[pt] A partir do questionamento de quem é a classe trabalhadora atual, esta pesquisa se propõe a compreender e analisar o trabalho informal sob a ótica das mulheres camelôs. Para isso, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com quatro mulheres ambulantes da cidade do Rio de Janeiro, a fim de perceber as dinâmicas sociais entre elas e o espaço público. Assentando a discussão na necessidade de se atentar aos papéis de cuidado, impostos social e historicamente às mulheres, esta pesquisa atualiza as discussões a partir do contexto da pandemia de coronavírus. A região central do Rio de Janeiro, espaço delimitado para a pesquisa, ao mesmo tempo que é marcado por disputas entre a classe trabalhadora e o poder público, influenciado pelas elites dominantes, aparece, nesta pesquisa, como palco de construção de autonomia, liberdade e cidadania pelas camelôs, caracterizando-se também em campo político. Assim, esta pesquisa procura investigar as práticas coletivas, em um contexto individualizante, muitas vezes imposto pelo sistema neoliberal, percebendo exemplos de resistência coletivas e práticas que podem ser denominadas feministas. A pesquisa adotou como enquadramento teórico as teorias da reprodução social desenvolvidas pelos autores feministas-marxistas da chamada Teoria da Reprodução Social (TRS) e da intelectual negra Angela Davis, buscando realizar uma leitura sobre quem é classe trabalhadora atual, não deixando de fora uma investigação generificada e racializada, além de uma análise pautada na realidade concreta enfrentada pelas sujeitas desta pesquisa, não apartando teoria e prática. / [en] Based on the questioning of who is the current working class, this research aims to understand and analyze informal work from the perspective of women street vendors. For this, semi-structured interviews were carried out with four women street vendors in the city of Rio de Janeiro, to understand the social dynamics between them and the public space. Basing the discussion on the need to pay attention to the roles of care, socially and historically imposed on women, this research updates the discussions from the context of the coronavirus pandemic. The central region of Rio de Janeiro, the specific area of the research, concurrently marked by disputes between working classes and government, influenced by the ruling elites, appears in this research, as the setting of construction of autonomy, freedom and citizenship for the women vendors, featuring the region as well as a political field. Therefore, this research aims to investigate the collective practices, in an individualizing context, often imposed by the neoliberal system, noticing examples of collective resistance and practical actions that can be denominated feminists. This paper adopted as its theoretical framework the theories of social reproduction developed by feminist-marxists authors known as Social Reproduction Theory (SRT) and from the black intellectual Angela Davis, pircing an understanding about who comprises the current working class, not leaving out a gendered and racialized investigation, in addition to an analysis based on the concrete reality faced by the subjects of this research, not separating theory and practice.