[pt] O cenário atual das organizações tem demandado gestores capazes de atuar em um ambiente marcado por rápidas mudanças, relações de interdependência e diversidade da força de trabalho. Porém, o desenvolvimento das chamadas competências gerenciais não é um processo simples, pois envolve não apenas a compreensão das melhores práticas de gestão, mas também a capacidade para agir de modo diferente. Nesta pesquisa, buscamos uma maior compreensão do sujeito, em sua atuação organizacional, por meio de um olhar interdisciplinar, utilizando o referencial da teoria familiar sistêmica. Pretendemos avaliar como se expressam as experiências vividas na família de origem, na prática profissional dos gerentes. Para tal, realizamos 30 entrevistas, com gerentes de diferentes empresas. Os dados foram tratados utilizando-se análise de conteúdo. Verificamos que a família representa relevante força no desenvolvimento e na manutenção de características que compõem as competências de liderança, de motivação, de comunicação, de negociação e solução de conflitos, de tomada de decisão, de criatividade e de trabalho em equipe. Constatamos, também, que tais características podem se dar tendo em vista a origem étnica ou socioeconômica da família, a transmissão de posturas vindas de outros membros da família, os padrões familiares, os eventos críticos, as expectativas sobre o sujeito e os papéis por ele desempenhados, e as falas significativas de membros da família. Não ocorre, porém, uma simples relação de causa e efeito, tendo em vista que a família traz referências que podem ou não serem seguidas em seus múltiplos aspectos. Por fim, sugerimos que o conceito de autoconhecimento na literatura gerencial deva ser ampliado, para incorporar o conhecimento da dinâmica vivida na família de origem, pois esse parece ser um passo importante no processo de diferenciação do sujeito, refletindo-se na sua capacidade de escolher e adotar novos comportamentos. / [en] The current setting of organizations has demanded managers capable of working in environments marked by rapid changes, interdependency relationships and diversity of work force. However, the development of so called managerial competence is not an easy process, as it involves not only the understanding of the best managerial practices but also the capability to act in a different way. In this research, we pursue a better understanding of the individual in his organizational performance, through an interdisciplinary view, using the reference of systemic family theory. We seek to evaluate how the experiences lived by the family of origin are expressed in the professional practice of the managers. With that objective, we interviewed 30 managers from different companies, and the data were treated using content analysis. We found out that the family represents significant strength in the development and maintenance of characteristics which make up the competence of leadership, motivation, communication, negotiation and solution of conflicts, decision making, creativity and team work. We have concluded that those characteristics may also happen due to the ethnic as well as social and economical origins of the family, the transmission of postures deriving from the family members, family standards, critical events, the expectations regarding the individual as well as the roles played by him, and the significant talks by the family members. It does not, however, result in a simple cause and effect relationship, since families can set references which may or may not be followed in their multiple aspects. Finally, we suggest that the concept of self-knowledge in managerial literature should be widened, in order to incorporate the knowledge of dynamics lived in the family of origin, since this seems to be an important step in the process of differentiating the individual, reflecting upon his capability to choose and adopt new patterns of behavior.