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Entre rupturas e continuidades : um estudo sobre o processo de re-significação do emprego bancário em um banco público federalMartins, Fernando Ramalho 17 December 2010 (has links)
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Previous issue date: 2010-12-17 / The object of this study is the perceptions and meanings attributed to the public bank employment by employees of a federal bank. The 1990s were a decade of dramatic changes, marked by fusions, acquisitions and privatizations of public banks, intensification of work through expressive extinctions of formal jobs, precariousness of work relations, outsourcing and wage patterns deterioration and, at the same time, profits recovering at the end of the period. Thus, this study aimed to investigate and analyze how the employees of the target bank perceive bank work after the changes produced by the 1990s restructuring process. The first step was to analyze the productive restructuring process on the sector and its implications on work and workers. The second step was to try to characterize the major facts and changes occurred in the bank during the 1990s and early 2000s, via analysis of documents available at Centro de Documentação do Sindicato dos Bancários de São Paulo (documentation department of to the bank workers union in São Paulo). Finally, semistructured interviews were carried out with two groups of workers; group one consisted of ten clerks, staff hired up to 1989, who went through the sector restructuring; group two consisted of ten bank technicians, representing the new generation of bank workers, hired after the 1998 recruitment process. We started from the hypothesis that the mode how the public bank work is perceived by bank workers was negatively affected by changes occurred in the sector in the 1990s, which impacted on the employees mode of being and acting. As a second hypothesis, we believe that such re-signification can only be understood in the light of a process of significant ideological and institutional changes inherent to the flexible capitalism. We found that, for the new generation of bank workers, the perception originated from a synchronic comparison, where the job appears as an alternative to temporary, unstable or flexible work experiences, seems to shape the perception originated from a diachronic analysis, which evinces the historical losses of bank work. Increasing individualism, bradescalização of relations, creation of castes, hierarchical seduction in a context of limited possibilities of career ascension and basic rate of pay deterioration, and reduction of trade union involvement were elements explored by the analysis, which revealed that, considering what remained and what has changed, the stability issue seems to be the central element in the perception and meaning attributed do work, for both groups of workers. Thus, a process involving disruptions and continuities characterizes the re-signification of public bank employment. The disruptions, insofar as the meaning of work is no longer supported by the combination stability-status-wage and through the attenuation of the sense of belonging to a professional category. The continuities, insofar as the stability associated to employment keeps and increases its importance against the current configuration of the world of work, as well by the return and intensification of a trend already present in the pre-restructuring, represented by the idea of temporariness of bank employment. / O presente estudo tem como objeto as percepções e significados atribuídos ao emprego bancário público por trabalhadores de um banco federal. Tendo a década de 1990 sido um período de intensas transformações, marcado por fusões, aquisições e privatizações de bancos públicos; intensificação do trabalho por meio da expressiva extinção de postos formais, precarização das relações de trabalho, terceirizações e deterioração do padrão de assalariamento; e ao mesmo tempo de recuperação dos lucros ao final do período, esta pesquisa teve como objetivo investigar e analisar como os trabalhadores do banco estudado percebem o trabalho bancário após as mudanças decorrentes do processo de reestruturação da década de 1990. O primeiro movimento da investigação foi analisar o impacto desse processo para o setor e para os trabalhadores. Num segundo momento, via análise de documentos disponíveis no Centro de Documentação do Sindicato dos Bancários de São Paulo, buscamos caracterizar os principais fatos e mudanças ocorridos no banco pesquisado durante a década de 1990 e início dos anos 2000. Por fim, realizamos entrevistas semiestruturadas com dois grupos de trabalhadores: o primeiro formado por dez Escriturários, empregados contratados até 1989 que vivenciaram a reestruturação do setor; e o segundo por dez Técnicos Bancários, representantes da nova geração de bancários, cuja contratação se deu após o concurso de 1998. Partimos da hipótese de que as transformações ocorridas no setor na década de 1990 afetaram negativamente o modo como o emprego bancário público é percebido pelos bancários, impactando nos modos de ser e agir do trabalhador. Como segunda hipótese, acreditamos que tal re-significação só pode ser compreendida à luz de um processo de significativas mudanças ideológico-institucionais inerentes ao capitalismo flexível. Assim, constatamos que para a nova geração de bancários a percepção oriunda de uma comparação sincrônica, na qual o emprego aparece como uma alternativa diante de experiências de trabalho temporário, instável ou flexível, parece amoldar a percepção advinda de uma análise diacrônica, que evidencia as perdas históricas do emprego bancário. O crescimento do individualismo, a bradescalização das relações, a criação de castas , a sedução hierárquica em um contexto de limitadas possibilidades de ascensão profissional e de deterioração da remuneração salarial de base, e a diminuição do envolvimento sindical foram elementos explorados pela análise, a qual revelou que, frente ao que permaneceu e ao que se alterou, a questão da estabilidade figura para ambos os grupos de trabalhadores como elemento central na percepção e significado atribuído ao trabalho. A re-significação do emprego bancário público se caracteriza, assim, como um processo que envolve rupturas e continuidades. As rupturas se revelam na medida em que o significado do trabalho já não mais se sustenta no tripé estabilidade-status-salário e pela atenuação do sentido de pertencimento a uma categoria. As continuidades se expressam na medida em que a estabilidade associada ao emprego mantém e amplia sua importância frente à atual configuração do mundo do trabalho, bem como pela reedição e intensificação de uma tendência já presente no pré-reestruturação representada pela ideia de provisoriedade do emprego bancário.
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