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Conversas com o movimento social negro sobre vulnerabilidades em relação às DSTs/Aids / Conversations with the black social movement about vulnerabilities in relation to STD / AIDS

Spiassi, Ana Lúcia 16 March 2011 (has links)
A intensificação do debate sobre a epidemia de DST/aids na população negra, trazida por entidades da sociedade civil na última década, aparece na esteira da recente sistematização de políticas voltadas para a saúde desta população. O objetivo do presente estudo foi conhecer a avaliação que o movimento social negro do ABC paulista tem sobre as condições de vulnerabilidade em relação às DST/aids vividas pelos cidadãos negros da região. Trata-se de estudo qualitativo, construído com base em entrevistas individuais em profundidade com lideranças diversas deste movimento. A representatividade dos entrevistados foi ancorada no conceito de Luta por Reconhecimento e a estrutura das entrevistas foi organizada a partir do conceito teórico orientador de todo o trabalho que é o conceito de Vulnerabilidade. A construção e interpretação das entrevistas foram apoiadas em uma concepção de linguagem entendida como desveladora de processos de interação a partir do cotejo de duas tradições filosóficas principais: o materialismo histórico dialético e a hermenêutica. As avaliações dos entrevistados sobre as três dimensões de vulnerabilidades vivenciadas pelos negros em relação às DST/aids, produziram um quadro no qual diversas situações cotidianas são relatadas e discutidas. No plano institucional, três grupos centrais de problemas foram levantados: as condições de atendimento nos serviços de saúde; a atuação do Estado sobre as condições de iniquidade e a relação do Estado com o movimento social. Em relação às vulnerabilidades sociais, foram destacadas as desigualdades sócio-econômicas entre negros e não-negros e suas consequências, que incluem a persistência de baixa escolaridade, precarização das moradias, fixação da população negra para a periferia das áreas urbanas, barreiras à ascensão social, desigualdades sociais em saúde e a persistência da discriminação racial nas relações sociais. Em relação às vulnerabilidades individuais, os entrevistados relataram algumas de suas vivências pessoais e familiares em que sobressaem os sentimentos de insegurança e desrespeito trazidos pela tensão da discriminação racial, o que tem implicações não apenas morais, mas manifesta-se também no modo como os sujeitos vivenciam, apreendem e lidam com os aspectos dos demais planos de vulnerabilidade, acima citados. Os entrevistados apontaram, ainda, alternativas de reconstrução prática com potencial de redução do impacto da vulnerabilidade para a aids entre os brasileiros negros / The intensified discussion about the STD/AIDS epidemic among black population, brought about by civil society organizations in the last decade, appears in the wake of recent policies aimed at health of this population. The objective of this study was to explore the assessment that the black social movement in the ABC region (State of SP) make about vulnerability conditions regarding STD/AIDS experienced by black citizens from the region. This is a qualitative study, built on individual in-depth interviews with several leaders of this movement. Representativeness of respondents was based on the concept of \"Struggle for Recognition\", and the structure of the interviews on the theoretical concept of Vulnerability that guided the whole work. The structure and interpretation of interviews were backed by designing a language understood as unfolding processes of interaction based on confrontation of two major philosophical traditions: historical dialectical materialism and hermeneutics. The evaluations of the respondents about the three dimensions of vulnerability experienced by brazilian blacks in relation to STD/AIDS, resulted in a framework in which many daily situations are reported and discussed. At institutional level, three core groups of issues were raised: the conditions of care in health services, State action concerning inequity conditions and the relation between the State and social movements. As to social vulnerabilities, socioeconomic inequalities and their consequences were highlighted between blacks and non-blacks, including persistence of low schooling, precarious housing, setting the black population in the periphery of urban areas, barriers to social mobility, health inequalities and persistence of racial discrimination in social relations. In relation to individual vulnerabilities, respondents reported some of their personal and family experiences that stress feelings of lack of confidence and disrespect due to tension resulting from racial discrimination, which has moral implications and also manifests in how the subjects experience, perceive and deal with vulnerability aspects at other levels, as mentioned above. Yet, the interviewees pointed out practical reconstruction alternatives with potential to reduce the impact of vulnerability to AIDS among black Brazilians
