Influência de função cognitiva, ansiedade e desordens psiquiátricas sobre adesão a tratamento em pacientes hipertensos não-controlados

Em média, 50% dos pacientes com doença crônica em países desenvolvidos não aderem a tratamento farmacológico, o que caracteriza problema mundial. A não-adesão é afetada por diversos fatores, sendo que, dentre eles, sugere-se que esteja o baixo desempenho cognitivo. Assim, foi realizada análise secundária de ensaio clínico randomizado, com o objetivo de investigar hipótese de que função cognitiva, ansiedade e desordens psiquiátricas associam-se a adesão ao tratamento, em hipertensos não-controlados. A amostra foi constituída por 56 pacientes adultos, com pressão arterial não controlada sob tratamento farmacológico, que participaram de todos os encontros do ensaio clínico randomizado Pharmaceutical care program for patients with uncontrolled hypertension. Capacidade cognitiva e memória foram mensuradas por meio de Mini Exame do Estado Mental (Mini-mental), spans de dígitos e palavras, testes das silhuetas de torres e igrejas e da pequena estória e metamemória. Ansiedade e desordens psiquiátricas foram avaliadas, respectivamente, por Inventário de Ansiedade Traço Estado (IDATE) e Self-Report Questionnaire (SRQ 20). Os participantes foram classificados como tendo adesão ao tratamento farmacológico ou não, segundo identificação dos níveis plasmáticos de hidroclorotiazida. Todos os pacientes pertencentes ao grupo de não-adesão ao tratamento (n=12) apresentaram pelo menos um teste de memória com escore alterado. Os participantes que obtiveram escores insatisfatórios em Mini-mental e span de palavras para memória recente apresentaram riscos, respectivamente, cinco e nove vezes maiores de não aderir a tratamento, em relação àqueles com escores normais (RR=5,42; IC95%: 1,62 - 18,14; P=0,006; e RR=8,89; IC95%: 0,98 - 80,61; P=0,052). Os presentes achados suportam a hipótese de que alterações de função cognitiva e memória estão associadas à menor adesão a tratamento, em pacientes hipertensos não-controlados. Tal associação não foi encontrada para ansiedade e desordens psiquiátricas. Os dados sugerem um novo olhar sobre a prática farmacêutica, podendo representar um avanço para a determinação de estratégias efetivas de intervenção. O farmacêutico, por meio da prática da Atenção Farmacêutica, pode utilizar Mini-mental e span de palavras como instrumentos no screening de não-adesão a tratamento. A partir dessa determinação, pacientes com prejuízo cognitivo ou de memória devem receber abordagem educacional diferenciada quanto à utilização de medicamentos, buscando superar a influência daqueles problemas sobre a adesão ao tratamento. / Mean of 50% of patients with chronic disease have no adherence to pharmacological treatment in developed countries, characterizing a world problem. The non-adherence is affected by several factors, being the low cognitive performance one of them. Then it was performed secondary analysis of a randomized clinical trial, aiming to investigate the hypothesis that cognitive function, memory and psychiatric disorders are associated with adherence to treatment in patients with uncontrolled hypertension. The sample included 56 adult patients with uncontrolled blood pressure under pharmaceutical treatment who participated of all meetings of the randomized clinical trial Pharmaceutical care program for patients with uncontrolled hypertension. Cognitive function and memory were measured by the Mini Mental State Examination (Mini-mental), digit and word spans of memory, tower and church shadow test, short story test and metamemory. Anxiety and psychiatric disorders were evaluated by the State Trace Anxiety Inventory (STAI) and the Self-Report Questionnaire (SRQ), respectively. The participants were classified as being adherent or non-adherent to the treatment, according to the identification of plasmatic hydrochlorothiazide levels. All of the non-adherent patients (n=12) had at least one memory test with altered score. The participants who obtained an unsatisfactory score in the Mini-mental and word span test for short-term memory had, respectively, five and nine-fold higher risks of not adhering to treatment than those with a normal score (RR=5.42; CI 95%: 1.62 - 18.14; P=0.006; and RR=8.89; IC 95%: 0.98 - 80.61; P=0.052). The current findings support the hypothesis that alterations of cognitive function and memory are associated to low adherence to treatment in patients with uncontrolled blood pressure. This association was not found for anxiety and psychiatric disorders. Data suggest a new view for the pharmaceutical practice, representing a progress towards the determination of effective intervention strategies. Through the practice of pharmaceutical care, the pharmacist can use the mini-mental and word span test as instruments for the screening of non-adherence to treatment. According to this determination, the patients with cognitive or memory impairments should receive a differentiated educational approach, regarding minimizing the influence of these problems upon non-adherence to the treatment.

Identiferoai:union.ndltd.org:IBICT/oai:www.lume.ufrgs.br:10183/16367
Date January 2009
CreatorsJacobs, Ursula
ContributorsFerreira, Maria Beatriz Cardoso
Source SetsIBICT Brazilian ETDs
LanguagePortuguese
Detected LanguageEnglish
Typeinfo:eu-repo/semantics/publishedVersion, info:eu-repo/semantics/masterThesis
Formatapplication/pdf
Sourcereponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS, instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul, instacron:UFRGS
Rightsinfo:eu-repo/semantics/openAccess

Page generated in 0.0071 seconds