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O metafísico no olhar: a pintura na filosofia de Merleau-Ponty / The metaphysical in the gaze, the painting in Merleau-Ponty\'s philosophyFurlan, Annie Simões Rozestraten 19 September 2005 (has links)
O objetivo deste trabalho é investigar a questão da pintura na filosofia de Merleau-Ponty. Inicialmente inscrita nos quadros de uma filosofia da existência, e depois, com maior destaque, nos quadros de uma ontologia. A questão da arte, particularmente a pintura, surge como meio privilegiado de investigação das nossas relações mais surdas e secretas com o Ser, ou com isso que Merleau-Ponty chamava de camada pré-reflexiva de sentido de mundo, anterior às teses de nossa linguagem. Isso porque a atividade da pintura revela os meios da visibilidade, que nosso olhar cotidiano deixa para trás e esquece a favor do mundo constituído culturalmente. Ou seja, habitamos um mundo que esquece suas premissas, e a tarefa do pintor, especialmente a de Cézanne, é recuperar o contato do olhar com este mundo inabitual. Nesta relação originária do corpo com o mundo, destaca-se, na obra de Merleau-Ponty, uma nova concepção de profundidade, que não é apenas do espaço, mas do corpo, e também das coisas. Merleau-Ponty apontou para esta noção em seus ensaios sobre arte, na tentativa de recolocar em questão a atividade artística como atividade que revela a implicação entre o mundo percebido e a corporeidade. Percebeu na profundidade a implicação da reversibilidade do corpo: a visibilidade a que se abre o vidente é também a de seu corpo visível, que é ao mesmo tempo vidente e visível, senciente e sensível. O autor afirma que, uma vez que este entrecruzamento está dado, aí estão, igualmente, colocados todos os problemas da pintura. Sendo assim, a pintura revela o enigma do próprio corpo. Minha visão se faz nas coisas e me apreende ao mesmo tempo no meu olhar desdobrado diante de mim, entrelaçamento que possibilita uma visibilidade secreta, ou um duplo carnal. O filósofo desenvolve o termo ?carne? para denominar este ?entre? o vidente e o visível, abertura de um ao outro, e passagem de um no outro, que define nosso acesso ao Ser. Percorremos algumas questões: entre o mundo percebido e o ato expressivo, o que é a atividade do artista, senão uma coerência com a visibilidade que o provoca e, portanto, que mal se desprende do espetáculo do mundo? Como o pintor ou o poeta expressariam outra coisa senão seu encontro com o mundo? E o que buscam neste encontro, senão uma relação mais verdadeira, sem ser uma verdade que se assemelhe ao mundo, mas coerente em seu encontro, isto é, capaz de expressar o invisível que anima a relação do olhar com a visibilidade, ou do sentir com a realidade? Neste movimento de pensamento, que inicialmente enfatiza uma nova idéia de Razão ou de Verdade através da atividade do olhar, chega-se, por fim, à noção de desejo ou de corpo libidinal. Perceber é desejar, movimento inscrito na abertura do Ser sensível, que inaugura as trocas entre o corpo e as coisas, em que o olhar ou a visibilidade é um elemento privilegiado. / The aim of this study is the research of the problem of painting in the philosophy of Merleau Ponty. Originally enrolled in the frames of an existencialistic philosophy, aferwards it was put with more prominence, in the frame of an ontology.The problem of art, especially of painting, arises as a privileged way of research of our more deaf and secret relations with Being, or wich that what Merleau Ponnty nominated the pre-reflexive layer of the sense of the world, previous to the thesis of our language. This is so because the activity of painting reveals the means of visibility that our daily look leaves behind and forgets privileging the cultural constructed world. In other words, we live in a world that forgets its premisses, and the task of the painter, especially of Cézanne, is to recover the contact of the look on this unhabitual world. In this original relation of the body with the world we may emphasize, in the work of Merleau Ponty, a new concept of depth, that is not only of space, but of the body, and also of the things. Merleau Ponty pointed to this notion in his essays about arts, trying to question again the artist?s activity as an activity that reveals the implication between the perceived world and the bodyness. He perceived in the depth the implication of the revertibility of the body: the visibility which opens itself to the beholder is also that of his visual body, which is at the same time beholder and visible object, sensing and sensible. The author states that once this intercrossing is given, all the problems of painting are here placed in the same way. In being so, the painting reveals the enigma of the body itself. My look realizes itself in the things and grasps me at the same moment in my look unfolded in front of myself, this interlinking makes possible a secret visibility or a carnal double. The philosophe develops the term \"flesh\" to denominate this \"between\" the beholder and the visible, opening one to the other, giving passage from one to the other, which defines our access to Being. We will deal with some questions: What is the activity of the artist between the perceived world and the expressive act, other then a coherence with the visibility that it causes and, therefore, what harm does come from the spectacle of the world? How the painter and the poet would express other things than their meeting with the world? And in this meeting what they are looking for other than a more true relation, without being a truth which is similar to the world, but coherent in their meeting, this is, capable to express the invisible that cheers up the relation of the gaze with the visibility or of the feeling with the realityIn this movement of thoughts, which emphasizes initially a new idea of Reason and of Truth by means of the activity of looking, one arrives, finally to the notion of desire or of the libidinal body. To perceive is to desire, a movement graved in the opening of sensitive Being, that inaugurates the exchanges between the body and the things, in whicht he looking or the visibility is a privileged element.
