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[pt] SOB A LEI DE DEUS: EVANGÉLICOS E POLÍTICA NO URUGUAI / [en] UNDER GOD S LAW: EVANGELICALS AND POLITICS IN URUGUAYCAIQUE CUNHA BELLATO 17 December 2020 (has links)
[pt] Nos últimos anos, o fenômeno religioso voltou a ter presença pública no Uruguai, apesar do processo de inspiração jacobina de separação entre religião e Estado que se deu a partir do final do século XIX e teve seu ápice nas primeiras décadas do século XX. A sociedade menos religiosa da América Latina (que apresenta índices similares a alguns países europeus) e que viveu um forte processo de secularização que deslocou a religião majoritariamente para o âmbito da vida privada está mudando. Ou ao menos, está passando por uma revisão daquele que é tido como seu caráter distintivo: a laicidade de seu povo e de suas instituições estatais. Defendendo uma incidência maior na esfera pública e na política institucional, líderes evangélicos ligados a diversas organizações religiosas afirmam ser necessário defender valores que não estão sendo representados pelos atuais legisladores e tampouco pelo Estado nacional. Animada a participar da política parlamentar em reação à chamada agenda de direitos – é dizer, a regulamentação do aborto, do consumo de maconha, e também do casamento entre pessoas do mesmo sexo – parte da liderança evangélica uruguaia realizou uma substancial mudança de paradigma ao decidir influenciar a política a partir de sua compreensão cristã de mundo e ao abandonar a perspectiva laica que restringia ao âmbito privado a atuação religiosa. Como em outras partes, o discurso desses atores religiosos defende o retorno à esfera privada de temas que hoje, inclusive no Uruguai, são compreendidos como direitos e debatidos a partir de uma moralidade laica. Chama atenção o desenrolar desse processo em um país que realizou, de modo precoce e radical, a transferência para o Estado e a universalização de funções antes concernentes às famílias e aos grupos religiosos. Esta tese, fruto de pesquisa empírica realizada no Uruguai entre novembro de 2018 e abril de 2019, apresenta as percepções dessa nova liderança evangélica acerca das relações entre religião, moralidade e Estado e propõe uma reflexão sobre os dilemas que sua prática política suscita naquela que é considerada a democracia mais estável da América Latina. A partir da análise desse caso particular (marcado pela racionalização moderna do espaço da política e da assistência social), esse trabalho procura refletir sobre a demanda contemporânea de alargamento da experiência política moderna e a consequente revisão do conceito de laicidade. Essas mudanças, por centrais para o estabelecimento de um pacto de convivência social, dizem respeito a todas as democracias, especialmente às latino-americanas tão marcadas pelo fenômeno religioso. / [en] In recent years, the religious phenomenon has returned to the public sphere in Uruguay, despite the Jacobin-inspired process of separation between religion and Modern State that took place from the end of the 19th century and had its peak in the first decades of the 20th century. The least religious society in Latin America (which has similar rates to some European countries), and which has undergone a radical process of secularization that has shifted religion mostly to the sphere of private life, is changing. Or at least, it is undergoing a review of what is considered to be its distinctive character: the secularity of its people and its state institutions. Defending a greater religious incidence in the public sphere and in institutional politics, evangelical leaders linked to various religious organizations say that it is necessary to stand up for values that are not being represented by current legislators or by the national State. Animated to participate in parliamentary policy in reaction to the so-called rights agenda - that is, the regulation of abortion, marijuana use, as well as same-sex marriage - part of the Uruguayan evangelical leadership made a substantial paradigm shift in deciding to influence politics from its Christian worldview and by abandoning the secular perspective that restricted religious activity to the private sphere. As in other parts, the discourse of these religious actors defends the return to privacy of themes that today, including in Uruguay, are understood as rights and debated based on secular morality. It is noteworthy that the development of this process occurred in a country that carried out, early and radically, the transference to the State and the universalization of functions previously concerning families and religious groups. This thesis, the result of empirical research carried out in Uruguay between November 2018 and April 2019, presents the perceptions of this new evangelical leadership regarding the relations between religion, morality, and the State and proposes a reflection on the dilemmas that its political practice raises in that which is considered the most stable democracy in Latin America. Based on the analysis of this particular case (marked by the modern rationalization of the space of politics and social assistance), this work seeks to reflect on the contemporary demand for extending the modern political experience and the consequent revision of the concept of secularity. These changes, which are central to the establishment of a social coexistence pact, concern all democracies, especially Latin American ones marked by the religious phenomenon.
