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OS JOGOS COOPERATIVOS E OS PROCESSOS DE INTERAÇÃO SOCIALMUNIZ, I. B. 29 March 2010 (has links)
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Previous issue date: 2010-03-29 / Este estudo aponta as implicações da utilização dos Jogos Cooperativos como estratégia metodológica para uma educação pautada exclusivamente na cooperação em detrimento da competição e da desvalorização pedagógica do conflito. Especula em que medida estes jogos, fundamentados nas idéias de Terry Orlick e de Fábio Brotto, priorizando a cooperação através da obediência às regras do jogo, poderiam contribuir para a formação de cidadãos acomodados, dependentes, acríticos e, portanto, incapazes de contestar a ordem vigente, resgatando ou acentuando gestos peculiares que grande parte da literatura do pensamento social brasileiro diz ser pertencentes à identidade do povo brasileiro, como no caso da cordialidade. Para tanto, foram analisadas dissertações e teses sobre os Jogos Cooperativos que tinham como perspectiva fins pedagógicos (educacionais), avaliando suas mensagens através de recortes interpretados pela Análise de Conteúdo de Laurence Bardin. Analisaram-se também vivências com os Jogos Cooperativos realizadas durante a experiência, ainda na graduação, em uma escola da rede municipal de Vitória-ES, além das vivências pré-experimentais de uma oficina sobre os Jogos Cooperativos ministrada durante o estágio docente da Universidade Federal do Espírito Santo. Os resultados apontam que os trabalhos analisados apresentam uma visão tradicional sobre os Jogos Cooperativos, entendendo-os como atividade adequada ao aprendizado da cooperação e da solidariedade, já os jogos competitivos são criticados por acentuar a dominação, a exclusão, a desonestidade e a agressividade. Enquanto a cooperação é defendida com louvor por desenvolver valores sociais positivos, a competição é mais combatida do que defendida por ser considerada um problema à humanidade, desenvolvendo valores anti-sociais. A reflexão feita a partir da literatura, especialmente nas obras de Georg Simmel, Karl Marx, Max Weber, Hugo Lovisolo e Go Tani et al., entrelaçada com a análise do material empírico, permitiu concluir que as situações cooperativas nem sempre foram hegemonicamente positivas, tampouco benéficas a todos os participantes dos Jogos Cooperativos. Resgatou-se a partir da literatura clássica do jogo, principalmente Johan Huizinga e Roger Caillois, que a essência da competição exige do jogador mais do que capacidades físicas para se consagrar um vencedor, mas sim valores sociais e morais, como por exemplo, a ética, a honra, o cavalheirismo e
o respeito às regras e aos adversários. Valores, esses, silenciados na maioria dos trabalhos acadêmicos analisados. Com as reflexões de Richard Precht foi possível afirmar também que, a cooperação resultante da submissão e da obediência às regras do jogo é um sentimento de ―prazer fraco‖ que, ao que parece, é incapaz de produzir nos jogadores um significado sobre a importância de se agir de forma altruísta, podendo talvez conduzir para formação de pessoas submissas, acríticas e acomodadas. Além disso, as situações competitivas também marcaram os Jogos Cooperativos e nem por isso provocaram sentimentos de fracasso, inferioridade e desprazer em continuar jogando, muito pelo contrário, já que em alguns casos tornou o jogo mais dinâmico e produtivo.
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