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O discurso do capitalista e a cultura do mal-estar / The discourse of the capitalista and the culture of malaise

Flávio Corrêa Pinto Bastos 30 September 2010 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / A presente dissertação de mestrado pretende abordar as vicissitudes do discurso do capitalista sobre o sujeito. Para tanto, toma como ponto de partida a afirmação de Lacan, em suas palestras em Saint-Anne sobre O saber do psicanalista, de que o que caracteriza o discurso do capitalista é a foraclusão da castração. A partir dessa colocação representada no matema do discurso do capitalista pelo desaparecimento da disjunção entre produto e verdade, bem como pela ausência de um vetor entre agente e Outro, o que demonstra que esse discurso não promove laço social , percorre-se algumas questões que reverberam sobre o sujeito, dentre as quais se destaca: se o sujeito não existe fora do laço social, que sorte de efeitos a ele resulta por freqüentar um discurso que se apresenta como dominante na contemporaneidade em que a castração está foracluída e, portanto, também o liame social? Tendo em vista que a Verwerfung é o que opera no discurso do capitalista, lança-se a hipótese de que a esquizofrenização no nível do discurso resulte na propagação do que Helene Deutsch convencionou chamar de como se. Esse fenômeno surgiria como uma suplência imaginária a que recorreria o sujeito como estabilização face aos efeitos decorrentes da foraclusão da castração no discurso do capitalista. Trata-se de um discurso psicotizante que, ao contrário dos quatro discursos apresentados por Lacan no seminário O avesso da psicanálise, não promove laço social. Se discurso é o que faz laço social e Freud, em 1930, anunciara que a principal fonte de sofrimento de que padece o homem é a relação com os demais, o mal-estar na civilização é o mal-estar dos laços sociais. Logo, os quatro discursos participam do mal-estar na civilização. Ao contrário destes, o discurso do capitalista, na tentativa de eliminar o mal-estar, foraclui o laço social. Por promover o gozo ao invés da renúncia à pulsão, o discurso do capitalista acaba por instigá-la. E, como toda pulsão é pulsão de morte, não é outra coisa senão o empuxo mortífero ao gozo que o discurso do capitalismo produz. A potência que o discurso do capitalista adquiriu na contemporaneidade é analisada a partir de sua íntima relação com o discurso da ciência. A partir de algumas colocações de Hannah Arendt acerca da banalidade do mal presente em um sistema totalitário como o nazista, cogita-se a hipótese de que a aliança entre os discursos do capitalista e da ciência resulte no surgimento de uma nova forma de totalitarismo: o totalitarismo de consumo. / This dissertation aims to address the vicissitudes of the discourse of the capitalist on the subject. For this purpose, it takes as a starting point Lacan statement in his lectures at Saint-Anne on The psychoanalysts knowledge, that what characterizes the discourse of the capitalist is the foreclosure of castration. From this statement - represented in the matheme of the discourse of the capitalist by the disappearance of the disjunction between product and truth, and by the absence of a vector between the agent and the Other, which shows that this discourse does not promote social bond - it traverses some issues that reverberate on the subject, among which stands out: if the subject does not exist apart from the social bond, what sort of effects does he suffer by following a discourse - which appears to be dominant in contemporary society - in which castration is foreclosed and, therefore, also the social bond? Since the Verwerfung is what functions in the discourse of the capitalist, there is the hypothesis that schizophrenizing at the level of the discourse could spread what Helene Deutsch conventionally called as if (als ob). This phenomenon emerges as an imaginary supplementation used by the subject to reach stabilization in view of the effects of castration foreclosure in the discourse of the capitalist. This is a psychosis-inducing discourse that, unlike the four discourses introduced by Lacan at the seminar Psychoanalysis Upside-Down, promotes no social bonding. If the discourse is what promotes social bond and Freud in 1930, announced that the main reason why men suffer is due to the relationship with others, the malaise in civilization is the malaise of social bonds. Thus, the four discourses participate in the malaise of civilization. Unlike these, the discourse of the capitalist, in an attempt to eliminate the malaise, forecloses the social bond. As it promotes enjoyment rather than the renunciation of drive, the discourse of the capitalist eventually instigate it. And, as every drive is a death drive, the discourse of the capitalist produces nothing but the deadly thrust to enjoyment. The power the discourse of the capitalist acquired in contemporary society is analyzed from its close relationship with the discourse of science. From some statements of Hannah Arendt on the banality of evil present in a totalitarian system, such as the Nazi, there is the hypothesis that the alliance between the discourses of the capitalist, and science results in the emergence of a new form of totalitarianism: the totalitarianism of consumption.
