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Penduraram as letras na parede da sala : escrita e organização social no Alto JuruaPostigo, Augusto de Arruda 04 September 2003 (has links)
Orientador: Mauro William Barbosa de Almeida / Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciencias Humanas / Made available in DSpace on 2018-08-03T20:08:47Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2004 / Resumo: o trabalho trata dos usos e significados atribuídos à linguagem escrita na região do alto rio Juruá, oeste do Estado do Acre, na amazônia brasileira. Pretende assim contribuir modestamente para o estudo da escrita entre grupos sociais que são marginalizados da escrita em sociedades letradas. Para isso procuramos traçar uma história da escrita na região, apoiada em material histórico e na pesquisa etnográfica, apoiando-se também em textos escritos por alguns moradores dessa região e que não frequentaram a escola. O Alto Juruá e, mais especificamente, a Reserva Extrativista do Alto Juruá localiza-se em uma região de floresta, distante e relativamente isolada de centros urbanos. A população da região em sua maioria vive ao longo dos rios,
em clareiras isoladas ou pequenas aglomerações. O analfabetismo é grande, a presença da escrita no cotidiano das pessoas é restrita. Até cerca de uma década, os seringueiIos da área trabalhavam sob o sistema de barracões, no qual o monopólio da escrita pelos patrões tinha especial importância. Este estudo tem como contexto o período posterior ao do regime dos barracões. Uma das conclusões do trabalho, resultante de adotarmos o ponto de vista local, é o fato de haver diferentes significados e diferentes usos para a escrita. Destacamos o papel da escrita como parte de sistemas de poder regionais e nacionais, mas também indicamos como a escrita tem sido utilizada por seringueiIos para construir novas relações com o mundo letrado partindo de pontos de vista "locais". Assim, concluímos que uma história dos usos e significados de práticas de escrita e da capacidade de escrita deve necessariamente tratar das relações entre as representações locais e a respeito dos sistemas de poder envolventes. Na situação estudada, a prática da escrita não é parte da vida cotidiana, e a capacidade de escrita não é ortodoxa. Tratam-se de escritores adultos que aprenderam a escrever, mas de diferentes maneiras não-ortodoxas, os quais usam uma escrita não-domesticada, são o que se poderia chamar de escritores de pés descalços. Um dos dilemas desses escritores da floresta é procurar dominar um instrumento com o qual têm pouca familiaridade para expressar sua cidadania em um mundo externo, com pessoas que sabem escrever; ao tempo que esse mesmo
esforço os classifica como pessoas que "escrevem errado", reafirmando, na aparência, sua situação subalterna. Esta pesquisa fez parte de uma tentativa de intervir praticamente nessa situação / Abstract: This work deals with the uses and meanings associated to the written language by the rubber tappers living in the
upper Juruá river region, in the eastern State of Acre, in the Brazilian Amazonia. Its aim is to modestly contribute towards the study of the roles of literacy in social groups who are marginalized from literacy in literate societies. To this end, we delineate a history of writing in the region, supported by historical sources and ethnographic research, and by written texts produced by people living in the forest and who did not attend schooL The upper Juruá River region, and more specifically the Upper Juruá Extractive Reserve, is a remote forest territory, largely isolated from urban centers; The population is dispersed alongside the rivers, living in small
groups of houses in the midst of the forest. Illiteracy is high, and the presence of writing in the everyday life of people is very restricted. Until one decade ago, most men in the region were rubber tappers who worked under the trade-post system, in which the monopoly of writing had an specially important role. The context of this research is the period which followed the end ofthe system oftrade-posts. One of our conclusions, deriving from our perspective from the local point of view, is that there are different
meanings and different uses to literacy. We highlight the role of writing as part of the power structure; however, we also indicate how literacy has been used by rubber tappers to build up new relations with the literate world from a local point of view. Thus, we conclude that a history of the uses and meanings of writing practices and of literacy should necessarily deal with the relations between local representations and the external structures of power. In the situation researched by us, the writing practices are not part of the everyday life, and the writing skills are not orthodox. We deal with adult writers who learned how to writein several non-orthodox ways. They are thus what one could call barefoot writers, or still grass-root writers. However, those forest writers face a dilemma,
which is that of trying to control a new tool to reassert their citizenship, and yet at the same time apparently confirming their subaltern position in that they write "wrongly". Our research was aIso part of an effort towards a practical intervention in this situation / Mestrado / Mestre em Antropologia
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