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Mudar ou partir : o impacto da era de demissões da imprensa sobre jornalistasPithan, Liana Haygert January 2018 (has links)
A era do downsizing (CALDAS, 2000) se alastra sobre o jornalismo brasileiro. De forma cíclica e ininterrupta desde 2012, jornalistas são expulsos dos empregos e do mercado de trabalho na área – seja em reduções cirúrgicas de gastos ou em demissões coletivas, conhecidas no jargão de classe como “passaralhos”. O grande êxodo das redações, fenômeno que atinge todo o mundo (REINARDY, 2016) e levou à demissão milhares de profissionais da imprensa no país, é uma das evidências de um setor que tenta se adaptar às transformações do cenário instável da era informacional (CASTELLS, 2011), com alterações profundas na produção e no consumo de notícias. Falências, fusões e enxugamento organizacional se incorporam à rotina da imprensa e mudam as vidas tanto dos que são demitidos quanto dos que continuam em atuação, com insegura e sobrecarga de trabalho. As escolhas da imprensa são mudar ou morrer (TANDOC, 2014), em um processo cada vez mais evidente, para os trabalhadores, de destruição e reconstrução de saberes, práticas e valores de ofício. Apesar de o jornalismo estar em uma espiral da morte (MCCHESNEY, 2016) e seu fenômeno lembrar o desmonte do trabalho bancário (OLTRAMARI, 2010), é irrisória a produção acadêmica brasileira sobre a situação desse contingente ocupacional expulso de sua atividade. Em busca do entendimento dessas mudanças, esta dissertação investiga como a era do downsizing impacta a percepção dos jornalistas em relação a sua profissão, a seu trabalho e a seus planos de continuar na atividade. Para tanto, este estudo qualitativo básico, de natureza exploratória e interpretativa, realizou investigação empírica por meio de três grupos focais (MORGAN, 1996, 1997) na cidade de Porto Alegre. Selecionados por meio da técnica de snowball, foram ouvidos 18 jornalistas que foram vítimas ou sobreviventes da demissão coletiva. Em atenção à necessidade de conciliar informações multiníveis ao estudar ocupações e estruturas de trabalho em conflito (ABBOTT, 1993), são abordados os níveis macrocontextual, do sistema produtivo e do mundo do trabalho na pós-modernidade (FARIA, 2003, 2009; HARVEY, 1998); mesocontextual, da indústria e da profissão jornalística (FONSECA, 2005; MARCONDES FILHO, 2000; NEVEU, 2006; SCHUDSON, 1978; WAISBORD, 2013), e microcontextual, a respeito dos efeito do downsizing sobre os indivíduos (GREENHALGH; ROSENBLATT, 2010; NOER, 2009). Em consonância com a literatura adotada e a análise de conteúdo dos grupos focais (BARDIN, 2011), identificou-se que a vivência do downsizing provoca nos jornalistas a percepção de que as relações de trabalho foram intensificadamente precarizadas; há uma desesperança em relação às organizações empregadoras; tem-se a sensação de destruição e reconstrução de valores e práticas do ofício; e o exercício laboral causa exaustão e insatisfação. O downsizing é percebido como expressão de um declínio organizacional irreversível, no qual a demissão parece ser irremediável. As condições no presente levam os trabalhadores a projetarem o futuro em duas direções: a desistência, a partir da evasão da profissão; e a resistência, por meio da retomada de valores basilares, com a reafirmação da função social e da credibilidade; ou pela adaptação ao mercado em mutação, adquirindo novas qualificações e reinventando como fazer e “vender” o trabalho. / The era of downsizing (CALDAS, 2000) is spreading over Brazilian journalism. Cyclically and uninterrupted since 2012, journalists are expelled from jobs and from their professional area - whether in surgical spending cuts or collective layoffs, known in the class jargon as "passaralho." The great exodus of newsrooms is a worldwide phenomenon (REINARDY, 2016) and it has forced thousands of media professionals to resign, as the industry tries to adapt to the transformations of the unstable scenario of the information age (CASTELLS, 2011) when the changes in news production and consumption are profound. Bankruptcies, mergers and organizational downsizing are commonplace into the press routine and change the lives of both those who are fired and those who continue to work with insecure and overworked conditions. The choices of the press are to change or die (TANDOC, 2014), in an increasingly evident process for the workers of destruction and reconstruction of knowledge, practices and values of office. Although journalism is in a spiral of death (MCCHESNEY, 2016) and its phenomenon reminds the dismantling of banking work (OLTRAMARI, 2010), the is no relevant Brazilian academic production about the journalists who are expelled from their jobs and profession. In order to understand these changes, this dissertation investigates how the era of downsizing impacts the perception of journalists in relation to their profession, their work and their plans to continue in the activity. For this purpose, this basic qualitative study, of an exploratory and interpretative nature, carried out empirical research through three focus groups (MORGAN, 1996, 1997) in Porto Alegre city. Selected by snowball technique, were heard 18 journalists victims or survivors of layoff. It was analyzed the macro-contextual, productive and labor-based levels of postmodernity (FARIA, 2003, 2009, HARVEY, 1998); (1998), and in the literature on the effects of downsizing on individuals (GREENHALGH and ROSENBLATT, 2010; NOER, 2009). Interpreted from the content analysis (BARDIN, 2011), the results showed that the layoff experience made journalists perceive intensely precarious working relationships, and they feel hopeless that the employers' organizations succeed. They also feel there are destruction and reconstruction of values and practices of the craft, and the workload causes exhaustion and dissatisfaction. Downsizing is seen as proof of an irreversible organizational decline, in which being dismissed will be inevitable one day. The present leads the workers to project the future in two directions: leaving journalism; or resist, either through the recovery of basic values, such as social function and credibility; either by adapting to the changing market, acquiring new skills and reinventing how to do and "sell" the work.
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Social Construction, Control, and News Work: A Study of Newsworkers as Agents of Civic Function and Resistance in the Changing Media WorldSchulte, William J. 11 September 2012 (has links)
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