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As cores da nação : um estudo discursivo de artigos colocados em circulação pela mídia impressa sobre o novo lugar do "negro" no conjunto da sociedade nacional / Les couleurs de la nation : une étude discursive d'articles publié dans la presse sur la nouvelle place du noir dans l'ensemble de la société brésilienne

Orientador: Carolina Maria Rodriguez Zuccolillo / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem / Made available in DSpace on 2018-08-26T19:38:43Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2014 / Resumo: "Isso tudo não está tão mal", disse Montaigne, fazendo um relato considerado elogioso aos tupinambás. Lá pelas tantas, o filósofo desabafa: "Mas eles não usam calças!". Quase cinco séculos depois a desigualdade entre os homens ainda reverbera, afetando atuais formas de sociabilidade. Discutimos as "calças", numa conjuntura em que ela desliza para "peles": aquele nós-usamos-calças-e-eles-não toma a forma de eles-têm-pele-escura-e-nós-não. "O canto das três raças" entoado por Clara Nunes toma a forma de vividos cotidianos que atualizam essas tensões. Tema árduo, ardente e ardiloso recorrentemente abordado por intelectuais ¿ e sentido na pele de uma Nação; vez e outra atiça olhares ansiosos por desembaraçar os emaranhados e contraditórios fios condutores de constituições identitárias. Como pensar esses sentidos "colados" à pele? Um dos objetos de estudos frequentemente convocado com vistas à compreensão da formação social brasileira é a escravidão. Também incursionamos por estas trilhas de dizer visitadas (e também constituídas, conforme discutimos) por cientistas sociais. Mas realizamos alguns deslocamentos: (i) nossas análises não se embasam em uma correlação direta entre sujeito e instituições sociais, (ii) consideramos a constituição do corpus um primeiro gesto de análise: não tomamos, pois, um material previamente constituído para nele comprovar hipóteses e/ou responder às questões propostas e (iii) tratamos das nomeações escravo e liberto, interrogando-as, ao invés de nos atermos ao seu "sentido literal", ou seja, "pronto", já-dado. Investigamos processos de subjetivação por silenciamento, em que sujeitos são despidos de sua historicidade e "vestidos" em pele escura. Nossas análises nos levaram a desdobramentos desta questão: ao deixar de atender pelo nome escravo e passar a ser chamado de liberto, o "negro" ocupa um novo (ou outro) lugar? Entre uma posição e outra, que sentidos deslizam? O que é preciso esquecer (silenciar/ apagar) para que novos sentidos irrompam? São novos? Enveredamo-nos pelas tramas discursivas incrustadas em letras que tecem cadeias significantes nas "palavras de dicionário" (discurso lexicográfico) e nas "palavras de notícias" (discurso jornalístico). Nosso corpus é constituído por (i) artigos de jornais representativos que circularam no século XIX: Diario da Bahia / Jornal de Noticias (Bahia) e Correio Paulistano / A Província de São Paulo (São Paulo) e (ii) verbetes do Dicionario Contemporaneo da Lingua Portuguesa (Caldas Aulete, 1881). Sendo este objeto tradicionalmente abordado por cientistas sociais (inclusive afetando, conforme discutimos, não só imaginários que significam sujeitos, mas também a própria Nação), partimos deste quadro epistemológico e trazemos para a Análise de Discurso (em filiação a trabalhos como os de Orlandi, Pêcheux, Henry etc.) a discussão de questões que consideramos fundamentais e não podem ser contempladas no escopo teórico daquela área do conhecimento. Trilhando acontecimentos de "Alices" em "corpos ideais" para adentrar no "país das maravilhas", perscrutamos "frascos com poções transformadoras de corpos" (memórias) e "Alices" (sujeitos) na relação entre ditos (linguagem) e o que afeta sua constituição (condições de produção). Conduzimo-nos por questões como: quem produz (e com que direito) fra(s)cos, ou seja, memórias que significam sujeitos e sentidos? Como? Por que estes ¿ e não outros, também possíveis? De que modo gestos de interpretação (re)formulam "corpos ideais"/ país em que se inscrevem? / Abstract: « Tout cela ne va pas trop mal ». Ainsi Montaigne conclut-il son récit, considéré comme élogieux, sur les Tupinamba, avant d¿ajouter : « Mais quoy, ils ne portent point de haut-de-chausses ! ». Pratiquement cinq siècles plus tard, l¿inégalité entre les hommes retentit encore, qui affecte des formes de sociabilité actuelles. Nous discutons ce « haut-de-chausses » dans une conjoncture où il dérive vers « peaux » : ce « nous-portons-des-hauts de chausses-mais-pas-eux » cède la place à « ils-ont-la-peau-obscure-mais-pas-nous ». « Le chant des trois races » entonné par Clara Nunes prend donc la forme de vécus quotidiens mettant ces tensions à jour. Thème ardu, ardent et hardi régulièrement abordé par des intellectuels ¿ et ressenti au plus haut point par une Nation ; il attise de temps en temps des regards désirant démêler les fils conducteurs enchevêtrés et contradictoires des constitutions identitaires. Comment penser ces sens qui « collent » à la peau ? Un des objets d¿études souvent convoqué pour comprendre la formation sociale brésilienne est l¿esclavage. Nous avons également exploré ces sentiers de dires empruntés (mais également constitués, comme nous le discutons) par des chercheurs en sciences sociales, mais non sans y réaliser certains déplacements : (i) nos analyses ne se fondent pas sur une corrélation directe entre sujet et institutions sociales, (ii) nous considérons la constitution du corpus comme un premier geste d¿analyse : nous ne prenons donc pas un matériau préalablement constitué pour y prouver des hypothèses et/ou répondre aux questions proposées, et (iii) nous traitons les dénominations esclave et affranchi en les interrogeant, plutôt que, au contraire, de nous en tenir à leur « sens littéral », soit « prêt », déjà-donné. Nous avons examiné les processus de subjectivation par mise sous silence : comment des sujets sont-ils dénués de leur historicité et « revêtus » d¿une peau obscure ? Nos analyses nous ont poussées à fractionner cette question : quand il cesse de répondre au nom d¿esclave pour commencer à être appelé affranchi, le « Noir » occupe-t-il une nouvelle (ou autre) place ? Entre une position et l¿autre, quels sens se déplacent ? Que faut-il oublier (réduire au silence/effacer) pour que de nouveaux sens surgissent ? Sont-ils vraiment nouveaux ? Nous avons dirigé nos pas vers les trames discursives incrustées dans les lettres tissant des chaînes signifiantes dans les « mots des dictionnaires » (discours lexicographique) et dans les « mots des informations » (discours journalistique). Notre corpus est constitué : (i) d¿articles de journaux représentatifs ayant circulé au XIXe siècle : Diario da Bahia / Jornal de Noticias (Bahia) et Correio Paulistano / A Província de São Paulo (Sao Paulo) ; et (ii) d¿entrées du Dicionario Contemporaneo da Lingua Portuguesa (Caldas Aulete, 1881). Comme cet objet est traditionnellement abordé par des chercheurs en sciences sociales (ce qui, d¿ailleurs, affecte, comme nous le discutons, non seulement les imaginaires signifiant des sujets, mais encore la nation elle-même), nous sommes parties de ce cadre épistémologique pour reprendre la discussion de questions, qui nous semblent fondamentales et ne peuvent pas être traitées dans le cadre théorique de ce champ de connaissance, dans le domaine de l¿Analyse du Discours (affiliée à des travaux comme ceux d¿Orlandi, de Pêcheux, d¿Henry etc.). En parcourant des évènements d¿« Alices » dans des « corps idéaux » pour entrer au « pays des merveilles », nous avons minutieusement examiné des « flacons contenant des potions transformatrices de corps » (mémoires) et des « Alices » (sujets) dans la relation entre les dits (langage) et ce qui affecte leur constitution (conditions de production). Nous avons donc abordé des questions comme : qui produit des flacons/faibles, soit des mémoires, signifiant sujets et sens (et de quel droit) ? Comment ? Pourquoi ceux-ci, et non pas d¿autres également possibles ? Comment des gestes d¿interprétation (re)formulent-ils les « corps idéaux »/pays où ils s¿inscrivent ? / Doutorado / Linguistica / Doutora em Linguística

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/270481
Date26 August 2018
CreatorsJesus, Fabiane Teixeira de, 1978-
ContributorsUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Rodríguez ou Rodríguez-Alcalá, Carolina, 1964-, Lagazzi, Suzy, Costa, Greciely Cristina da, Guimarães, Eduardo Roberto Junqueira, Silva, Telma Domingues da
Publisher[s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem, Programa de Pós-Graduação em Linguística
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageFrench
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format259 p. : il., application/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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