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[pt] NO PALCO DA VIDA, A MORTE EM CENA: AS REPERCUSSÕES DA TERMINALIDADE EM UTI PARA A FAMÍLIA E PARA A EQUIPE MÉDICA / [en] ON THE STAGE OF LIFE, DEATH IN THE SPOTLIGHT: THE REPERCUSSIONS OF TERMINALITY IN ICU FOR THE FAMILY AND THE MEDICAL TEAMMAYLA COSMO MONTEIRO 08 June 2016 (has links)
[pt] As UTIs se tornaram o lugar frequente de morte para grande parte das pessoas
no mundo. A morte ou a ameaça da perda de um ente querido promovem
desequilíbrio no sistema familiar, fazendo emergir sensações de impotência, de
fragilidade e de vulnerabilidade. Para a equipe médica, a morte do paciente traz a
possibilidade de entrar em contato com os próprios processos de morte e finitude,
suscitando angústia e desconforto. O processo de medicalização da morte traz em
seu bojo questões éticas e bioéticas ligadas à prática médica, principalmente
relacionadas aos limites de ação terapêutica. Nesse cenário, os conflitos entre
família e equipe de saúde podem surgir com força e de forma descontrolada. O
objetivo deste estudo foi compreender as repercussões da terminalidade em
terapia intensiva para a família e para a equipe médica. Para tal, desenvolveu-se
uma discussão interdisciplinar abordando as seguintes temáticas: o setting da UTI
e a integração dos cuidados paliativos aos cuidados finais de vida nessa unidade; o
impacto da terminalidade na dinâmica e no funcionamento familiar,
compreendido pelo prisma da terapia familiar sistêmica e das teorias sobre o
processo de luto na família e os aspectos concernentes à formação médica, ao
estresse advindo do exercício da medicina e ao processo de comunicação com as
famílias. O cenário deste estudo é uma UTI de um hospital privado, de médio
porte, localizado na cidade do Rio de Janeiro. Utilizou-se a metodologia clínicoqualitativa
de pesquisa. Foram entrevistados seis familiares de pacientes em
situação de terminalidade e seis membros da equipe médica, totalizando 12
participantes. A partir da análise do material discursivo das entrevistas dos
participantes, emergiram 11 categorias, 6 das falas dos médicos e 5 das falas dos
familiares. Constatou-se que a terminalidade do paciente em UTI é atravessada
por questões clínicas, familiares, sociais, culturais, religiosas, econômicas e éticas,
abarcando aspectos multidimensionais. A morte iminente do paciente promove
grande angústia e sofrimento para os familiares, ocasionando intensas vivências
de desamparo. Para o médico intensivista, a morte e o morrer são fenômenos que
causam estranheza, apesar de naturalizá-los, pois este espera conseguir salvar a
vida do paciente, já que conta com equipamentos de suporte avançado de vida.
Foram ressaltados como elementos essenciais para uma boa qualidade de morte, a
comunicação empática, afetiva e efetiva entre todos os atores envolvidos e a
participação do paciente e da família no processo de tomada de decisões. / [en] ICUs have become a frequent place of death for most people in the world.
The death or the threat of loss of a loved one creates imbalance in the family
system, giving rise to feelings of impotence, fragility and vulnerability. For the
medical staff, the patient s death brings the possibility of contact with their own
death and finitude processes, bringing up anguish and discomfort. The process of
medicalization of death brings with it ethical and bioethical issues in the medical
practice, mainly related to the limits of therapeutic action. In this scenario,
conflicts between the family and the health care team may come up with some
strength and without control. The objective of this study is to understand the
impact of terminal illness in intensive care for the family and the medical staff.
This study required an interdisciplinary discussion, in which we developed the
following themes: the setting of the ICU and the integration of palliative care for
end of life care in that unit; the impact of terminal illness in the family dynamics
and functionality under the light of systemic family therapy and the theories about
the grieving process in the family. We also discussed the aspects regarding the
medical training, the stress arising from this type of work and the process of
communication with families. The setting for this study was an ICU of a private
hospital, midsize, located in the city of Rio de Janeiro. We used the clinicalqualitative
research methodology. There were six interviewed relatives of patients
terminally ill and six members of the medical staff, totaling twelve participants.
From the analysis of the discursive material, 11 categories emerged, 6 from the
doctors speeches and 5 from the families speeches. It was found that the
patient s terminal illness in the ICU is crossed by clinical, family, social, cultural,
religious, economical and ethical issues, covering multiple dimensions. The
imminent death of the patient promotes great anguish and suffering for the family,
causing intense experiences of helplessness. Although death and dying are natural
processes, they are phenomena that cause strangeness for intensive care
physicians, who hope to save the patient s life as they have advanced life support
equipment. We have highlighted some elements that are considered essential to a
good quality of death, which are empathic, affective and effective communication
among all people involved and the participation of the patient and family in the
decision-making process.
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