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Depósito de Au, Pd e Pt associado a granito, mina buraco do ouro, cavalcante, Goiás : caracterização e modelo da mineralização

Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Geociências, 2008. / Submitted by Priscilla Brito Oliveira (priscilla.b.oliveira@gmail.com) on 2009-09-09T19:51:40Z
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Previous issue date: 2008 / A região nordeste de Goiás apresenta diversas ocorrências, garimpos e minas
de ouro, documentadas desde a primeira metade do século XVIII, ainda no período
colonial. O minério localiza-se, principalmente, no domínio antes considerado como pertencente ao Complexo Granito-Gnáissico. Atualmente, sabe-se que esse domínio é formado por um amplo conjunto de granitos paleoproterozóicos que se distribuem no nordeste de Goiás e compõem a Suíte Aurumina. Tais granitos são peraluminosos, sintectônicos e do tipo-S e possuem idades em torno de 2,15 Ga. Além de ouro em Cavalcante e Aurumina, a Suíte Aurumina hospeda estanho e tântalo na região de Monte Alegre de Goiás e urânio na região de Campos Belos (GO) e Arraias (TO).
A mina Buraco do Ouro, na cidade de Cavalcante, é explotada de forma
intermitente desde 1740. Está localizada numa zona de cisalhamento E-W, nas
proximidades do contato entre o biotita-muscovita granito da Suíte Aurumina e sua
rocha encaixante, pertencente à Formação Ticunzal, a qual é composta por xistos e
paragnaisses grafitosos. A zona de cisalhamento, que possui zonas silicificadas,
sericitizadas e com alteração hidrotermal, foi gerada quase que concomitantemente às
intrusões graníticas e desenvolve uma faixa de milonitos sobre o biotita-muscovita
granito. O minério de Cavalcante ocorre nas proximidades do contato entre a Suíte
Aurumina e a Formação Ticunzal. As rochas hospedeiras do minério são extremamente
silicosas e micáceas, denominadas de muscovita-quartzo milonito, e foram
desenvolvidas sobre o biotita-muscovita granito da Suíte Aurumina. A concentração de
ouro e prata nos veios de quartzo atinge teores médios de 14 g/t e 8 g/t, respectivamente.
A mina Buraco do Ouro é conhecida pela associação entre ouro e minerais de
Elementos do Grupo da Platina (EGP), em que os EGP apresentam concentrações
anômalas, que não são observadas nas demais ocorrências associadas à Suíte Aurumina.
Os teores de Pt e Pd na mineralização aurífera de Cavalcante alcançam dezenas de ppm,
entretanto, até agora, os platinóides nunca foram explotados como subproduto do ouro.
O minério aurífero de Cavalcante está relacionado com os seguintes minerais
metálicos, em ordem de abundância: guanajuatita (Bi2Se3), ouro nativo, kalungaíta
(PdAsSe), estibiopaladinita (Pd5Sb2), uraninita (UO2), padmaíta (PdBiSe), sperrylita
(PtAs2), bohdanowiczita (AgBiSe2) e claustalita (PbSe). A presença de calcopirita,
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pirita, magnetita e hematita é rara, embora existam alguns bolsões de magnetita nas
proximidades dos corpos de minério. Em geral, o ouro ocorre em grãos isolados, mas
também se associa aos minerais metálicos. O intercrescimento simplectítico entre
calcopirita, estibiopaladinita e guanajuatita, calcopirita e estibiopaladinita e ouro e
kalungaíta é uma textura característica do minério e pode ser usado para o entendimento
da gênese da mineralização.
O minério da mina Buraco do Ouro, bem como as demais mineralizações
auríferas da região de Cavalcante, situa-se sempre próximo ao contato entre a Suíte
Aurumina e a Formação Ticunzal. No caso da mina, as condições de óxido-redução no
sistema exerceram papel importante na gênese e localização do minério de Au-EGP.
Com base nas variações da fO2, três estágios podem ser sugeridos para a formação do
minério. O primeiro estágio ocorreu sob baixas condições de fO2, o que permitiu a
precipitação de sperrylita, estibiopaladinita e ouro. No segundo estágio, provavelmente
o mais importante para a concentração de EGP, o aumento da fO2 ocasionou a
precipitação dos selenetos guanajuatita, kalungaíta, padmaíta e claustalita. No fim desse
estágio, houve formação de magnetita e uraninita. No terceiro estágio, houve uma
redução na fO2 após a deposição dos óxidos e ocorreu o reequilíbrio das assembléias
formadas no segundo estágio, a formação de fases ricas em Se e a geração de
intercrescimento entre calcopirita, estibiopaladinita e guanajuatita.
Pode ser presumido que a fonte dos EGP são xistos e paragnaisses da
Formação Ticunzal. É provável que porções da bacia, onde se deu a deposição dessa
formação, propiciaram o ambiente necessário para a geração de folhelhos negros, que
são rochas argilosas e carbonosas, que podem ser originalmente enriquecidas em EGP.
Possivelmente a mobilização desses elementos, para a gênese do minério, ocorreu via
fluidos aquosos e pouco salinos.
A mina Buraco do Ouro possui algumas características importantes de
depósitos de ouro do tipo intrusion-related como o ambiente compressional, a
associação regional com depósitos de Sn, o baixo conteúdo de sulfetos no minério e a
íntima associação do minério com o plúton granítico. Entretanto, existem algumas
diferenças: (1) têm relação com magmatismo peraluminoso do tipo-S; (2), possuem
associação metálica com Au-Pt-Pd-Se±Pb±Ag; e (3) não apresentam forte zonação.
