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Sítio Caldeirão: a violência institucional contra uma comunidade fraterna (1889 1937) região do Cariri/Ceará

Santos, Benedito Tadeu dos 02 September 2014 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-27T19:31:01Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Benedito Tadeu dos Santos.pdf: 2327713 bytes, checksum: c5cf54ac6be77e872d1daa3c1a74b91a (MD5) Previous issue date: 2014-09-02 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / The brotherhood of Santa Cruz do Deserto was a community ceated in 1926 led by Beato José Lourenço, and initially composed of northeastern sertanejos who were devotees of Father Cícero Romão Batista. They went on a pilgrimage to Juazeiro do Norte in 1889, after the Eucharistic Miracle performed by Beata Maria de Araújo and along the course of 37 years, migrants from diferent Northeastern regions gathered in Cariri. This number increased substantially with the gradual arrival of the victims of the 1932 drought, which maximized the atavistic exploitation by the rural oligarchs, or so called colonels. At the Sítio Caldeirão, located in the municipality of Crato, in the State of Ceará, land of Father Cícero, José Lourenço and members of his community, grounded upon the inherited fraternal experiences of Father Ibiapina and common religious practices of the indigenous sertanejos, organized themselves according to the pillars which guaranteed their material survival and spiritual fulfilment: work, prayer and common sharing of all goods produced. This community structure was considered by the dominant social segments of Ceará, a threat to the established social order. By means of its hierarchy, committed to the romanization project and to the local agrarian oligarchy, the Roman Catholic Church dismissed such religious practices as fanaticism. Added to this, there was an intense dissemination of accusations of communist practices and dangerous grouping which helped form a public opinion favorable to its repression. A military campaign unleashed on September 11, 1936, formed by the military and the civilian police from the municipality, from the state of Ceará and with the help of federal forces, resulted in the dispersion of community members and the evacuation of the lands of the Caldeirão, finalizing, in May 1937, with a raid of these forces against the remaining members, who had taken refuge in the Mata dos Cavalos, in the Serra do Araripe. The Sítio Caldeirão, along with the movements of Canudos and Pau de Colher, expresses the violence of the State towards the organizational forms arising from that society. Their only sin was to fight poverty abiding by the norms and rules of their own culture as established by the State and the Catholic Church. The analysis of the present theme was based on several documents, such as periodicals, letters, police raid reports, the testament of Father Cícero, Dr. Floro Bartholomeu s speech in the Federal Chamber in 1923 and testimonials (from remnants and contemporaries of Beato José Lourenço) / A irmandade de Santa Cruz do deserto foi uma comunidade liderada pelo Beato José Lourenço, que surgiu em 1926, formada inicialmente por sertanejos nordestinos, devotos do Padre Cícero Romão Batista que, desde 1889, haviam seguido para Juazeiro do Norte em romaria, após o Milagre Eucarístico, protagonizado pela Beata Maria de Araújo. Ao longo desses 37 anos, retirantes de diversas regiões do Nordeste foram aglutinando-se na região do Cariri, mas esse contingente aumentou significativamente com a chegada gradativa de vitimados pela seca de 1932, a qual maximizou a atávica exploração dos oligarcas rurais, denominados coronéis. No Sítio Caldeirão, situado no munícipio do Crato, no Estado do Ceará, terras do Padre Cícero, José Lourenço e os membros de sua comunidade, calcados em experiências fraternas herdadas do Padre Ibiapina e práticas religiosas comuns aos sertanejos, organizaram-se a partir dos pilares que lhes garantiam a sobrevivência material e preenchiam suas necessidades espirituais: trabalho, oração e partilha dos bens produzidos. Tal estrutura comunitária foi considerada pelos segmentos dominantes cearenses uma ameaça à ordem social estabelecida. A Igreja Católica Romana, por meio de sua hierarquia, comprometida com o projeto de romanização e com as oligarquias agrárias, desprezou suas práticas religiosas, considerando-as expressão de fanatismo. A isso se somou uma intensa disseminação de acusações de práticas comunistas e agrupamento periculoso, o que ajudou a formar uma opinião pública favorável à sua repressão. A campanha militar, formada por policiais civis e militares, do município, do Estado e com a ajuda de forças federais, desencadeada em 11 de setembro de 1936, resultou na dispersão dos membros da comunidade e na desocupação das terras do Caldeirão, tendo como desfecho a campanha ocorrida em maio de 1937, com ataque dessas forças aos remanescentes, que se haviam refugiado na Mata dos Cavalos, na Serra do Araripe. O Sítio do Caldeirão, juntamente com o movimento de Canudos e Pau de Colher, expressa a violência do Estado para com essas formas organizacionais que emergem naquela sociedade, cujo único pecado foi o de lutar contra a miséria, respeitando, conforme sua cultura, as normas e regras estabelecidas pelo próprio Estado e pela Igreja Católica. A análise dessa temática pautou-se em documentos diversos, tais como: periódicos, cartas, relatório da invasão policial, testamento do Padre Cícero, discurso do deputado Dr. Floro Bartholomeu na Câmara Federal, em 1923, e depoimentos (de remanescentes e contemporâneos do Beato José Lourenço)

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