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[es] REARMANDO LA INDIANIDAD: LA REEMERGENCIA CHARRÚA COMO RELACIONES INTERNACIONALES / [en] RECLAIMING INDIGENEITY: CHARRÚA REEMERGENCE AS INTERNATIONAL RELATIONS / [pt] REFAZENDO A INDIANIDADE: A REEMERGÊNCIA CHARRÚA ENQUANTO RELAÇÕES INTERNACIONAISHENRIQUE BRENNER GASPERIN 26 January 2021 (has links)
[pt] Esta dissertação busca discutir a reemergência do povo Charrúa na região adjacente ao Rio da Prata. Especificamente, pretendo avaliar meios a partir dos quais uma das organizações Charrúa mais proeminentes, o Consejo de la Nación Charrúa, vocaliza suas reivindicações: participando em espaços internacionais, especialmente no Fondo Indígena para el Desarrollo de los Pueblos Indígenas de América Latina y el Caribe (FILAC) em fóruns das Nações Unidas. Busco mostrar alguns dos esforços avançados pelos Charrúa para contestar o argumento comumente sustentado a respeito da sua extinção como grupo étnico, o qual acaba por ser intimamente coincidente com as formações nacionais na região. Assim sendo, a dissertação será estruturada em três capítulos. No primeiro, discutirei como os encontros coloniais formaram muito sobre os entendimentos modernos a respeito da soberania e das Relações Internacionais. Posteriormente, expando para analisar como o regime internacional de Direitos Humanos constitui e vem sendo constituído por uma reestruturação global coordenada da categoria indígena. No segundo capítulo, avalio as dinâmicas regionais do Rio da Prata envolvendo relações coloniais interétnicas e a formação nacional do Uruguai, que sustenta a qualidade de país sem índios por mais de um século. Terceiramente, depois de brevemente expor a história da reemergência Charrúa, investigo discursos, reivindicações e dinâmicas de pertencimento étnico derivadas da atividade transnacional do CONACHA. Trazendo argumentos construídos nos três anteriores, sustento que a reemergência Charrúa pode desafiar espaços políticos estabelecidos no Uruguai, posto que abala as construções ambíguas e complicadas da formação naciona na região. Ademais, defendo que o fenômeno das reemergências étnicas seja considerado não somente como de interesse das Relações Internacionais, mas também como um lócus privilegiado para avaliar seus limites constitutivos e possíveis rupturas. / [en] This dissertation aims to discuss the reemergence of Charrúa people in the region adjacent to the Río de la Plata. Specifically, I will evaluate some of the means through which one of the most prominent Charrúa representations in Uruguay, the Consejo de la Nación Charrúa (CONACHA) vocalizes its claims: by participating in UN forums and in Fondo Indígena para el Desarrollo de los Pueblos Indígenas de América Latina y el Caribe (FILAC). This endeavor intends to show some of the efforts Charrúa people are undertaking in order to contest the commonly-sustained argument of their extinction as an ethnic group, which happens to be intimately coincident with national formations in the region. The dissertation is structured in three chapters. In the first one, I discuss how colonial encounters have shaped much of modern understandings of sovereignty and international relations. Further, I expand to analyze how the international regime of Human Rights is shaping and being shaped by a coordinated global refashioning of the category indigenous. On the second chapter, I evaluate Río de la Plata s regional dynamics involving colonial interethnic relations, and the national formation of Uruguay, which sustains the quality of an Indianless country for more than a century. Thirdly, after briefly exposing the history of Charrúa reemergence, I discuss analyzed speeches, claims and collective dynamics of belonging deriving from Consejo de la Nación Charrúa (CONACHA) transnational activity. By bringing together arguments made in the three chapters, I sustain that Charrúa reemergence in Uruguay may challenge political limits by unsettling the ambiguous and complicated constructions of national formation and sovereign authority in the region. Moreover, I advocate for considering the phenomena of indigenous reemergence or ethnogenesis not only as a subject of concern for International Relations, but also as a privileged locus for one to evaluate its constitutive limits, and potential fractures. / [es] Esta tésis busca discutir la reemergencia del pueblo Charrúa en la región adyacente al Río de la Plata. Específicamente, evaluaré algunos de los medios por los cuales una de las representaciones más prominentes de los Charrúas en Uruguay, el Consejo de la Nación Charúa (CONACHA), vocea sus reclamos: participando de espacios internacionales como foros de las Naciones Unidas y el Fondo Indígena para el Desarrollo de los Pueblos Indígenas de América Latina y el Caribe (FILAC). Este esfuerzo intenta evidenciar algunos de los empeños que el pueblo Charrúa emprende para contestar el argumento común con respecto a su extinción como grupo étnico, lo cual es íntimamente coincidente con los relatos nacionales de la región. La tésis está estructurada en tres capítulos. En el primero, discuto como los encuentros coloniales han mayormente dado forma a los entendimientos modernos de la soberanía y las relaciones internacionales. En secuencia, analizo como el régimen internacional de Derechos Humanos da forma y es formado por una remodelación global coordenada de la categoría indígena. En el segundo capítulo, yo evalúo dinámicas regionales del Río de la Plata en lo que se refiere a relaciones interétnicas y la formación nacional del Uruguay, país que sostiene la calidad de país sin indios por más de un siglo. Tercero, después de brevemente exponer la historia de la reemergencia Charrúa, analizo y comento discursos, reivindicaciones y dinámicas colectivas de pertenencia étnica derivadas de la actividad transnacional del Consejo de la Nación Charrúa (CONACHA). Tejiendo argumentos hechos en los tres capítulos, sostengo que la reemergencia Charrúa en Uruguay puede desafiar límites políticos por transtornar las ambíguas y complicadas formaciones nacionales y la legitimidad de su autoridad soberana en la región. Además, abogo que los fenómenos de reemergencia indígenas o etnogénesis sean considerados no solamente como objeto de interés para las Relaciones Internacionales, sino también como un sitio privilegiado para que sean analizados sus límites constitutivos y potenciales fracturas.
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