Return to search

A avaliação como dispositivo de subjetivação

A presente dissertação ancora-se na Linha de Pesquisa História e Filosofia da Educação do Mestrado
em Educação da Universidade de Caxias do Sul e problematiza os processos de avaliação escolar
em uma perspectiva genealógica. O problema de pesquisa questiona as formas pelas quais a
avaliação escolar vem funcionando como um dispositivo na produção de modos de subjetivação.
Como referencial teórico, são tomados, principalmente, os conceitos de dispositivo e subjetivação
desenvolvidos por Michel Foucault. A investigação está circunscrita a documentos que legislam sobre
os processos de educação e, mais especificamente, que regulam o processo de avaliação escolar. O
primeiro documento utilizado na análise é datado de janeiro de 1828; a partir dele, apuram-se os
enunciados sobre o processo de avaliação até a última LDB (Lei n. 9.394/96) e os pareceres e
decretos decorrentes. Os documentos foram obtidos, na maior parte, em um acervo de leis e
documentos denominado Base Legis. Nos documentos, buscam-se as condições de possibilidades
de um discurso de avaliação em cada formação discursiva. Salienta-se que as análises não operam
com juízos a respeito dos processos de avaliação, mas com as condições históricas de seu
funcionamento. Diante disso, considera-se o pressuposto de que avaliação vem a ser um
determinado dispositivo tecido em diferentes relações de poder e saber, na produção de
determinados modos de subjetivação. A análise é produzida a partir da noção de descontinuidade da
história. Procura-se pôr em evidência os deslocamentos de discursos que produzem rupturas nos
modos de funcionamento, aqui circunscritos na produção – via dispositivo da avaliação – de ―bons
cristãos‖ e ―bons cidadãos‖, de um modelo de exclusão e outro de inclusão, bem como a produção da
lógica disciplinar na avaliação, atravessada nos sujeitos da escola. A análise não é forjada de modo a
caracterizar uma história global, nem mesmo uma forma linear de história, mas a partir da noção de
descontinuidade da história. O que se tentou produzir foi uma problematização acerca da constituição
desse sujeito da educação pelo processo de avaliação, e isso só foi possível com o rompimento da
noção de um sujeito identitário, unitário e autônomo. Interessa a constituição dos modos de ser, em
suas relações de poder e saber. Entende-se, assim, a avaliação com um dispositivo – que engloba e
coloca em funcionamento os sujeitos, como uma rede que se tece nas arquiteturas das escolas e fora
delas; passa pelos comportamentos convencionados, pela dinâmica de circulação; está presente na
valoração dos valores morais, nos enunciados científicos, nas legislações, nas organizações espaçotemporais,
enfim, nos meandros do que se é, do que se faz e do que se fala. Dessa forma, pode-se
afirmar que o dispositivo está inscrito numa linha de força, ligado a configurações de poder que
efetivam determinados modos de subjetivação, os quais, nesse processo, produzem os cidadãos, os
incluídos e os disciplinados e normatizados que cobrem todo corpo social. / Submitted by Marcelo Teixeira (mvteixeira@ucs.br) on 2014-06-09T16:12:46Z
No. of bitstreams: 1
Dissertacao Fernanda Bertoldo.pdf: 2497917 bytes, checksum: 893044e524dc4683c30e7daf8e5adcf9 (MD5) / Made available in DSpace on 2014-06-09T16:12:46Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Dissertacao Fernanda Bertoldo.pdf: 2497917 bytes, checksum: 893044e524dc4683c30e7daf8e5adcf9 (MD5) / This master‘s thesis is anchored on the research line for History and Philosophy of Education at the
Master‘s Program at the University of Caxias do Sul and it discusses the processes of school
assessment under a genealogical perspective. The research problem questions the ways through
which school assessment has been functioning as a device in the production of modes of
subjectivation. As theoretical references, the concepts for devices and subjectivation developed by
Michel Foucault are the main support. The investigation is confined to documents that legislate on
processes of education and, more specifically, that rule the process for school assessment. The first
document used in the analysis is dated January 1828; from it the statements regarding the process of
assessment up to the latest LDB (Lei n. 9.394/96) and the stated opinions and decrees resulting from
it. The documents were obtained – in its majority – at a document collection called Base Legis. In the
documents, conditions for the possibilities of a discourse on assessment in each discourse formation
are investigated. It is pointed out that the analyses do not operate based on judgements regarding
assessment processes, but on the historical conditions of its functioning. Hence, the assumption that
assessment turns out to be a certain device woven in different relationships of power and knowledge,
in the production of certain ways of subjectivation. The analysis starts from the notion of historical
discontinuity. There is an attempt to highlight the dislocations in discourses that produce ruptures in
the functioning, here limited to the production – via assessment – of ―good Christians‖ and ―good
citizens‖, from a model of exclusion and one of inclusion, as well as the production of disciplinary logic
in assessment going through the subjects of school. The analysis is not forged in such a way as to
characterize a global history, not even a linear history, but from the notion of discontinuity of history.
What has been attempted was to produce a problematization about the constitution of that subject of
the education by the assessment process, and that was only possible with the rupture of the notion of
an identity subject, which is unitary and autonomous. There is an interest on the constitution of the
ways of being, in their relationships with power and knowledge. Thus, assessment is understood as a
device that encompasses and sets up the subjects as a network that is woven in the architecture of
schools and out of it; going through behaviors agreed upon, the dynamic of circulation; it is present in
the valuation of moral values, in scientific utterances, in legislations, in timeline organizations; in short,
in the entanglement of what one is, of what one says, and what one does. That way, it is possible to
state that the device is inscribed in a line of power, connected to configurations of power that can put
into effect certain ways of subjectivation, which in this process produce citizens, the included,
disciplined and standardized ones who cover the entire social body.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:vkali40.ucs.br:11338/648
Date19 June 2012
CreatorsBertoldo, Fernanda
ContributorsCenci, Angelo Vitório, Kuiava, Evaldo Antônio, Paviani, Jayme
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguagePortuguese
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Sourcereponame:Repositório Institucional da UCS, instname:Universidade de Caxias do Sul, instacron:UCS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0147 seconds