Return to search

O trabalho como possibilidade de satisfação pulsional

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico. Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. / Made available in DSpace on 2012-10-20T14:34:48Z (GMT). No. of bitstreams: 0 / Esta tese apresenta como tema a articulação entre o trabalho e a sublimação, como uma possibilidade de satisfação pulsional. Esta articulação é feita através da interpretação hermenêutica do mito de Prometeu. A sublimação, segundo a psicanálise, é uma das vicissitudes pulsionais em que ocorre uma mudança na finalidade pulsional, às custas da substituição do objeto inicialmente sexual por outro que tem como característica a valorização coletivo. Embora exista a substituição, o objeto, agora 'dessexualizado', mantém estreita relação com o objeto inicial. Assim, a partir da sublimação o sujeito com suas características particulares e seus modos de satisfação peculiares, ultrapassa a barreira do individual para o social. O sujeito pode criar o novo porque existe algo que é da ordem do real, e é neste espaço vazio que é tecido uma rede de significantes que resultam em uma obra, uma criação cultural. Podem ser exemplos de sublimação: a arte, a religião, a ciência e o trabalho. O trabalho será sublimatório, equilibrante, quando frente ao espaço existente entre a organização prescrita e a organização real do trabalho, o sujeito trabalhador pode, através de sua inteligência astuciosa, interpretar as possibilidades de atividades a serem realizadas e operacioná-las em ações. Ainda para que ocorra a sublimação é necessário que possa haver a ressonância simbólica entre a história de vida do sujeito e suas ações no trabalho, o que desperta, no sujeito, a epistemofilia, a curiosidade infantil agora direcionada para seu fazer laboral. A partir de então, o sujeito busca no social o reconhecimento pelos pares e pela hierarquia. O processo de sublimação é ilustrado pela interpretação hermenêutica do mito de Prometeu. Prometeu é o titã que rouba de Zeus a centelha divina (inteligência astuciosa), para dar aos homens. Zeus irado castiga Prometeu e aos homens. Ambos pagam pela transgressão de Prometeu e,, assim libertam-se da ira de Zeus e permanecem possuidores do fogo, que lhes traz capacidade de criar. Ao homem, Zeus envia Pandora que traz consigo as desgraças e a sexualidade, mas também a fecundidade, a capacidade de gerar filhos e de produzir o novo. O homem perde o paraíso e terá que trabalhar para seu sustento, o que pode aparentemente revelar-se como um castigo, mas surge também como uma possibilidade de satisfação, de se tornar imortal, como os deuses, pois através do trabalho o homem é capaz de se imortalizar deixando sua obra para a civilização. Assim, o mito prometeico, interpretado hermeneuticamente revela ao mesmo tempo as mazelas humanas decorrentes da separação entre o divino e o humano, mas presentifica a imortalidade de ambos, em formas diversas.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.ufsc.br:123456789/85015
Date January 2003
CreatorsStotz, Maria do Rosario
ContributorsUniversidade Federal de Santa Catarina, Fialho, Francisco Antonio Pereira
PublisherFlorianópolis, SC
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UFSC, instname:Universidade Federal de Santa Catarina, instacron:UFSC
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0022 seconds