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Elementos para a formulação de uma psicossomática psicanalítica

Maniakas, Georgina Carolina Oliveira Faneco 16 June 2008 (has links)
Made available in DSpace on 2016-06-02T20:12:13Z (GMT). No. of bitstreams: 1 2207.pdf: 1191412 bytes, checksum: 5584fb11b5279406dc2be1603307e92e (MD5) Previous issue date: 2008-06-16 / From the link between the works of Freud, Ferenczi and Groddeck, this study attempts to show that psychoanalysis, since their first developments, provides evidence for the formulation of a psychoanalytic psychosomatic. In the first chapter, when we approach psychoanalytic concepts that are in the intersection between the psychic and somatic, we present evidences suggesting that somatic changes that affect somatic functions and/or structures are produced when, under impact of a traumatic situation, added by the insufficiency of the specific action, the discharge of the affection occurs of a totally unconscious way, running a cumulative excitement that found no other way of expression. This means of discharge, which is based upon the acting, not on the word, can come up from phylogenesis after the failure of the ontogenesis to equip the individual with more consistent reactions to him face limit-situations of reality. Prevented from acting against the object, the natural aggressiveness -inherent to the instincts of preservation of the species- acts in the way to disrupt the psychic functioning or, if it is sufficiently protected by the cleavage of the ego, disorganizing the somatic structures. On that regression beyond the psychic limits, selfdestructiveness, remnant of the original masochism, expressed a force even more basic in the formation of living being, as sought to show in the second chapter. Identified by Freud at both the psychological level as in the somatic level, the death drive extends the roots of unconscious to the biological level, considering the existence of an undifferentiated region between soma and psyche, where the variations of a level impact on the other. This hypothesis is supported: (1) by Ferenczi, who introduced changes in analytical technique with the aim of promoting a regression able to access content from traumatic experiences, and reached archaic and undifferentiated contents, that remains detained in the body as a memory without words, at the margin of language and the further development of the ego, producing psychical and somatic suffering, (2) by the location of the It at the psychic apparatus, connected directly with the somatic forces. By tracing the origin of It until the thought of Groddeck, in the third chapter, we find an unconscious-It that precedes the psychosomatic existence. For Groddeck, the lack of symbolic significance of organic diseases are due to the split between soma and psyche inherent at the explanatory model, for which the disease and the sickness organs are not seen as symbols that can be decoded and resized from the symbolic nature of unconscious. Finally, we show that, in despite the work of Freud provides explanations for the psychosomatic phenomenon in a psychoanalytic perspective it is Groddeck and Ferenczi that provide the clinical features that allow rescuing the psychosomatic phenomenon to become synonymous with lack of symbolization. Despite Freud have remained away of this issue and skeptical about the resolution of the psychosomatic disease through analysis, some of his assertions in his last years show that the creator of metapsychology not remained totally unrelated to that possibility. / A partir da articulação entre as obras de Freud, Ferenczi e Groddeck, este trabalho procura mostrar que, desde os seus primeiros desenvolvimentos, a psicanálise oferece elementos para a formulação de uma psicossomática psicanalítica. No primeiro capítulo, ao abordarmos conceitos psicanalíticos que se constituíram na intersecção entre o psíquico e o somático, apresentamos elementos que permitem supor que as alterações somáticas que atingem funções e/ou estruturas do corpo são produzidas quando, sob impacto de uma situação traumática, somado à insuficiência da ação específica, o afeto se descarregar de modo totalmente inconsciente, veiculando uma excitação acumulada que não encontrou outra possibilidade de expressão. Tal via de descarga, que tem como base o ato, e não a palavra pode ser evocada a partir da filogênese quando a ontogênese falha em equipar o indivíduo com reações mais condizentes ao enfrentamento de situações-limite da realidade. Impedida de se atualizar contra o objeto, a agressividade natural, inerente aos instintos de conservação da espécie, atua no sentido de desorganizar o funcionamento psíquico, ou, se este estiver suficientemente protegido pela clivagem do ego, desestruturar o funcionamento somático. Nessa marcha regressiva para além dos limites psíquicos, a auto-destrutividade, resquício do masoquismo original, expressa uma força ainda mais fundamental na constituição do vivo, como procuramos mostrar no segundo capítulo. Identificada por Freud tanto no nível psíquico como no nível somático, a pulsão de morte estende as raízes do inconsciente ao registro biológico, e permite considerar a existência de uma região indiferenciada entre soma e psique, onde as variações de um registro repercutem sobre o outro. Essa hipótese é corroborada: (1) por Ferenczi, que ao empreender modificações na técnica analítica com o objetivo de promover uma regressão capaz de acessar conteúdos derivados de experiências traumáticas, acessa conteúdos arcaicos e indiferenciados, que se mantêm imobilizados no corpo como lembranças sem palavras, à margem da linguagem e do desenvolvimento posterior do ego, produzindo sofrimentos somato-psíquicos; (2) pela localização do Isso no extremo do aparelho, em conexão direta com as forças somáticas. Ao rastrearmos a origem do Isso até o pensamento de Groddeck, no terceiro capítulo, encontramos um Isso-inconsciente precedendo toda a existência psicossomática. Para Groddeck, a falta de significação simbólica das doenças orgânicas deve-se à cisão entre soma e psique inerente ao próprio modelo explicativo, para o qual a doença e os órgãos doentes não são vistos como símbolos que podem ser decodificados e redimensionados a partir da natureza simbólica do próprio inconsciente. Para finalizar, procuramos mostrar que, apesar da obra de Freud fornecer elementos para a explicação do fenômeno psicossomático na perspectiva psicanalítica, é Groddeck e Ferenczi que fornecem os elementos clínico-conceituais que permitem resgatar o fenômeno psicossomático de se tornar sinônimo de ausência de simbolização. Apesar de Freud ter se mantido afastado dessa temática, e cético em relação à resolução da doença somática pela via analítica, algumas de suas afirmações em seus últimos anos indicam que o criador da metapsicologia não se manteve totalmente alheio a essa possibilidade.

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