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Pia! Só quer ser o que não é, e mora na favela: práticas de consumo e construção das identidades entre indivíduos de classes populares

Barbotin, Maria Angeluce Soares Perônico 14 March 2014 (has links)
Made available in DSpace on 2015-05-14T13:27:10Z (GMT). No. of bitstreams: 1 arquivototal.pdf: 2662010 bytes, checksum: bab93a6dee067d039ad73760c8eabf4a (MD5) Previous issue date: 2014-03-14 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / Considérant la consommationun phénomène social par lequel il est possible de comprendre les divers aspects de la sociétéactuelle, et le fait de prendre en compte que les études de cette thématique auprès des classes populairessontdes entreprisesrecentesdans le monde académique, par dessus tout au Brésil, ce travail, prenant comme matière empirique les pratiques de résidents de la communauté de São Rafael (de João Pessoa/ Paraíba), analyse la logique sociale qui oriente la consommation pratiquée par un groupe d'individus des classes populaires. En termes méthodologiques, ceci est une étude ethnographique, où la relation avec le terrain s'est déroulée d'une façon prolongée, s'est développé par des départs et des arrivées, par des observations participantes, la réalisation d'entretiens et de groupes focaux. L'analyse des représentations sociales que la consommation assume pour les participants de cette recherche a été développée à travers l'Analyse de Contenu et de l'Analyse du Discours. La consommation s'est révélée être un élément clé utilisé par les sujets ici enquêtés dans l'exercice de construction de leurs identités, dans l'entreprise pour la recherche d'insertion sociale et dans la lutte pour leur reconnaissance, une fois qu'il est mobilisé de manière stratégique quand les individus essayent une définition de soi et de la place qu'ils occupent dans la hiérarchie sociale.En affirmant l'espace pertinent occupé par la consommation, ce travail ne nie pas l'importance d'autres éléments comme le travail et le lieu de logement,qui sontaussi mobilisés de manière prépondérante pour questionner la légitimité des identités. C'estprenantla consommation comme déterminante pour la construction des identités, que se construit la représentation de ce groupe en relation aux différences sociales entre riches et pauvres. Vu que ne pas être pauvre signifie avoir tout ce que les autres possèdent, la consommation est vue comme capable de,superficiellement, s'égaler à tous. Cela n'implique pas àun manque de conscienceen relation à la situation de vulnérabilité, une fois quecelle-ci se révèle tant de thèmes comme justice sociale et santé qu'ils commencent à faire partie du débat. Telle forme de concevoir les différences sociales semble se justifier par l'anxiété à contester une identité de pauvre construite par ceux de dehors et capable stigmatiser les individuas porteurs de telle étiquette. Pour les sujets ici enquêtés la différence dans les styles de vie est ce qui, de fait, marque la distinction entre les pauvres et les riches. Cela signifie que, bien que les sujets ici enquêtés désirent etcroient être possible posséder tout ce que les autres possèdent, opérant ainsi un jeu de reconnaissance d'une norme de consommation considérée légitime et en serésignantà celui-ci, ils n'expriment pas le même désir en ce qui concerne le style de vie des autres : c'est dans cette sphère que se vérifie moins de résignation et plus de contestation. Ainsi, les sujets ici enquêtés sont fortement impactes par le désir d'adéquation au groupe social d‟origine, et dans ce sens, la crainte d‟être classé comme inférieur aux autres de son propre groupe, semble exercer une plus grande pression que de la volonté de passer à appartenir à une autre classe sociale. Il est possible de considérer que la logique socialequi oriente la consommation des personnes ici enquêtées, bien qu'elle soit fortement impactée par un goût de nécessité qui conditionne, mais ne détermine pas les différents choix de ces sujets, aussi est dans une large mesure, conditionnée par un ensemble de valeurs communautaires. Une fois que le désir d'être accepté dans le groupe d'origine est très fort entre les sujetsenquêtésle contrôle social communautaire, avant d'être perçu comme un embarras est naturalisé et passe à être considéré comme une forme de sortir de l'invisibilité. / Considerando o consumo um fenômeno social através do qual é possível compreender aspectos diversos da sociedade atual, e levando em conta que os estudos dessa temática junto às classes populares são empreendimentos recentes na academia, sobretudo no Brasil, este trabalho, tomando como material empírico as práticas dos moradores da comunidade São Rafael (João Pessoa/Paraíba), analisa a lógica social que orienta o consumo praticado por um grupo de indivíduos das classes populares. Em termos metodológicos, este é um estudo etnográfico, onde o relacionamento com o campo ocorreu de modo prolongado, se desenvolvendo através de idas e vindas, para observações participantes, realização de entrevistas e grupos focais. A análise das representações sociais que o consumo assume para os participantes dessa pesquisa foi desenvolvida através da Análise de Conteúdo e da Análise do Discurso. O consumo revelou-se um elemento chave utilizado pelos sujeitos aqui investigados no exercício de construção de suas identidades, na empreitada em busca de inserção social e na luta por reconhecimento, uma vez que ele é mobilizado de maneira estratégica quando os indivíduos intentam uma definição de si e do lugar que ocupam na hierarquia social. Ao afirmar o espaço relevante ocupado pelo consumo este trabalho não nega a importância de outros elementos como o trabalho e o local de moradia, que também são mobilizados de modo preponderante para questionar a legitimidade das identidades. É tomando o consumo como muito relevante para a construção das identidades, que se constrói a representação deste grupo em relação às diferenças sociais entre ricos e pobres. Uma vez que não ser pobre significa ter tudo o que os outros possuem o consumo é visto como capaz de, superficialmente, igualar a todos. Isso não implica numa falta de consciência em relação à situação de vulnerabilidade, uma vez que esta se revela quando temas como justiça social e saúde passam a fazer parte do debate. Tal forma de conceber as diferenças sociais parece justificar-se pela ânsia em contestar uma identidade de pobre construída pelos de fora e capaz de estigmatizar os indivíduos portadores de tal rótulo. Para os sujeitos aqui investigados a diferença nos estilos de vida é o que, de fato, marca a distinção entre pobres e ricos. Isso significa que, embora os sujeitos aqui investigados desejem e acreditem ser possível possuir tudo o que os outros possuem, operando assim um jogo de reconhecimento de um padrão de consumo considerado legítimo e resignando-se a este, eles não expressam o mesmo desejo no que se refere ao estilo de vida dos outros : é nesta esfera que se verifica menos resignação e mais contestação. Assim, os sujeitos aqui investigados são fortemente impactados pelo desejo de adequação ao grupo social de origem, e neste sentido, o receio de ser classificado como inferior aos demais de seu próprio grupo, parece exercer maior pressão do que a vontade de passar a pertencer à outra classe social. Portanto, é possível considerar que a lógica social que orienta o consumo dos indivíduos aqui investigados, embora seja fortemente impactada por um gosto de necessidade que condiciona, mas não determina as diferentes escolhas desses sujeitos, também é em grande medida, condicionada por um conjunto de valores comunitários. Uma vez que o desejo de ser aceito no grupo de origem é muito forte entre os sujeitos pesquisados, o controle social comunitário, antes de ser percebido como um constrangimento é naturalizado e passa a ser considerado como uma forma de sair da invisibilidade.

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