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A (Re)Construção do caminhar: itinerário terapêutico de pessoas com doença falciforme com histórico de úlcera de perna

Dias, Ana Luisa de Araújo January 2013 (has links)
Submitted by Maria Creuza Silva (mariakreuza@yahoo.com.br) on 2013-10-11T18:07:10Z No. of bitstreams: 1 Diss Ana Luísa A. Dias. 2013.pdf: 1131201 bytes, checksum: 498a96f8c9ddea3f178807695314ae95 (MD5) / Approved for entry into archive by Maria Creuza Silva(mariakreuza@yahoo.com.br) on 2013-10-11T18:08:16Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Diss Ana Luísa A. Dias. 2013.pdf: 1131201 bytes, checksum: 498a96f8c9ddea3f178807695314ae95 (MD5) / Made available in DSpace on 2013-10-11T18:08:16Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Diss Ana Luísa A. Dias. 2013.pdf: 1131201 bytes, checksum: 498a96f8c9ddea3f178807695314ae95 (MD5) Previous issue date: 2013 / A doença falciforme (DF) é uma patologia hematológica hereditária que apresenta impacto significativo à vida das pessoas com a doença e suas famílias. Com base nos dados da triagem neonatal o Ministério da Saúde estima o nascimento de 3500 bebês com a doença a cada ano, com incidência média de 1 a cada 1000 nascidos vivos no país. A Bahia concentra a incidência mais alta, com 1 a cada 650 nascidos vivos, mesmo índice de Salvador, que apresenta cerca de 65 novos casos diagnosticados a cada ano. Estudos destacam-na como uma das alterações genéticas mais comuns no mundo. Apresenta maior incidência na população negra, sendo no Brasil, de três a seis vezes mais comum neste grupo. Com alta morbimortalidade, pode levar a anemia crônica, quadros graves de infecção, crises intensas de dor, AVC, além de poder evoluir para problemas de insuficiência renal, dor crônica, complicações cardiopulmonares, lesões osteoarticulares, entre outras. Entre os agravos crônicos e de difícil tratamento destaca-se a úlcera de perna, feridas que acometem cerca de 20 a 22% das pessoas com DF. Surgem geralmente a partir dos 10 anos de idade, espontaneamente ou derivadas de pequenos traumas, com difícil cicatrização e alto índice de recorrência. Situadas entre o calcanhar e joelho podem ter poucos centímetros ou ocupar grande extensão do membro inferior, afetar uma ou ambas as pernas, permanecendo abertas por anos, até décadas. Este agravo apresenta alto impacto no quotidiano e perspectiva de vida, com repercussões sociais, psicológicas e econômicas. O presente estudo teve como objetivo compreender o itinerário terapêutico de pessoas com histórico de úlcera de perna derivadas de doença falciforme, considerando a vivência do adoecimento antes e após o surgimento da ferida crônica, bem como o olhar dos sujeitos sobre a sua trajetória em busca de cuidado. Trata-se de estudo qualitativo baseado em história de vida, que adotou como estratégias as entrevistas narrativa e semi-estruturada aliadas a construção de diário de campo, sendo a análise dos dados realizada á luz da antropologia interpretativa de Gertz. Teve como sujeitos nove adultos com DF, três homens e seis mulheres, com idades variando entre 27 e 54 anos de idade. Todos são moradores de bairros populares, oriundos de famílias de baixa renda e se autodeclararam negros. Os participantes guardam histórias diferentes na relação com a úlcera de perna, tanto no que se refere ao tempo de surgimento do agravo, que variou entre 7 e 40 anos de convivência com a ferida, quanto no tipo de úlcera, pois envolveu pessoas com lesões contínuas e recorrentes, além de ter incluído pessoas cujas lesões estavam cicatrizadas. Percebeu-se que a úlcera de perna se configura como um ruptura biográfica na vida das pessoas com DF, trazendo grande impacto em diversas dimensões da vida como trabalho, estudo, lazer e com acentuado isolamento social. Destaca-se intensa peregrinação em busca de cuidado, tanto a doença falciforme, quanto especificamente a lesão. Foram comuns experiências de descaso e sofrimento desnecessário vivenciados nos serviços de saúde, levando a interferências marcantes na reorganização do itinerário terapêutico em curso. Os participantes evidenciaram que se recusam a se submeter a tratamentos percebidos como inadequados, deixando estes serviços, indo a outros, ou optando por cuidar de si mesmos fora dos serviços de saúde. Destaca-se a necessidade de olhar esta trajetória a partir da história da doença, que inclui as marcas do racismo institucional. Faz-se necessário reconhecer a invisibilidade que estas pessoas enfrentaram, que deixaram marcas físicas e subjetivas, como forma de poder perceber as necessidades de saúde desta população, prestando uma atenção verdadeiramente integral e equânime. / Salvador
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Conversas com o movimento social negro sobre vulnerabilidades em relação às DSTs/Aids / Conversations with the black social movement about vulnerabilities in relation to STD / AIDS

