biológicas, pode interferir nos ensaios laboratoriais modificando o diagnóstico clínico-laboratorial. Os objetivos desse estudo foram: i) avaliar o grau de interferência de várias doses de AA nos ensaios bioquímicos séricos e urinários que utilizam reações de óxido-redução, em amostras coletadas em diferentes períodos de tempo após a ingestão de vitamina C; ii) comparar o nível de interferência do AA em diferentes "kits" e tiras reativas para urinálise após a adição do AA; iii) verificar o tempo de oxidação do AA em amostras de soro necessário para diminuir o efeito interferente e; iv) estudar os possíveis mecanismos da interferência do AA em ensaios baseados no sistema de reação oxidase/peroxidase com 4-aminofenazona e compostos fenólicos (Trinder). Após a ingestão de 0,15 a 4 g/d de vitamina C por uma semana, os níveis séricos de AA elevaram-se significativamente provocando inibição até 12 e 24 h após a ingestão nas determinações séricas de bilirrubina total e ácido úrico, respectivamente (p<0,05). Colesterol total, glicose e creatinina não sofreram interferências, enquanto que os triglicerídeos apresentaram uma inibição 12 h após a ingestão de 4 g/d de vitamina C. Os níveis urinários de AA foram suficientemente elevados para provocar uma inibição significativa nas reações para a detecção de glicose e hemoglobina urinárias, inclusive em amostras coletadas após 48 h a ingestão. A adição ao soro de AA, em concentrações semelhantes àquelas encontradas após a suplementação vitamínica, causou interferências significativas nas reações para a determinação de ácido úrico, enquanto doses maiores de AA, encontradas após a administração endovenosa, também interferiram nas reações para triglicerídeos, colesterol, glicose e bilirrubina. A comparação dos níveis de interferência ex vivo e in vitro demonstraram que o AA parece interferir no metabolismo da bilirrubina, enquanto que para os demais analitos a interferência foi somente analítica. O AA adicionado em diferentes concentrações às amostras de urina também provocou inibição nas reações para a detecção de glicose, hemoglobina, nitrito, bilirrubina e, em menor extensão, para leucócitos. Em geral, o grau de interferência foi diretamente proporcional à concentração de AA e inversamente proporcional à quantidade de analito na amostra. As diferentes marcas de "kits" e tiras reativas estudadas não apresentaram diferenças importantes em relação ao efeito interferente do AA. Dependendo da concentração de AA, o mesmo continuou a interferir nas reações de Trinder, principalmente para ácido úrico, até 72 h após a adição do AA. Os resultados dos estudos in vitro demonstraram que o ácido de hidroascórbico não interferiu nas reações. A quantificação do AA nas amostras de soro demonstrou uma estabilidade elevada se comparada com a sua meia-vida em solução aquosa, sendo este o responsável pela prolongada interferência. O estudo do mecanismo de interferência demonstrou que o AA interfere nas reações de Trinder com 4-aminofenazona e compostos fenólicos através do consumo do peróxido de hidrogênio, responsável pela formação do cromógeno oxidado. O AA não interferiu, portanto, com os constituintes da reação nem tampouco na redução do cromógeno oxidado. Baseados nesses resultados, podemos concluir que mesmo pequenas doses de AA provocaram importantes interferências nos ensaios laboratoriais, dependendo do tempo em que as amostras foram coletadas após a ingestão. Assim, para evitar resultados falso-negativos sugerimos a suspensão da ingestão de altas doses de vitamina C (2-4g), 48 e 72 h antes das coletas de sangue e de urina, respectivamente. Devido à alta estabilidade do AA no soro, para evitar o efeito interferente é necessário esperar um tempo superior ao recomendado para a realização dos ensaios. Finalmente, baseado no mecanismo de interferência, podemos sugerir que substâncias redutoras do AA deveriam ser acrescentadas aos reagentes para aumentar a resistência contra o efeito interferente do AA, tendo em vista que a 4-aminofenazona e os compostos fenólicos não reagiram com o AA.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/81416
Date January 2001
CreatorsMartinello, Flávia
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Silva, Edson Luiz da
PublisherFlorianópolis, SC
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Format[126] f.| grafs., tabs.
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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