[pt] A presente pesquisa teve como objetivo geral investigar a vivência de pais adotivos em relação à parentalidade e à filiação, no período da adolescência de seus filhos adotivos. Buscou-se compreender que questões relacionais se atualizam na adolescência dessas crianças que sofreram vicissitudes tão específicas, como a descontinuidade do convívio com seus genitores. A fundamentação teórica do estudo foi estruturada a partir de três eixos temáticos. O primeiro focalizou a família como uma entidade genealógica cuja constituição psíquica se organiza a partir dos processos da parentalidade e da filiação, entrelaçando as noções de narcisismo, complexo de Édipo e Interdito. No segundo eixo temático foi discutido o processo de adoção e suas repercussões psíquicas, tanto na perspectiva dos pais, quanto dos filhos, ressaltando-se a questão da elaboração dos lutos, sobretudo em relação a descontinuidades referente aos laços biológicos, e a presença do mito de origem nas famílias adotivas. O terceiro eixo correspondeu ao entendimento da adolescência como um evento intersubjetivo, que se configura como estruturante tanto para o sujeito adolescente, como para sua família. Foi desenvolvido um estudo de campo a partir de entrevistas semiestruturadas com dez sujeitos independentes, oito mães e dois pais adotivos, todos pertencentes às camadas média e alta da população do Estado do Rio de Janeiro. Os filhos adotivos desses sujeitos se encontravam no período da adolescência, entre os 13 e 18 anos. Para a análise das entrevistas, foi utilizado o método de análise de conteúdo. Dos dados obtidos, emergiram sete categorias de análise: motivações manifestas e latentes, informações sobre a adoção, mito de origem, identificação e identidade, rede de apoio, parentalidade na adolescência e, por fim, o insondável. Os resultados mais significativos ressaltaram a presença da ambiguidade na parentalidade e na filiação, a dificuldade de legitimar a parentalidade adotiva, assim como uma forte desconsideração da existência de um registro das experiências primitivas do bebê. Um fator encontrado, que se mostrou muito produtivo, foi a sensibilidade dos pais em reconhecer a curiosidade do filho sobre sua origem e a sensação de duplo pertencimento. / [en] The present research aimed to investigate the experience of foster parents related to parenting and filiation, in the adolescence period of their adopted children. It was sought to understand that relational issues update on the adolescence of those children who have suffered such vicissitudes, as the discontinuity of coexisting with their genitors. The study theoretical foundation was structured from three thematic axes. The first focused on the family as a genealogic entity whose psychic constitution is organized from the parenting and filiation process, gathering notions of narcissism, Oedipus complex and Interdict. In the second main theme was discussed the adoption process and its psychological repercussions, both from the parents perspective, as the children, emphasizing the issue of grief, particularly in respect of discontinuities concerning the biological ties, and the presence of the myth of origin in adoptive families. The third axis corresponded to the understanding of adolescence as an intersubjective event, which is configured as structuring both for the teenager as for the family. A field study was developed from semi-structured interviews with ten independent subjects, eight adoptive mothers and two adoptive fathers, all belonging to the middle and upper layers of the state of Rio de Janeiro population. The adopted children of these subjects were in the adolescence period, between 13 and 18 years old. For the interviews analysis, the method of content analysis was used. Seven categories of analysis emerged from the data obtained: manifest and latent motivations, information about the adoption, myth of origin, identity and identification, support network, parenting in adolescence and, finally, the unfathomable. The most significant results underscored the presence of ambiguity in parenting and filiation, the difficulty of legitimizing adoptive parenting, as well as a strong disregard for the existence of a baby primitive experiences record. One factor found, which proved to be very productive, was parental sensitivity to recognize the children s curiosity about their origin and the sense of dual belonging.