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Borges e o autor assombrado: taraxía, alusão e anacronismo / Borges y el autor asombrado: taraxía, alusión y anacronismo

Oliveira, Gustavo Ponciano Cunha de 04 May 2017 (has links)
Submitted by Cássia Santos (cassia.bcufg@gmail.com) on 2017-08-03T13:23:59Z No. of bitstreams: 2 Tese - Gustavo Ponciano Cunha de Oliveira - 2017.pdf: 2866138 bytes, checksum: 70993bbeb3b080aa05829e0f09f06fe6 (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) / Approved for entry into archive by Luciana Ferreira (lucgeral@gmail.com) on 2017-08-07T15:31:56Z (GMT) No. of bitstreams: 2 Tese - Gustavo Ponciano Cunha de Oliveira - 2017.pdf: 2866138 bytes, checksum: 70993bbeb3b080aa05829e0f09f06fe6 (MD5) license_rdf: 0 bytes, checksum: d41d8cd98f00b204e9800998ecf8427e (MD5) / Made available in DSpace on 2017-08-07T15:31:56Z (GMT). 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Con aspiraciones estéticas, Borges investiga la perturbación (anomalía) causada por juicios discordantes con el interés de localizar las construcciones intelectuales más adecuadas al ejercicio de destitución de la estabilidad conceptual del mundo y de nuestra existencia en él. De esta manera, el escepticismo de Borges, estéticamente interesado, tiene como objetivo el asombro (taraxía). El vocablo, recurrente en los escritos del autor, designa esta propiedad distintiva: la estética del asombro. El tratamiento aporético del tiempo es el movimiento primordial de la estética del asombro –desestabilizarlo es esencial para que nuestras relaciones con el mundo, con el otro, con el conocimiento y el autoconocimiento sean cuestionadas por Borges. En un segundo momento, la pesquisa investigada dos procedimientos poéticos fundamentales para la estética del asombro: la alusión y el anacronismo deliberado. La alusión es una operación importante para la estética del asombro por dos razones. 1) Si el conocimiento vedado nunca puede ser descrito o verdaderamente presentado, únicamente se alude a él. Son los sutiles efectos o evidencias de la infiltración de este conocimiento o ser superior en nuestro universo (trabajados por la alusión) que dan al mundo su apariencia asombrosa de pesadilla o delusión. 2) La alusión es, según Borges, el procedimiento capaz de conceptuar, porque se refiere (alude) a la generalidad, no al individuo. Es por la alusión que el autor señala un más allá, que se hace capaz de abordar nuestro ser en el mundo. El segundo procedimiento, el anacronismo, es un ejercicio de apropiación comprendido como distanciamiento productivo, respuesta a autonomía semántica del texto primero. Es un instrumento poético que Borges pone en práctica, pero que también sufre los efectos del asombro cuando es asociado a representación del autor, el asunto final de este trabajo. La pesquisa sugiere que, en la representación del autor por Borges, ocurre una interpolación entre dos arquetipos, que son extensiones de la aporía fundamental de la estética del asombro: el autor que habita la eternidad y el autor que habita el tiempo como duración. El primero arquetipo es una especie de panteísmo aplicado a la figura del autor. El anacronismo deliberado, en él, se convierte en posesión inmediata: no hay nada que no sea a él accesible y que no esté registrado en su Libro Total. Es la personificación arquetípica del Espíritu de la Literatura: absoluto e indivisible. El arquetipo del autor que habita el tiempo es la figura de una persona melancólica, que así es porque llegó demasiado tarde a la historia de la literatura. Es rehén del tiempo; entiende la tradición literaria como completa e inalienable. El anacronismo deliberado es, para él, inconcebible. Su última reacción es la tendencia a la interdicción. / Este texto é resultado de uma pesquisa que investiga fundamentos estéticos e poéticos na obra de Jorge Luis Borges (1899-1986). Sua proposição basilar é a de que há, em sua produção literária, uma estética instaurada a partir do ceticismo peculiar ao autor. Diferentemente dos céticos pirrônicos, que leu e comentou em alguns de seus ensaios, Borges não almeja a tranquilidade (ataraxía) quando aplica a suspensão do juízo (epokhé) em teses de disciplinas diversas, percebidas como igualmente insuficientes na pretensão de acesso à verdade. Com aspirações estéticas, Borges investiga a perturbação (anomalía) causada pelos juízos discordantes com o intuito de localizar as construções intelectuais mais aptas ao exercício de destituição da estabilidade conceitual do mundo e de nossa existência nele. Assim, o ceticismo de Borges, esteticamente interessado, almeja o assombro (taraxía). O termo, recorrente nos escritos do autor, dá nome a esta propriedade distintiva: estética do assombro. A abordagem aporética do tempo é o movimento primordial da estética do assombro – desestabilizá-lo é fundamental para que nossas relações com o mundo, com o outro, com o conhecimento e com o autoconhecimento sejam questionadas por Borges. Na sequência da pesquisa, são investigados dois procedimentos poéticos que o estudo aponta como fundamentais à estética do assombro: a alusão e o anacronismo deliberado. A alusão é ferramenta importante à estética do assombro por dois motivos. 1) Se o conhecimento vedado não pode nunca ser descrito ou apresentado de fato, ele será apenas aludido. São os sutis efeitos ou indícios da infiltração deste conhecimento ou ente superior em nosso universo (trabalhados pela alusão) que dão ao mundo sua aparência assombrosa de pesadelo ou delusão. 2) A alusão é, segundo Borges, o procedimento apto a gerar conceitos, porque remete (alude) à generalidade, não ao indivíduo. É por meio da alusão que o autor aponta para um mais além e faz-se capaz de abordar nosso ser-nomundo. Já o anacronismo é um exercício de apropriação compreendido como distanciação produtiva, resposta à autonomia semântica do texto primeiro. É uma ferramenta poética que Borges põe em prática, mas que também sofre os efeitos do assombro quando é associado à representação do autor, o assunto final deste trabalho. A pesquisa propõe que, na representação do autor por Borges, há uma interpolação entre dois arquétipos, que são extensões da aporia basilar da estética do assombro: o autor que habita a eternidade e autor que habita o tempo enquanto duração. O primeiro deles é uma espécie de panteísmo autoral. Nele, o anacronismo deliberado converte-se em possessão instantânea: não há nada que não seja a ele acessível e que não esteja registrado em seu Livro Total. É a personificação arquetípica do Espírito da Literatura: absoluto e indivisível. O arquétipo do autor que habita o tempo é a figura de um indivíduo melancólico, que assim o é porque chegou tarde demais à história da literatura. É refém do tempo; entende a tradição literária como pronta e inalienável. O anacronismo deliberado é para ele inconcebível. Sua reação última é uma tendência à interdição.

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