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[pt] A CADEIA, ELA ME TRANSFORMOU EM ALGO QUE EU NÃO ERA: O DISCURSO DE RESISTÊNCIA DE UM APENADO / [en] THE JAIL, IT TRANSFORMED ME INTO SOMETHING THAT I WASN’T: THE DISCOURSE OF RESISTANCE OF A CONVICTJULIO CESAR PASSOS GIANNINI 22 July 2013 (has links)
[pt] Este trabalho propõe analisar o discurso do indivíduo apenado e encarcerado, com o objetivo de examinar como são exercidas as práticas de resistência ao sistema que o excluiu temporariamente do convívio social. A noção de identidade de resistência é aqui concebida como aquela construída por atores que se encontram em posições desvalorizadas ou estigmatizadas, constituídas por processo de dominação (Castells, 1999; Bourdieu, 1998; Bauman, 2001), ou por atores que, por alguma percepção particular de si mesmos e de outros, se posicionam contra algo ou alguém (Ewick e Silbey, 2003). As entrevistas para geração de dados foram concedidas por internos de um presídio na Cidade do Rio de Janeiro. Baseado em pressupostos da Sociolinguística Interacional, este trabalho prioriza a análise das narrativas de um detento, João, utilizando a estrutura de análise desenvolvida por Labov (1972) em interface com os estudos narrativos de histórias de vida apresentados por Linde (1993) e de narrativas de resistência apresentados por Ewick e Silbey (2003). A análise dos dados ressalta que o discurso de João pode ser caracterizado como de resistência, especificamente de resistência à identidade (socialmente essencializada) de criminoso. João emprega termos genéricos e destaca a agência de terceiros em suas histórias, amenizando o impacto causado aos seus interlocutores, por atos criminosos relatados. Deste modo, João atribui às constantes situações de adversidades, injustiças e restrições, a sua entrada no mundo do crime e a sua postura crítica a instituições e representantes governamentais, que, se não justificam, ao menos esclarecem as razões por atos infracionais cometidos. / [en] This work intends to analize the discourse of a convict, aiming to examine how are performed resistance practices against the system which has temporarily deprived him of social interaction. The idea of resistance identity is adopted in this study as the one built by actors who find themselves in stigmatized and devalued social positions caused by a process of domination (Castells, 1999; Bourdieu, 1998; Bauman, 2001), or by actors which oppose someone or something because of particular perceptions of themselves or of others (Ewick e Silbey, 2003). The interviews for data generation were given by inmates in a prison in Rio de Janeiro City. Based on Interactional Sociolinguistics principles, this work prioritizes the narrative analysis of a prisoner, João, using the criteria for analysis developed by Labov (1972) associated with the narrative studies of life stories presented by Linde (1993) and narratives of resistance by Ewick and Silbey (2003). The data analysis shows that João’s discourse may be considered as a discouse of resistance, specifically resistance to identity of a criminal (socially essentialized). João uses general terms and gives emphasis to the agency of others in his histories, minimizing the impact noticed by his interlocutors for criminal acts described. Therefore, João considers the regular cases of adversity, injustice and restriction, some of the causes for his relations to a life of crimes and for his critical stance towards governmental institutions and representatives, just as if they do not justify, at least enlighten the reasons for his transgressions.
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