[pt] As relações entre ciência e religião não se restringem aos dias de hoje, remontando ao surgimento da chamada ciência moderna no século XVI. Um importante capítulo dessa história é a publicação do livro A origem das espécies de Charles Darwin em 1859. Passados 150 anos de seu lançamento, vivemos em um mundo não menos religioso. Nesse sentido, supomos que o professor de biologia que professa uma fé religiosa cristã lida com duas construções sociais diferentes: religião e ciência. Assim, partindo de uma concepção pluralista da verdade e de uma proposta de educação intercultural baseada no conceito de tolerância, investigamos os conflitos e os arranjos que os professores de biologia que professam uma fé cristã encontram entre o criacionismo e o evolucionismo, num mundo que é ao mesmo tempo religioso e secularizado. Para isso, fizemos entrevistas semi-estruturadas com dez professores/as e analisamos o conteúdo de suas falas. Ficou evidenciado que os/as professores/as aceitam a evolução biológica, porém negam o acaso como uma etapa importante nesse processo. Em seu lugar, acreditam que Deus é quem dirige a evolução. Os/as professores/as reconhecem a importância da evolução para a biologia, mas se dividem quanto ao ensino do criacionismo. Indicamos também, com base na literatura de referência e nas falas dos sujeitos de pesquisa, que uma proposta de educação intercultural com base na tolerância pode ajuda a resolver conflitos envolvendo religião e ciência em sala de aula. / [en] The relationship between science and religion are not restricted to the present day, tracing the emergence of so-called modern science in the sixteenth century. An important chapter of this history is the publication of the book The Origin of Species by Charles Darwin in 1859. After 150 years of its publication, we live in a world no less religious. Therefore, we assume that the biology teacher who professes a Christian religious faith deals with two different social constructs: religion and science. Thus, from a pluralistic conception of truth and a proposal for intercultural education based on the concept of tolerance, we investigated the conflicts and arrangements that biology teachers who profess a Christian faith find between creationism and evolution in a world that is both religious and secular. For this, we did semi-structured interviews with ten teachers and analyze the content of their speech. It was shown that the teachers accept the biological evolution, but deny the chance as an important step in this process. Instead, they believe that God drives the evolution. The teachers recognize the importance of evolution to biology, but are divided over the teaching of creationism. We also point that, based on the reference literature and the statements of the subjects of research, a proposal for intercultural education based on tolerance can help solving conflicts involving religion and science in the classroom.