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O discurso do capitalista e a cultura do mal-estar / The discourse of the capitalista and the culture of malaise

Flávio Corrêa Pinto Bastos 30 September 2010 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / A presente dissertação de mestrado pretende abordar as vicissitudes do discurso do capitalista sobre o sujeito. Para tanto, toma como ponto de partida a afirmação de Lacan, em suas palestras em Saint-Anne sobre O saber do psicanalista, de que o que caracteriza o discurso do capitalista é a foraclusão da castração. A partir dessa colocação representada no matema do discurso do capitalista pelo desaparecimento da disjunção entre produto e verdade, bem como pela ausência de um vetor entre agente e Outro, o que demonstra que esse discurso não promove laço social , percorre-se algumas questões que reverberam sobre o sujeito, dentre as quais se destaca: se o sujeito não existe fora do laço social, que sorte de efeitos a ele resulta por freqüentar um discurso que se apresenta como dominante na contemporaneidade em que a castração está foracluída e, portanto, também o liame social? Tendo em vista que a Verwerfung é o que opera no discurso do capitalista, lança-se a hipótese de que a esquizofrenização no nível do discurso resulte na propagação do que Helene Deutsch convencionou chamar de como se. Esse fenômeno surgiria como uma suplência imaginária a que recorreria o sujeito como estabilização face aos efeitos decorrentes da foraclusão da castração no discurso do capitalista. Trata-se de um discurso psicotizante que, ao contrário dos quatro discursos apresentados por Lacan no seminário O avesso da psicanálise, não promove laço social. Se discurso é o que faz laço social e Freud, em 1930, anunciara que a principal fonte de sofrimento de que padece o homem é a relação com os demais, o mal-estar na civilização é o mal-estar dos laços sociais. Logo, os quatro discursos participam do mal-estar na civilização. Ao contrário destes, o discurso do capitalista, na tentativa de eliminar o mal-estar, foraclui o laço social. Por promover o gozo ao invés da renúncia à pulsão, o discurso do capitalista acaba por instigá-la. E, como toda pulsão é pulsão de morte, não é outra coisa senão o empuxo mortífero ao gozo que o discurso do capitalismo produz. A potência que o discurso do capitalista adquiriu na contemporaneidade é analisada a partir de sua íntima relação com o discurso da ciência. A partir de algumas colocações de Hannah Arendt acerca da banalidade do mal presente em um sistema totalitário como o nazista, cogita-se a hipótese de que a aliança entre os discursos do capitalista e da ciência resulte no surgimento de uma nova forma de totalitarismo: o totalitarismo de consumo. / This dissertation aims to address the vicissitudes of the discourse of the capitalist on the subject. For this purpose, it takes as a starting point Lacan statement in his lectures at Saint-Anne on The psychoanalysts knowledge, that what characterizes the discourse of the capitalist is the foreclosure of castration. From this statement - represented in the matheme of the discourse of the capitalist by the disappearance of the disjunction between product and truth, and by the absence of a vector between the agent and the Other, which shows that this discourse does not promote social bond - it traverses some issues that reverberate on the subject, among which stands out: if the subject does not exist apart from the social bond, what sort of effects does he suffer by following a discourse - which appears to be dominant in contemporary society - in which castration is foreclosed and, therefore, also the social bond? Since the Verwerfung is what functions in the discourse of the capitalist, there is the hypothesis that schizophrenizing at the level of the discourse could spread what Helene Deutsch conventionally called as if (als ob). This phenomenon emerges as an imaginary supplementation used by the subject to reach stabilization in view of the effects of castration foreclosure in the discourse of the capitalist. This is a psychosis-inducing discourse that, unlike the four discourses introduced by Lacan at the seminar Psychoanalysis Upside-Down, promotes no social bonding. If the discourse is what promotes social bond and Freud in 1930, announced that the main reason why men suffer is due to the relationship with others, the malaise in civilization is the malaise of social bonds. Thus, the four discourses participate in the malaise of civilization. Unlike these, the discourse of the capitalist, in an attempt to eliminate the malaise, forecloses the social bond. As it promotes enjoyment rather than the renunciation of drive, the discourse of the capitalist eventually instigate it. And, as every drive is a death drive, the discourse of the capitalist produces nothing but the deadly thrust to enjoyment. The power the discourse of the capitalist acquired in contemporary society is analyzed from its close relationship with the discourse of science. From some statements of Hannah Arendt on the banality of evil present in a totalitarian system, such as the Nazi, there is the hypothesis that the alliance between the discourses of the capitalist, and science results in the emergence of a new form of totalitarianism: the totalitarianism of consumption.
