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Interação fictiva como estratégia comunicativa de crianças ecolálicas com transtorno do espectro autista

Dornelas, Aline Bisotti 09 March 2018 (has links)
Submitted by Renata Lopes (renatasil82@gmail.com) on 2018-04-10T19:39:12Z No. of bitstreams: 1 alinebisottidornelas.pdf: 28770579 bytes, checksum: a3c470619bd879d5ded475ef852a70b9 (MD5) / Approved for entry into archive by Adriana Oliveira (adriana.oliveira@ufjf.edu.br) on 2018-04-11T11:16:11Z (GMT) No. of bitstreams: 1 alinebisottidornelas.pdf: 28770579 bytes, checksum: a3c470619bd879d5ded475ef852a70b9 (MD5) / Made available in DSpace on 2018-04-11T11:16:12Z (GMT). No. of bitstreams: 1 alinebisottidornelas.pdf: 28770579 bytes, checksum: a3c470619bd879d5ded475ef852a70b9 (MD5) Previous issue date: 2018-03-09 / CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Indivíduos com Transtorno do Espectro Autista apresentam desempenho deficiente em atividades que demandam atenção conjunta, imitação e leitura de intenções, o que afeta principalmente seu comportamento social e comunicação. A ecolalia, repetição das palavras exatas de um discurso anterior (KANNER, 1943), está relacionada a tal condição cognitiva (CARPENTER; TOMASELLO, 2000). A fala ecolálica de indivíduos com autismo possui, em sua maioria, função comunicativa (SCHULER, 1979; PRIZANT; RYDELL, 1984; PRIZANT; DUCHAN, 1987; RYDELL; MIRENDA, 1991; FERNANDES, 2003; DOBBINSON; PERKINS; BOUCHER, 2003; STERPONI; SHANKEY, 2014). Entendemos as produções ecolálicas funcionais como tipos de interação fictiva, que consiste na utilização de reportações discursivas, ou do padrão de interação, como estratégias comunicativas. A interação fictiva implica o uso de um domínio cognitivo baseado em interações face a face aplicado a outras funções no processo comunicativo, o frame de conversa, diferentes da meramente reportativa. Essas construções têm sido identificadas em vários gêneros discursivos, em diferentes línguas e em casos de afasia de Broca (PASCUAL, 2006; 2014; PASCUAL; SANDLER, 2016). O presente trabalho tem como objetivos: mapear as ocorrências de interação fictiva na fala ecolálica, sua tipologia e desenvolvimento nos casos de crianças com Transtorno do Espectro Autista; comparar os resultados com dois grupos controle, o primeiro correspondendo idade cognitiva com as crianças com TEA e o segundo, idades cronológicas. Para isso, foram realizados dois estudos: um estudo empírico, com a gravação audiovisual interações semiespontâneas entre cinco crianças autistas (quatro meninos com TEA severo e uma menina com TEA moderado) e suas terapeutas em sessões semanais durante um mês, totalizando quatro sessões para cada criança. Com base nos achados do primeiro estudo, foram elaboradas duas tarefas para elicitação de dados, também aplicadas nas mesmas crianças com TEA pelas terapeutas. As crianças dos grupos controle realizaram interações semelhantes no primeiro estudo e as mesmas atividades no segundo estudo, com suas mães. Observou-se que as crianças com autismo utilizaram não só ecolalias com repetição ipsis litteris do discurso anterior, mas também ecolalias mitigadas, em que houve acréscimo de palavras no enunciado ecolálico para que este se adequasse ao contexto; também houve produção de paráfrases e até mesmo algumas ocorrências mais criativas utilizando padrão pergunta-resposta. Essas construções eram utilizadas para acesso ao léxico, sanar dificuldade de estruturação gramatical e referenciar personagens ou pessoas. As crianças do grupo controle 1 (de dois a quatro anos de idade) também utilizaram construções de interação fictiva com repetição de discurso anterior quando se deparavam com dificuldades gramaticais e discursivas. As crianças do grupo controle 2 (de seis a doze anos), utilizaram as construções de interação fictiva de modo mais criativo, com poucas ocorrências de repetição, e como opção discursiva, em vez de estratégia adaptativa. Os resultados sugerem que as construções de interação fictiva foram mais eficazes e mais frequentes que outras estratégias no grupo de crianças com TEA. A utilização do frame de conversa parece ser, então, de grande importância para que esse grupo seja capaz de se engajar no discurso e buscar estratégias comunicativas com seus interlocutores. / Individuals with Autistic Spectrum Disorder have poor performance in activities that demand joint attention, imitation and intention reading, which mainly affects their social behavior and communication. Echolalia, the repetition of the exact words from a prior discourse (KANNER, 1943), is related to such cognitive condition (CARPENTER; TOMASELLO, 2000). The echolalic speech of individuals with autism has, in general, a communicative function (SCHULER, 1979; PRIZANT; RYDELL, 1984; PRIZANT; DUCHAN, 1987; RYDELL; MIRENDA, 1991; FERNANDES, 2003; DOBBINSON; PERKINS; BOUCHER, 2003; STERPONI; SHANKEY, 2014). We understand functional echolalic productions as fictive interaction constructions, which consists in the use of discursive reportations, or the pattern of interaction, as communicative strategies. The fictive interaction implies the use of a cognitive domain based on face-to-face interactions applied to other functions in the communicative process, the conversation frame, differently from the merely reportive one. These constructions have been identified in several discursive genres, in different languages and in cases of Broca's aphasia (PASCUAL, 2006; 2014; PASCUAL; SANDLER, 2016). The present work has as objectives: mapping the occurrences of fictive interaction in the echolalic speech, its typology and development in the cases of children with Autisic Spectrum Disorder; compare the results with two control groups, the first corresponding cognitive ages with children with ASD and the second, chronological ages. Two studies were carried out: an empirical study, with audiovisual recording of semi-spontaneous interactions between five autistic children (four boys with severe ASD and one girl with moderate ASD) and their therapists in weekly sessions during one month, totaling four sessions for each child. Based on the findings of the first study, two data elicitation tasks were also developed, applied in the same children with ASD by the therapists. The children in the control groups performed similar interactions in the first study and the same activities in the second study with their mothers. It was observed that children with autism used not only ipsis literal repetitions of the previous discourse, but also mitigated echolalias, in which there was an addition of words in the echolaliclic statement so that it adapted to the context; there was also production of paraphrases and even some more creative occurrences using question-answer pattern. These constructions were used to access the lexicon, to solve difficult grammatical structuring and to refer to characters or people. Children in the control group 1 (two to four years old) also used fictional interaction constructions with repetition of previous discourse when faced with grammatical and discursive difficulties. Children in the control group 2 (six to twelve years old) used fictive interaction constructions in a more creative way, with few occurrences of repetition, and as a discursive option rather than an adaptive strategy. The results suggest that fictive interaction constructions were more effective and more frequent than other strategies in the group of children with ASD. The use of the conversation frame seems to be of great importance for this group to be able to engage in discourse and come up with communicative strategies with its interlocutors.

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