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A cosmologia construída de fora: a relação com o outro como forma de produção social entre os grupos chaquenhos no século 18

Felippe, Guilherme Galhegos January 2013 (has links)
Submitted by Fabricia Fialho Reginato (fabriciar) on 2015-06-29T23:25:30Z No. of bitstreams: 1 Galhegos.pdf: 3090921 bytes, checksum: a1655601b99ff65b1ba2fd8d82b58a55 (MD5) / Made available in DSpace on 2015-06-29T23:25:30Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Galhegos.pdf: 3090921 bytes, checksum: a1655601b99ff65b1ba2fd8d82b58a55 (MD5) Previous issue date: 2013 / Nenhuma / Após mais de um século e meio de perigosos e esporádicos contatos com os nativos do Chaco, a Coroa espanhola iniciou, na segunda metade do século 17, um projeto de catequização através do incentivo à atuação de missões evangélicas na região, a fim de estabelecer uma aproximação pacífica com os diversos grupos indígenas e permitir uma passagem segura à rota comercial entre o porto de Buenos Aires e as minas andinas do Chile. Ainda que esta nova abordagem colonizadora não tenha resultado na pacificação dos índios chaquenhos, o contato foi intensificado por causa da proliferação de reduções evangélicas naquela região ao longo do setecentos, levando muitos missionários e expedicionários a aventurarem-se no interior do Chaco, com o intuito de contatarem grupos mais afastados do convívio colonial. Esta oportunidade gerou uma série de impressões, críticas, descrições de caráter etnográfico, relatórios oficiais, acordos e negociações documentados ao longo de todo o século 18, que permitem a análise não apenas do discurso que os espanhóis produziram a respeito do contato, mas também da postura, do entendimento e das escolhas que os índios tiveram em relação ao convívio com os agentes e instituições coloniais. A presente tese tem como objetivo, a partir da análise de registros históricos produzidos por observadores civis e religiosos, de uma historiografia sobre o contato entre nativos e europeus no Chaco e de etnografias produzidas a respeito de grupos chaquenhos contemporâneos, demonstrar que os índios tomavam suas decisões e atitudes a partir de uma lógica que não era espontânea ou casuística, nem fruto do improviso frente às novas situações postas pelo avanço colonial. Esta lógica se sustentava num complexo sistema mitológico que guiava as percepções e o pensamento indígena, dotando-lhes de uma cosmologia própria e distinta da dos colonizadores modernos. Para comprovar tal hipótese, analiso três características do cotidiano socioeconômico indígena, cujos fundamentos práticos respaldam-se na relação com elementos mitológicos e, consequentemente, no entendimento cosmológico que os índios possuíam do mundo: a guerra, as trocas reciprocitárias e o sistema econômico de produção e consumo alimentar. / After more than one and a half century of dangerous and sporadic contacts made with natives from Chaco, the Spanish Crown began, in the second half of the seventeenth century, an evangelizing project by the encouragement of evangelical missions in that region, in order to establish a peaceful approach with the various indigenous groups and to ensure a safe transit to the trade route between Buenos Aires harbor and Chilean Andean mines. Although this new colonizing approach has not resulted in a native pacification, the contact between them was intensified by the proliferation of Reductions in the region over the referred century, leading many missionaries and explorers to venture into the interior of Chaco, with the purpose of having a broader contact with the uncontacted groups. This opportunity has generated a series of impressions, criticism, ethnographic descriptions, official reports, agreements and negotiations, which had been documented throughout the eighteenth century, enabling an analysis not only of the Spanish speech concerning the contact, but also the posture, the understanding and the choices indians made regarding the contact with agents and colonial institutions. This thesis details, as a result of studies carried out in a variety of historical records produced by civil and religious observers, from a historiography on the contact between natives and Europeans in Chaco and from ethnographies produced about Chaco’s contemporary groups, that indians made their own decisions and took actions on the basis of a logic that was not spontaneous or case-by-case, neither the result of improvisation with the new situations posed by colonial advance. This logic is held in a complex mythological system which guided the indigenous way of thinking and perceptions, providing their own cosmology, unlike that of modern colonizers. To demonstrate this hypothesis, I analyze three indigenous socioeconomic features on a daily basis, whose practical backgrounds rely on the relationship with mythological elements and thus on the cosmological understanding that indians possessed about the world: the war, the trade and the economic system of production and food consumption.

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