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O estatuto neurolinguistico da perseveração na afasia

Orientador: Edwiges Maria Morato / Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciencias Medicas / Made available in DSpace on 2018-08-04T01:25:53Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2004 / Resumo: O termo ¿perseveração¿ conceituado por HELMESTABROOKS (1995) foi introduzido no final do século XIX, por NEISSER (1895) que considerou ¿ perseveração uma repetição iterativa ou a continuação de uma resposta anterior após, a mudança na solicitação da tarefa¿ O termo perseveração foi originalmente aplicado nas descrições de casos de psicose encontrados em psiquiatria. NEISSER (1895) caracterizou a perseveração como diferentes formas de comportamento. O objetivo deste estudo é analisar o fenômeno da perseveração na afasia considerando: ¿1. ¿ a linguagem como uma atividade constitutiva na qual a emergência de categorias lingüísticas (sintática, semântica e pragmática) não é a priori determinada; 2. a perspectiva sócio-interacionista da aquisição da linguagem quando processos de construção do objeto lingüístico pela criança, podem ser observados durante o processo de reconstrução da linguagem do paciente afásico. 3. uma teoria discursiva que dissolve dicotomias clássicas e que visa a análise da linguagem em funcionamento, considerando todos os fatores relevantes da situação. Nessa perspectiva, a língua é considerada como o resultado de um trabalho coletivo, histórico e cultural que faz emergir um conjunto de recursos expressivos próprios de cada língua natural, organizados segundo critérios de uso e interpretados em sistemas de referências onde categorias e relações são construídas culturalmente. (COUDRY e MORATO, 1988). Nossa pesquisa é um ensaio de análise qualitativa de múltiplos casos de afasia, e em acordo com o conceito de perseveração proposto por SANDSON e ALBERT (1984) e GOLDSTEIN (1948), por entendermos serem estes complementares. Por esta razão, podemos distinguir perseveração patológica de perseveração considerada um processo normal de atividade de linguagem, segundo uma perspectiva teórica interacionista, a qual confere um estatuto neurolingüístico próprio para a perseveração na afasia. Quatro sujeitos foram avaliados e neuropsicologicamente diagnosticados com afasia de acordo com a classificação de LURIA (apud CHRISTENSEN, 1979), (afasia motora eferente, amnéstica, semântica e sensorial). Três deles são do sexo masculino e um do sexo feminino, na faixa etária entre 51 a 73 anos, apresentando doença cérebrovascular e avaliados durante um período de um a doze anos após o acometimento cerebral. O exame neurolinguístico dos pacientes afásicos é baseado no PROTOCOLO TOULOUSE ¿ MONTREAL EXAME DE AFASIA, MÓDULO STANDARD INICIAL, VERSÃO ALFA. Projeto: CABRAL, L. S. (Org.) e PARENTE, M. A M. P. (Coord.), (1981). O critério de adaptação do teste foi de acordo com os objetivos deste estudo. Nos tipos de afasia descritos nesta pesquisa (a afasia motora eferente, amnéstica, semântica e sensorial) foi observado perseveração contínua, em paciente com afasia amnéstica, por exemplo, apresentando dificuldade de acesso lexical. Na afasia sensorial observamos a perseveração contínua, stuck-in-set e com predomínio do tipo recorrente, ocorrendo ao longo do teste configurando parafasias fonêmicas e semânticas devido à dificuldade relativa de compreensão de linguagem. Na afasia motora eferente observamos perseveração contínua, recorrente e stuck-in-set na produção fonêmico-lexical. Na afasia semântica observamos perseveração recorrente dada a dificuldade emântico-lexical. Observamos ainda que, a perseveração constitui muitas vezes, parafasias fonêmicas e parafasias predominantemente semânticas. Encontramos co ¿ ocorrênica de perseveração e menor produção de perseveração do tipo fonêmica ¿carry-over¿. Consideramos neste estudo uma perspectiva teórica interacionista, tal concepção permite distinguir a perseveração em dois contextos: a linguagem espontânea, que constitui a interação dialógica e o teste lingüístico. Dada a menor ocorrência de perseveração na linguagem espontânea nesses sujeitos, podemos concluir que a perseveração não é sempre uma resposta patológica permeando uma categoria clínica que delineia a semiologia neurolingüística da afasia / Abstract: The term ¿Perseveration¿ quoted by Helm-Estabrooks (1995) was introduced at the end of the last century by Neisser (1895) who considered ¿perseverantion an iterative repetition or a continuation of a previous answer after changing the task solicitation.