La promotion de l’innovation est une valeur pour différents pays. À cette fin, ils font usage de diverses techniques juridiques pour inciter les entreprises à viser et à générer de nouveaux produits, services ou technologies. Au Brésil, la propriété intellectuelle est considérée comme une des institutions juridiques les plus aptes à préserver l’intérêt des entreprises à continuer à innover. Cependant, la période suivant l’accord ADPIC a révélé que la propriété intellectuelle a failli à sa tâche de consolider de modèle de développement par l’innovation dans le pays. Cette frustration n’est un phénomène limité au Brésil, comme nous le percevons en évaluant d’autres économies héritières du sous-développement. Au lieu d’une ample diffusion technologique, nous observons le renforcement d’une espèce de «cartel de la connaissance», avec une influence mondiale. La surprotection des droits de propriété intellectuelle s’ajoute au discours de la réduction de l’intervention concurrentielle, découlant de l’influence de l’École de Chicago. La thèse part du présupposé que ce contexte décrit n’est pas en accord avec l’idéologie constitutionnellement adoptée au Brésil, nécessitant de promouvoir une action renouvelée du Conseil Administratif de Défense Économique (CADE). La présente recherche a pour objectif de formuler une fonction régulatrice de l’innovation par l’application du droit brésilien de la concurrence. L’enquête a eu un caractère interdisciplinaire, impliquant plus particulièrement des connaissances du droit et de l’économie. Nous avons conduit une analyse des jugements rendus par les autorités de la concurrence brésilienne et européennes relatifs à la protection de l’innovation et des droits de propriété intellectuelle. L’analyse comparative avec l’expérience européenne a permis de constater que les apports de l’économie industrielle contemporaine peuvent introduire des analyses économiques plus réalistes, sans perdre de vue la sécurité juridique dans l’intervention concurrentielle. Ainsi, nous comprenons que le CADE présente des compétences constitutionnelles et légales pour intervenir, de façon renouvelée, dans des cas impliquant l’industrie de haute technologie, en privilégiant les structures économiques plus inclusives et en réduisant les barrières à l’entrée des marchés. / The promotion of innovation is a value widely pursued by the most different countries, which implement various legal techniques to ensure the necessary incentives for companies that succeed in generating new products, services and technologies. In Brazil, intellectual property is considered one of the most suitable legal institutes to better preserve the interest of companies in continuing to innovate. However, the period following Brazil’s accession to the TRIPS Agreement revealed that it did not meet the expectations of consolidating the innovation development model in the country. This frustration is not a phenomenon restricted to Brazil, as one can perceive in evaluating other economies with inheritances of underdevelopment. In lieu of a broad technological diffusion, what was observed is the consolidation of a "knowledge cartel," with global influence. The "overprotection" of intellectual property rights is added to the narrative of a reduction in competitive intervention, resulting from the influence of the Chicago School. Thus, this thesis assumes that the context previously described is not in accordance with the constitutionally adopted ideology, making it necessary to promote a renewed action of the Brazilian Administrative Council of Economic Defense (CADE, in Portuguese). The research aimed to formulate a regulatory function of innovation by means of the Brazilian Competition Law mechanisms. The research had an interdisciplinary character, involving, especially, knowledge of Law and Economy. An analysis of cases judged by Brazilian and European competition authorities on the protection of innovation and intellectual property rights was carried out. The comparative analysis with the European experience showed that the contributions of the contemporary industrial economy can introduce more realistic economic analyzes, without losing sight of the legal security in the competitive intervention. Thus, it is understood that CADE has constitutional and legal powers to intervene, in a renewed way, in cases involving the high technology industry, prioritizing more inclusive economic structures and reducing high barriers to entry in the markets in question. / A promoção da inovação é um valor amplamente perseguido pelos mais diferentes países, os quais se utilizam de diversas técnicas jurídicas para garantir os estímulos necessários às empresas que tenham sucesso em gerar novos produtos e serviços ou novas tecnologias. No Brasil, considera-se a propriedade intelectual como um dos institutos jurídicos mais aptos a preservar o interesse das empresas em continuar inovando. Entretanto, o período subsequente à adesão ao Acordo TRIPS revelou que este não cumpriu com as expectativas de consolidar o modelo de desenvolvimento via inovação no país. Essa frustração não é fenômeno restrito ao Brasil, conforme se percebe ao avaliar outras economias com heranças do subdesenvolvimento. No lugar da ampla difusão tecnológica, o que se verificou foi a consolidação de uma espécie de “cartel do conhecimento”, com influência global. Assim, a “superproteção” dos direitos de propriedade intelectual se soma à narrativa de redução de intervenção concorrencial, decorrente da influência da Escola de Chicago. A presente tese parte do pressuposto de que esse contexto descrito não está de acordo com a ideologia constitucionalmente adotada, fazendo-se necessário promover uma atuação renovada do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). A pesquisa teve como objetivo formular uma função reguladora da inovação por meio da aplicação do Direito Brasileiro da Concorrência. Para tanto, a investigação teve caráter interdisciplinar, envolvendo, especialmente, conhecimentos do Direito e da Economia. Foi realizada uma análise de casos julgados pelas autoridades da concorrência brasileira e europeias, versando sobre a proteção da inovação e de direitos de propriedade intelectual. Em face disso, a análise comparativa com a experiência europeia permitiu constatar que os aportes da Economia Industrial contemporânea podem introduzir análises econômicas mais realistas, sem perder de vista a segurança jurídica na intervenção concorrencial. Assim, infere-se que o CADE apresenta competências constitucionais e legais para intervir, de maneira renovada, em casos que envolvam a indústria de alta tecnologia, priorizando estruturas econômicas mais inclusivas e reduzindo as elevadas barreiras a entrada.