Mesmo com estas diferenças, o modelo genético proposto para o depósito Buraco do
Ouro é do tipo relacionado à intrusão. Contudo, trata-se de um depósito do tipo
intrusion-related com forte influência das rochas encaixantes na geração do minério.
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A associação Au-EGP hospedada em zona de cisalhamento desenvolvida sobre
biotita-muscovita granito, sem assinatura geoquímica de rochas ultramáficas, constitui
uma associação não convencional de platinóides. _____________________________________________________________________________________________ ABSTRACT / Gold occurrences and mines are documented in the northeastern part of Goiás
State since the beginnig of the 18th century. The main mineralizations are associated to
Paleoproterozoic peraluminous, syn-tectonic granites of the Aurumina Suite and their
metasedimentary graphite-bearing country rocks of the Ticunzal Formation. Besides
gold mineralizations, the Aurumina Suite hosts Sn and Ta mineralizations in Monte
Alegre de Goiás and U mineralizations in Campos Belos, and Arraias in the State of
Tocantins.
The Buraco do Ouro gold mine is located near the Cavalcante city downtown
and although the deposit has been exploited sporadically since 1740 by small miners,
the improvement of underground operations only occurred in the 1970s. The deposit is
hosted in muscovite-quartz mylonite in an E-W trending shear zone near the contact
between the 2.15Ga biotite-muscovite granite of the Aurumina Suite and paragneiss and
schists of the Ticunzal Formation. Hidrothermal alterations in both granite and country
rocks are sericitization and silicification, with minor potassification in the last ones. The
mineralization is considered to be synchronous to the syn-tectonic granite intrusion,
during syn-emplacement shearing and alteration. The gold and silver concentration
reach 14g/t and 8g/t, respectively. In this mine, the association between granitic rocks
and PGE-bearing gold mineralization is uncommon and unique in the Aurumina Suite
and Ticunzal Formation context. Although Pt and Pd concentrations in the Cavalcante
gold deposit reach hundred of ppm, these metals were never exploited as a gold
subproduct.
The Buraco do Ouro Au-PGE deposit as well as all the gold mineralizations in
the northeastern part of the Goiás State are located near the contact between the
Aurumina Suite granites and the Ticunzal Formation metasedimentary country rocks. In
Cavalcante, the mineralized mylonite is considered of granitic origin because the
presence of magmatic muscovite clasts and because their similar REE patterns.
Although Pd and Pt minerals are known only in Cavalcante, PGE anomalies have a
regional distribution, hosted in peraluminous granite, schists and paragneisses as well as
in their mylonites. Chondrite normalized Au, Pd, Pt and Rh patterns are also similar in
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granite and mylonites samples from the Buraco do Ouro mine and elsewhere. The
source of PGE in this uncommon association is probably related to the graphite-rich
metasedimentary rocks, interpreted as having been derived from anoxic marine
sediments, which crops out near the Buraco do Ouro mine and is intruded by the
peraluminous granite. These sediments are similar to marine black shales, that have
been reported in the literature as important concentrators of platinum group elements
(PGE). The role of the peraluminous granite magmatism is not completely understood,
but should be, at least, the source of part of mineralizing fluids, in an environment
involving also the participation of fluids from the country rocks during syn-magmatic
shearing.
The ore mineralogy in the deposit consists of native gold, guanajuatite (Bi2Se3),
unnamed Ag-Pb-Bi-Se minerals, kalungaite (PdAsSe), stibiopalladinite (Pd5Sb2),
uraninite (UO2), padmaite (PdBiSe), sperrylite (PtAs2), bohdanowiczite (AgBiSe2) and
clausthalite (PbSe). Chalcopyrite, pyrite, magnetite, and hematite are rare although there
is some magnetite pockets near the orebodies. Generally the gold occurs as individual
grains or associated wich PGE-minerals, selenides, and rarely uraninite. Kalungaite is a
mineral species recently discovered in the Buraco do Ouro mine and uraninite is for the
first time recognized in this mineral assemblage. The mineral assemblage, the textural
relationships and the intergrowths among gold, PGE-minerals, and selenides indicate a
three stages mineralization controlled by fO2 variation, with Au, Pd, Pt, As and Sb
precipitation in a early reducing stage, followed by an increasing in the fO2 conditions
and precipitation of selenides, uraninite, and magnetite. A late stage is characterized by
a fO2 decreasing and reequilibrium of previous assemblages.
The Buraco do Ouro gold mine has the following important characteristics of
intrusion-related gold deposits: the compressional environment; the association with Sn
deposits; the low sulfide content in the ore; and the strong association of the gold
mineralization with the granitic pluton. However, there are also important differences:
the probably continent-continent collisional environment; the relation to a peraluminous
S-type magmatism; the Au-Pt-Pd-Se±Pb±Ag metallic association; and the lack of strong
metal zoning. In spite of these differences, the Buraco do Ouro gold deposit is
considered an intrusion-related deposit with strong influence of the country rocks in the
ore generation. The PGE association hosted in a shear zone, located in a biotitemuscovite
granite, near the contact with graphite-bearing metasedimentary rocks,xii
without geochemistry signature of ultramafic rocks, represent an unconventional small
PGE deposit.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unb.br:10482/2675
Date January 2008
CreatorsMachado, Jacqueline Menez
ContributorsBotelho, Nilson Francisquini
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UnB, instname:Universidade de Brasília, instacron:UNB
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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