¿ This word ¿perseveration¿ was originally applied to psychosis case descriptions found in psychiatry. Neisser (1985) has characterized perseveration as a collection of unusual forms of behavior that occurs in psychosis and in aphasia. The objective of this study is to analyse the perseveration phenomenon in aphasia which takes into consideration: ¿1. language as a constitutive activity in that the emergence of linguistic categories ( syntactic, semantic and pragmatic) is not a priori determined; 2. the socio-interactionist perspective of language acquisition when processes of linguistic object construction by children can be observed during language reconstruction processes by the aphasian patient; 3. a discourse theory that aims to analyse language in use, considering all the relevant factors of the situation or context. In this view, language is considered both as an individual property and as a collective, cultural and historical result which brings to light a set of meaningful sources proper of each native language, organized according to criteria of use interpreted by reference systems where categories and relations are culturally built.¿(Coudry and Morato, 1988). The perseveration case according to the aphasia types described in this research (motor aphasia efferent, amnestical, semantical and sensorial) designs the neurolinguistical semiology. It can be noticed that in such aphasian patients perseveration is shown as a linguistic deficit, for instance, in a lexical difficulty (as in amnestical aphasia) the continuous perseveration. In the sensorial aphasia (AP) there can be noticed the continuous perseveration, stuck-in-set, and the recurrent perseveration occurs along the test designing semantical and phonemic paraphasias due to language comprehension relative difficulty. In efferent motor aphasia (EF) there can be noticed the continuous, recurrent perseveration and stuck-in-set in phonemic-lexical and semantical productions. In the semantical aphasia (SI) there can be noticed recurrent perseveration, due to semantic-lexical difficulty. It was also observed that perseveration sometimes guides phonemic paraphasias predominantly the semantical ones. Perseveration co-occurrence was also present as well as a lesser occurrence of the carry-over phonemic type. Our research is an analysis essay according to the concept of perseveration proposed by Sandson and Albert (1984) in aphasia according to Luria¿s (apud Christensen, 1973) and Goldstein (1948) because we understand that his ideas enrich the discussion. For this reason, we can distinguish the pathological perseveration from the perseveration considered a normal process of language activity following the theoretical perspective of linguistic enunciation which confers an specific neurolinguistic statute to perseveration in aphasia. Four subjects have been evaluated. They have been neuropsychologically diagnosed with aphasia according to Luria¿s typology (apud Christensen, 1973) (efferent motor, amnestic, semantic and sensorial aphasia). Three of them are male and a female, from 51 to 73 years old, presenting a cerebrovascular disease and evaluated during one and twelve year period after the brain injury. The neurolinguistic exam of the aphasic patients is based on the Montreal Protocol ¿ Toulose Aphasia Exam, Initial Standard Module, Alpha Version. PROJECT: Cabral, L.S. (org.) and M.S. Parente, M.A. M. P. (Coord.), (1981)*. The criteria of test adaptation were coherent to the research objectives. This study is an essay which aims to analyse the perseveration phenomenon in efferent motor, amnestic, semantic and sensorial aphasia. It was considered a discoursive-enunciative linguistic theoretical perspective ¿ which pressuposes language activity produced in an interlocutive, historical, social space of the subject. Such conception provided the opportunity to distinguish perseveration in two contexts: The spontaneous language which involves interaction and the linguistic test, when the epilinguistic activity (hesitations, long pauses, reelaborations, antecipations, lapses, repetitions, etc.) and metalinguistics could be observed. Considering the lesser occurrence of perseveration in spontaneous language, one can conclude that perseveration is not always a pathological answer conveying to a clinical category that permeates the neurolinguistic semiology of perseveration in aphasia / Doutorado / Ciencias Biomedicas / Doutor em Ciências Médicas

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:repositorio.unicamp.br:REPOSIP/308979
Date30 July 2004
CreatorsLima, Silvia Saraiva Pereira
ContributorsUNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, Morato, Edwiges Maria, 1961-, Damasceno, Benito Pereira, Pinto, Rosana do Carmo Novaes, Santana, Ana Paula, Souza, Elizabete Abib Pedroso de, Avila, Jose de Oliveira, Villaça, Ingedore Koch, Freitas, Margarete, Moura-Ribeiro, Maria Valeriana L., Panhoca, Ivone
Publisher[s.n.], Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas, Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
Format362p. : il., application/pdf
Sourcereponame:Repositório Institucional da Unicamp, instname:Universidade Estadual de Campinas, instacron:UNICAMP
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

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