Ana Lúcia Spiassi 16 March 2011 (has links)
A intensificação do debate sobre a epidemia de DST/aids na população negra, trazida por entidades da sociedade civil na última década, aparece na esteira da recente sistematização de políticas voltadas para a saúde desta população. O objetivo do presente estudo foi conhecer a avaliação que o movimento social negro do ABC paulista tem sobre as condições de vulnerabilidade em relação às DST/aids vividas pelos cidadãos negros da região. Trata-se de estudo qualitativo, construído com base em entrevistas individuais em profundidade com lideranças diversas deste movimento. A representatividade dos entrevistados foi ancorada no conceito de Luta por Reconhecimento e a estrutura das entrevistas foi organizada a partir do conceito teórico orientador de todo o trabalho que é o conceito de Vulnerabilidade. A construção e interpretação das entrevistas foram apoiadas em uma concepção de linguagem entendida como desveladora de processos de interação a partir do cotejo de duas tradições filosóficas principais: o materialismo histórico dialético e a hermenêutica. As avaliações dos entrevistados sobre as três dimensões de vulnerabilidades vivenciadas pelos negros em relação às DST/aids, produziram um quadro no qual diversas situações cotidianas são relatadas e discutidas. No plano institucional, três grupos centrais de problemas foram levantados: as condições de atendimento nos serviços de saúde; a atuação do Estado sobre as condições de iniquidade e a relação do Estado com o movimento social. Em relação às vulnerabilidades sociais, foram destacadas as desigualdades sócio-econômicas entre negros e não-negros e suas consequências, que incluem a persistência de baixa escolaridade, precarização das moradias, fixação da população negra para a periferia das áreas urbanas, barreiras à ascensão social, desigualdades sociais em saúde e a persistência da discriminação racial nas relações sociais. Em relação às vulnerabilidades individuais, os entrevistados relataram algumas de suas vivências pessoais e familiares em que sobressaem os sentimentos de insegurança e desrespeito trazidos pela tensão da discriminação racial, o que tem implicações não apenas morais, mas manifesta-se também no modo como os sujeitos vivenciam, apreendem e lidam com os aspectos dos demais planos de vulnerabilidade, acima citados. Os entrevistados apontaram, ainda, alternativas de reconstrução prática com potencial de redução do impacto da vulnerabilidade para a aids entre os brasileiros negros / The intensified discussion about the STD/AIDS epidemic among black population, brought about by civil society organizations in the last decade, appears in the wake of recent policies aimed at health of this population. The objective of this study was to explore the assessment that the black social movement in the ABC region (State of SP) make about vulnerability conditions regarding STD/AIDS experienced by black citizens from the region. This is a qualitative study, built on individual in-depth interviews with several leaders of this movement. Representativeness of respondents was based on the concept of \"Struggle for Recognition\", and the structure of the interviews on the theoretical concept of Vulnerability that guided the whole work. The structure and interpretation of interviews were backed by designing a language understood as unfolding processes of interaction based on confrontation of two major philosophical traditions: historical dialectical materialism and hermeneutics. The evaluations of the respondents about the three dimensions of vulnerability experienced by brazilian blacks in relation to STD/AIDS, resulted in a framework in which many daily situations are reported and discussed. At institutional level, three core groups of issues were raised: the conditions of care in health services, State action concerning inequity conditions and the relation between the State and social movements. As to social vulnerabilities, socioeconomic inequalities and their consequences were highlighted between blacks and non-blacks, including persistence of low schooling, precarious housing, setting the black population in the periphery of urban areas, barriers to social mobility, health inequalities and persistence of racial discrimination in social relations. In relation to individual vulnerabilities, respondents reported some of their personal and family experiences that stress feelings of lack of confidence and disrespect due to tension resulting from racial discrimination, which has moral implications and also manifests in how the subjects experience, perceive and deal with vulnerability aspects at other levels, as mentioned above. Yet, the interviewees pointed out practical reconstruction alternatives with potential to reduce the impact of vulnerability to AIDS among black Brazilians

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