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Instinto e civilização: a sociologia processual de Norbert Elias e seu encontro com a psicanálise freudiana / Instinct and civilization: Norbert Elias's procedural sociology and his encounter with Freudian psychoanalysis

Goiana, Francisco Daniel Iris January 2014 (has links)
GOIANA, Francisco Daniel Iris. Instinto e civilização: a sociologia processual de Norbert Elias e seu encontro com a psicanálise freudiana. 2014. 97f. – Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Sociologia, Fortaleza (CE), 2014. / Submitted by Gustavo Daher (gdaherufc@hotmail.com) on 2017-08-22T11:50:27Z No. of bitstreams: 1 2014_dis_fdigoiana.pdf: 756160 bytes, checksum: 4a634f503ffbedfef01ac2908278d389 (MD5) / Approved for entry into archive by Márcia Araújo (marcia_m_bezerra@yahoo.com.br) on 2017-08-23T11:50:11Z (GMT) No. of bitstreams: 1 2014_dis_fdigoiana.pdf: 756160 bytes, checksum: 4a634f503ffbedfef01ac2908278d389 (MD5) / Made available in DSpace on 2017-08-23T11:50:11Z (GMT). No. of bitstreams: 1 2014_dis_fdigoiana.pdf: 756160 bytes, checksum: 4a634f503ffbedfef01ac2908278d389 (MD5) Previous issue date: 2014 / This work make a reflective analysis on the work of the sociologist Norbert Elias, especially in its interpretation of the civilizing process occurred in Europe from the formation of European absolutist states, present in The Civilizing Process (1939). In the constitution of his Sociology, Elias brings an interdisciplinary proposal to sociologically analyze a historical object. For this analysis, the author makes use of freudian psychoanalysis. I tried to make this work, first an analysis sociobiographical Freud and Elias, addressing his intellectual formation, looking for a 'meeting point' of these two authors. Specifically, this site was the Frankfurt School, which had a very strong relationship between social theory and psychoanalysis, which influenced authors such as Herbert Marcuse and Theodor Adorno. In his life, Elias comes into contact with Freud's work during the period he was in the city (1929- 1933), when he was assistant Karl Mannheim. The initial period of Elias in Frankfurt coincides with the release of Civilization and its Discontents, the great work in which Freud, even starting from a clinical assumption makes a great analysis of the social. Elias falls into a tradition of authors who used psychoanalytic theory as support for the construction of both theories in the field of Sociology and Anthropology. So we did a genealogy of this interaction and realize that it occurs almost simultaneously with the emergence of sociology, anthropology and psychoanalysis, with Freud himself one of the authors to make this interaction in works such as Totem and Taboo and Civilization and its Discontents, among others. Based on these works and concepts formulated by Freud to the ideas of 'superego', 'instinctual repression', Elias constructs his theory of the 'civilizing process'. This process, Elias tells us that is mostly based on a repression of affects and emotions process, which in Freud's language is the 'repression of instincts' which leads to the formation of the superego, our moral censor. For Elias this 'repression' occurs in two stages: first through an external coercion, with the emergence of feelings such as shame that path leads to internalization of these prohibitions causing individuals to self-control their emotions, such a rationalization process. When formulated his idea of 'civilizing process', Elias also postulated that this process is not unilinear and is not totally safe thus resulting in the idea of 'descivilizing process' that occur in situations such as wars and genocides and Elias analyzed in its The Germans work. / Este trabalho faz uma análise reflexiva sobre a obra do sociólogo Norbert Elias, especialmente na sua interpretação sobre o processo civilizatório, ocorrido na Europa a partir da formação dos estados absolutistas europeus, presente em O processo civilizador (1939). Na constituição de sua Sociologia, Elias traz uma proposta interdisciplinar de analisar sociologicamente um objeto histórico. Para tal análise, o autor faz uso da psicanálise freudiana. Nesse trabalho busquei fazer, primeiramente uma análise sociobiográfica de Freud e Elias, tratando de sua formação intelectual, procurando um ‘ponto de encontro’ desses dois autores. Concretamente, esse local foi a Escola de Frankfurt, onde havia uma relação muito forte entre a teoria social e a psicanálise, que influenciou autores como Hebert Marcuse e Theodor Adorno. Em sua vida, Elias entra em contato com a obra freudiana no período que ficou na cidade (1929-1933), quando era assistente de Karl Mannheim. O período inicial de Elias em Frankfurt coincide com o lançamento de O mal-estar na civilização, a grande obra em que Freud, mesmo que partindo de um pressuposto clínico faz uma grande análise do social. Elias se enquadra em uma tradição de autores que usaram a teoria psicanalítica como apoio para a construção de teorias tanto da área da Sociologia como da Antropologia. Portanto, fizemos uma genealogia dessa interação e percebemos que ela ocorre quase que simultaneamente com o surgimento da Sociologia, da Antropologia e da Psicanálise, sendo o próprio Freud um dos autores a fazer essa interação em obras como Totem e Tabu e O Mal-estar na civilização, dentre outras. Baseado nessas obras e por conceitos formulados por Freud com as ideias de ‘supereu’, ‘repressão instintual’, Elias constrói sua teoria do ‘processo civilizador’. Esse processo, Elias nos diz que está baseado majoritariamente num processo de repressão dos afetos e das emoções, que na linguagem freudiana é a ‘repressão dos instintos’ que leva a formação do supereu, nosso censor moral. Para Elias essa ‘repressão’ ocorre em dois momentos: primeiro por meio de uma coerção externa, com o surgimento de sentimentos como a vergonha esse caminho leva à internalização dessas proibições levando os indivíduos ao autocontrole de suas emoções, num processo de racionalização dessas. Quando formulou sua ideia de ‘processo civilizador’, Elias postulou também que esse processo não é unilinear e que não está totalmente a salvo surgindo assim a ideia de ‘processo descivilizador’ que ocorrem em situações como guerras e genocídios e que Elias analisou na sua obra Os alemães.

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