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O metafísico no olhar: a pintura na filosofia de Merleau-Ponty / The metaphysical in the gaze, the painting in Merleau-Ponty\'s philosophyAnnie Simões Rozestraten Furlan 19 September 2005 (has links)
O objetivo deste trabalho é investigar a questão da pintura na filosofia de Merleau-Ponty. Inicialmente inscrita nos quadros de uma filosofia da existência, e depois, com maior destaque, nos quadros de uma ontologia. A questão da arte, particularmente a pintura, surge como meio privilegiado de investigação das nossas relações mais surdas e secretas com o Ser, ou com isso que Merleau-Ponty chamava de camada pré-reflexiva de sentido de mundo, anterior às teses de nossa linguagem. Isso porque a atividade da pintura revela os meios da visibilidade, que nosso olhar cotidiano deixa para trás e esquece a favor do mundo constituído culturalmente. Ou seja, habitamos um mundo que esquece suas premissas, e a tarefa do pintor, especialmente a de Cézanne, é recuperar o contato do olhar com este mundo inabitual. Nesta relação originária do corpo com o mundo, destaca-se, na obra de Merleau-Ponty, uma nova concepção de profundidade, que não é apenas do espaço, mas do corpo, e também das coisas. Merleau-Ponty apontou para esta noção em seus ensaios sobre arte, na tentativa de recolocar em questão a atividade artística como atividade que revela a implicação entre o mundo percebido e a corporeidade. Percebeu na profundidade a implicação da reversibilidade do corpo: a visibilidade a que se abre o vidente é também a de seu corpo visível, que é ao mesmo tempo vidente e visível, senciente e sensível. O autor afirma que, uma vez que este entrecruzamento está dado, aí estão, igualmente, colocados todos os problemas da pintura. Sendo assim, a pintura revela o enigma do próprio corpo. Minha visão se faz nas coisas e me apreende ao mesmo tempo no meu olhar desdobrado diante de mim, entrelaçamento que possibilita uma visibilidade secreta, ou um duplo carnal. O filósofo desenvolve o termo ?carne? para denominar este ?entre? o vidente e o visível, abertura de um ao outro, e passagem de um no outro, que define nosso acesso ao Ser. Percorremos algumas questões: entre o mundo percebido e o ato expressivo, o que é a atividade do artista, senão uma coerência com a visibilidade que o provoca e, portanto, que mal se desprende do espetáculo do mundo? Como o pintor ou o poeta expressariam outra coisa senão seu encontro com o mundo? E o que buscam neste encontro, senão uma relação mais verdadeira, sem ser uma verdade que se assemelhe ao mundo, mas coerente em seu encontro, isto é, capaz de expressar o invisível que anima a relação do olhar com a visibilidade, ou do sentir com a realidade? Neste movimento de pensamento, que inicialmente enfatiza uma nova idéia de Razão ou de Verdade através da atividade do olhar, chega-se, por fim, à noção de desejo ou de corpo libidinal. Perceber é desejar, movimento inscrito na abertura do Ser sensível, que inaugura as trocas entre o corpo e as coisas, em que o olhar ou a visibilidade é um elemento privilegiado. / The aim of this study is the research of the problem of painting in the philosophy of Merleau Ponty. Originally enrolled in the frames of an existencialistic philosophy, aferwards it was put with more prominence, in the frame of an ontology.The problem of art, especially of painting, arises as a privileged way of research of our more deaf and secret relations with Being, or wich that what Merleau Ponnty nominated the pre-reflexive layer of the sense of the world, previous to the thesis of our language. This is so because the activity of painting reveals the means of visibility that our daily look leaves behind and forgets privileging the cultural constructed world. In other words, we live in a world that forgets its premisses, and the task of the painter, especially of Cézanne, is to recover the contact of the look on this unhabitual world. In this original relation of the body with the world we may emphasize, in the work of Merleau Ponty, a new concept of depth, that is not only of space, but of the body, and also of the things. Merleau Ponty pointed to this notion in his essays about arts, trying to question again the artist?s activity as an activity that reveals the implication between the perceived world and the bodyness. He perceived in the depth the implication of the revertibility of the body: the visibility which opens itself to the beholder is also that of his visual body, which is at the same time beholder and visible object, sensing and sensible. The author states that once this intercrossing is given, all the problems of painting are here placed in the same way. In being so, the painting reveals the enigma of the body itself. My look realizes itself in the things and grasps me at the same moment in my look unfolded in front of myself, this interlinking makes possible a secret visibility or a carnal double. The philosophe develops the term \"flesh\" to denominate this \"between\" the beholder and the visible, opening one to the other, giving passage from one to the other, which defines our access to Being. We will deal with some questions: What is the activity of the artist between the perceived world and the expressive act, other then a coherence with the visibility that it causes and, therefore, what harm does come from the spectacle of the world? How the painter and the poet would express other things than their meeting with the world? And in this meeting what they are looking for other than a more true relation, without being a truth which is similar to the world, but coherent in their meeting, this is, capable to express the invisible that cheers up the relation of the gaze with the visibility or of the feeling with the realityIn this movement of thoughts, which emphasizes initially a new idea of Reason and of Truth by means of the activity of looking, one arrives, finally to the notion of desire or of the libidinal body. To perceive is to desire, a movement graved in the opening of sensitive Being, that inaugurates the exchanges between the body and the things, in whicht he looking or the visibility is a privileged element.
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