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Flagelo da humanidade: saberes e práticas acerca do alcoolismo (Recife 1930 - 1939)

Sales, Eliana Vieira 31 January 2011 (has links)
Made available in DSpace on 2014-06-12T18:33:25Z (GMT). No. of bitstreams: 2 arquivo5706_1.pdf: 8158864 bytes, checksum: 9099f9d0bbbb2334d12a9a0856206e77 (MD5) license.txt: 1748 bytes, checksum: 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 (MD5) Previous issue date: 2011 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / O consumo das bebidas alcoólicas é considerado uma prática bastante antiga na história da humanidade, o beber é um ato social que deve ser compreendido no contexto de valores, normas e atitudes de cada cultura e época. Desde tempos remotos, essa prática esteve assentada em uma série de disposições simbólicas, restritivas e permissivas de diferentes grupos sociais que impunham estratégias de controle social do uso do álcool, definindo a forma, como e o momento de beber, priorizando os espaços e as situações adequadas nas quais a bebida era preconizada. No entanto, com o advento da Revolução Industrial e das modificações estruturais por ela provocadas na sociedade, o relacionamento das pessoas com o álcool passou por mudanças profundas. O equilíbrio, até então existente, foi rompido em função de um conjunto de fatores trazidos pelas transformações socioeconômicas ocorridas na época. A crescente produção de bebidas e de maior teor alcoólico, as transformações oriundas da dinâmica capitalista, a intensificação do processo de urbanização com uma tendência de criar espaços cada vez mais civilizados , oportunizaram o deslocamento de uma prática conveniada pelos grupos sociais a uma normatizada pelo saber médico. O presente trabalho analisa o discurso científico, particularmente o psiquiátrico, no processo de construção da doença‟ alcoolismo, uma patologia de alta periculosidade merecedora de todos os cuidados, no contexto do Recife, durante os anos de 1930. A partir da produção discursiva do período, elaborada pelos próprios psiquiatras tanto com fins científicos como instrutivos, o alcoolismo foi sendo apresentado como um problema intimamente associado à malandragem, à loucura, à criminalidade, à desordem, fator de debilidade moral e social. Com base na convicção de que falavam em nome da verdade e da ciência, desempenhando seus papéis de especialistas/cientistas, os psiquiatras nomearam-se os únicos com plenos direitos de disciplinar, controlar, higienizar os comportamentos das pessoas no que se refere ao hábito de consumir bebidas alcoólicas, harmonizando-se com o programa estatal do governo varguista que investia numa série de representações enaltecedoras do trabalhador idealizado como um bom cidadão e chefe de família, cultivador do lar e dos bons costumes, ou seja, em prol de indivíduos sóbrios e produtivos, e da boa ordem do corpo social. Dessa forma, procuramos descrever a materialização das campanhas antialcoólicas, abordar as concepções norteadoras do combate antialcoólico, as representações acerca dos alcoolistas, conhecer as dificuldades encontradas pelos psiquiatras na pretensão de efetivar seus princípios abstêmios sobre a população recifense. A análise dos prontuários médicos dos alcoolistas internados no Hospital de Alienados possibilitou acessar informações sobre os pacientes, o processo de internação, diagnósticos, sinais e sintomas do alcoolismo, terapêutica utilizada, entre outras

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