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Escritas performativas: textualidades criadas por corpos e espaços. / -Boito, Sofia Rodrigues 04 July 2018 (has links)
Este estudo tem como objetivo rever o modo de produção textual em processos de criação para a cena performativa. Partimos, assim, do seguinte problema: seria possível engajar o corpo na atividade de escrita? A fim de responder a essa pergunta, traçamos uma breve história do corpo e de sua relação com a escrita desde a modernidade, utilizando estudos de teóricos como Georges Vigarello e David Le Breton. O intuito é demonstrar que a visão cartesiana do homem cindido - em que mente e corpo são instâncias separadas - é uma construção histórica e que pode, portanto, ser questionada e combatida. Nossa hipótese é que processos de escrita que envolvam uma experiência corporal farão emergir textualidades que se efetivam em gestos e implicam em gestualidades. Ou seja, textos cuja compreensão não se dá apenas de forma racional, mental, mas que também atingem o leitor, ou o ouvinte, em sua materialidade corporal. Com o objetivo de verificar essa hipótese relacionamos, então, diversas práticas de escrita e as obras delas resultantes - processos e textualidades que analisamos à luz da noção de gesto, tal qual concebida pelo crítico literário Dominique Rabaté. Dentre os artistas estudados, modernos e contemporâneos, estão: Charles Baudelaire, André Breton, Georges Perec, Cao Guimarães e Myriam Lefkowitz. O estudo das obras desses autores acabou por revelar transformações históricas: a transformação da relação do homem com seu corpo, assim como a transformação dos espaços da vida cotidiana desses homens. Assim, as práticas empreendidas pelos artistas estudados servem para mostrar tanto o resultado do \"progresso\" da visão racionalista do mundo, quanto a necessidade da invenção de novas estratégias para superá-la. Por fim, a partir dos estudos de caso, refletimos sobre a possibilidade de transpor tais práticas corporais na criação de textos para obras cênicas performativas. Focamos, então, na última etapa do trabalho, em experimentos feitos pela própria pesquisadora. É importante salientar que os resultados obtidos não pretendem formalizar ou cristalizar um modelo para a dramaturgia performativa, pelo contrário, têm como intuito abrir novos horizontes para que se invente outras formas de provocar, criar e fazer emergir textualidades para a cena. / This study aims to reconsider the text production in performative theater\'s creative processes, dressing the following question: would it be possible to consider the practice of the body in the writing activity? Using studies from Georges Vigarello and David Le Breton, we retraced the history of the connections between body and writing, from modernity to contemporaneity, in order to prove that the separation between body and mind is a historical construction that can be questioned and fought. Our hypothesis is that performative processes, which engage the writer\'s body in an experience, will generate performative texts, which accomplish gestures. That is, texts that wouldn\'t have only a rational comprehension, but would also touch the reader, or listener, in his corporeality. With the objective of verifying this hypothesis we connected different writing practices and their results - processes and textualities analyzed under the concept of gesture, as conceived by the author Dominique Rabaté. The analysis of works from artists such as Charles Baudelaire, André Breton, Georges Perec, Cao Guimarães and Myriam Lefkowitz, showed the transformation in the relation between human beings and their bodies, as well as the transformation of the everyday life\'s environment. Thus, the study of these artists\' practices evidence the result of the \"progress\" of the rationalist mentality, and the need of creating new ways to overcome it. Lastly, from these case studies we propose a reflection about the possibility of importing those practices to a performative theater creation process, focusing, in the last part of this work, in experiments made by the researcher. It is important, nevertheless, to emphasize that the results from this study are not to be considered as a crystalized format for the performative playwright, on the contrary, this research aims to open new horizons for the invention of other ways to provoke, create and make emerge textualities for the stage.
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Escritas performativas: textualidades criadas por corpos e espaços. / -Sofia Rodrigues Boito 04 July 2018 (has links)
Este estudo tem como objetivo rever o modo de produção textual em processos de criação para a cena performativa. Partimos, assim, do seguinte problema: seria possível engajar o corpo na atividade de escrita? A fim de responder a essa pergunta, traçamos uma breve história do corpo e de sua relação com a escrita desde a modernidade, utilizando estudos de teóricos como Georges Vigarello e David Le Breton. O intuito é demonstrar que a visão cartesiana do homem cindido - em que mente e corpo são instâncias separadas - é uma construção histórica e que pode, portanto, ser questionada e combatida. Nossa hipótese é que processos de escrita que envolvam uma experiência corporal farão emergir textualidades que se efetivam em gestos e implicam em gestualidades. Ou seja, textos cuja compreensão não se dá apenas de forma racional, mental, mas que também atingem o leitor, ou o ouvinte, em sua materialidade corporal. Com o objetivo de verificar essa hipótese relacionamos, então, diversas práticas de escrita e as obras delas resultantes - processos e textualidades que analisamos à luz da noção de gesto, tal qual concebida pelo crítico literário Dominique Rabaté. Dentre os artistas estudados, modernos e contemporâneos, estão: Charles Baudelaire, André Breton, Georges Perec, Cao Guimarães e Myriam Lefkowitz. O estudo das obras desses autores acabou por revelar transformações históricas: a transformação da relação do homem com seu corpo, assim como a transformação dos espaços da vida cotidiana desses homens. Assim, as práticas empreendidas pelos artistas estudados servem para mostrar tanto o resultado do \"progresso\" da visão racionalista do mundo, quanto a necessidade da invenção de novas estratégias para superá-la. Por fim, a partir dos estudos de caso, refletimos sobre a possibilidade de transpor tais práticas corporais na criação de textos para obras cênicas performativas. Focamos, então, na última etapa do trabalho, em experimentos feitos pela própria pesquisadora. É importante salientar que os resultados obtidos não pretendem formalizar ou cristalizar um modelo para a dramaturgia performativa, pelo contrário, têm como intuito abrir novos horizontes para que se invente outras formas de provocar, criar e fazer emergir textualidades para a cena. / This study aims to reconsider the text production in performative theater\'s creative processes, dressing the following question: would it be possible to consider the practice of the body in the writing activity? Using studies from Georges Vigarello and David Le Breton, we retraced the history of the connections between body and writing, from modernity to contemporaneity, in order to prove that the separation between body and mind is a historical construction that can be questioned and fought. Our hypothesis is that performative processes, which engage the writer\'s body in an experience, will generate performative texts, which accomplish gestures. That is, texts that wouldn\'t have only a rational comprehension, but would also touch the reader, or listener, in his corporeality. With the objective of verifying this hypothesis we connected different writing practices and their results - processes and textualities analyzed under the concept of gesture, as conceived by the author Dominique Rabaté. The analysis of works from artists such as Charles Baudelaire, André Breton, Georges Perec, Cao Guimarães and Myriam Lefkowitz, showed the transformation in the relation between human beings and their bodies, as well as the transformation of the everyday life\'s environment. Thus, the study of these artists\' practices evidence the result of the \"progress\" of the rationalist mentality, and the need of creating new ways to overcome it. Lastly, from these case studies we propose a reflection about the possibility of importing those practices to a performative theater creation process, focusing, in the last part of this work, in experiments made by the researcher. It is important, nevertheless, to emphasize that the results from this study are not to be considered as a crystalized format for the performative playwright, on the contrary, this research aims to open new horizons for the invention of other ways to provoke, create and make emerge textualities for the stage.
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